segunda-feira, 28 de abril de 2008

Encontros, desencontros e reencontros...

No último sábado vivi uma grande alegria ao reencontrar pessoas muito queridas, numa reunião promovida dentro da própria escola onde passamos nossos primeiros anos de convívio social. Alguns não se viam há 34 anos, porque a vida é assim mesmo, se encarrega de juntar pessoas, de separá-las e de fazer com que um dia possam se reencontrar.

A emoção de pisar novamente na escola e reviver bons tempos foi indescritível. Que delícia trazer à tona uma fase da minha vida em que meus pequenos problemas logo eram resolvidos ao retornar pra casa e encontrar meus pais, que a vida também tratou de separar de mim... Ouvir histórias daquela época, relembrar momentos tão felizes, enfim, tudo me deu a nítida impressão de nunca ter saído de lá, nem deixado de conviver com aquelas pessoas.

Sem dúvida essas décadas se encarregaram de mudar bastante as aparências físicas de alguns, o que se tornou insignificante ao reencontrar nos olhos e sorrisos de cada um aquelas mesmas crianças que estiveram unidas por tanto tempo. Puxa, crescemos juntos... Chegamos bem pertinho da vida adulta nos encontrando todos os dias, durante anos. De repente, tudo estava ali novamente: as primeiras conquistas, a primeira dança, o primeiro beijo...

Na trajetória até aqui todos vivemos muitas alegrias e tragédias pessoais não partilhadas com quem nos acompanhou da infância à adolescência. Cada um tomou seu rumo, encontrou novos amigos, adquiriu novos interesses. Mas teremos pela vida afora as mesmas lembranças felizes, que jamais serão apagadas e estarão eternamente guardadas num cantinho muito especial dos nossos corações.

Que bom ter estado com vocês, Luzia, Mariangela, Ideli, Braghetto, Douglas, Miquelin, Queijo, Jean, Marcos, Beto, Ciconello, Carlos Fini, Damélio, Adelaide, Adélia, Silvio, Sara Romão e professora Marlene... Espero revê-los em breve.

E que maravilha é ter reencontrado há alguns meses e poder continuar caminhando ao lado de amigas com quem posso falar sobre tudo e sobre nada, rir de doer a barriga, chorar de ficar desidratada e saber que são pessoas com as quais realmente posso contar nesse mundão: Cilmara, Joana, Vera, Miriam, Sara e Cibele, irmãs que a vida trouxe pra mim.

Tenho certeza de que eu era feliz e sabia disso... E que maravilha é reviver essa felicidade, principalmente agora que sei mais de mim, das pessoas e da vida.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Confiança

"A confiança é um ato de fé e esta dispensa raciocínio." (Carlos Drummond de Andrade)

Às vezes me sinto muito mal por confiar demais nas pessoas, acreditar que por trás de atitudes duvidosas sempre há uma boa justificativa. Quando surge a decepção, tento procurar a lógica da situação, entender o porquê de me deixar levar "no bico" com tanta freqüência. Mas a citação de Drummond é perfeita, afinal, confiar é mesmo um ato de fé, de não se contaminar pelas más intenções alheias. Não há como ser racional em relação a isso, porque essa é uma questão de sentimentos.

Sou o tipo de pessoa que costuma falar o que sente e pensa. Nem sempre agir assim é fácil. Há horas em que eu preferiria ficar calada, apenas para ter a certeza de quanto o outro é confiável ou não. Infelizmente por sempre abrir o jogo nas relações que eu prezo, em muitos momentos me decepcionei e deixei de confiar. Há pessoas que são estratégicas e esperam o tempo certo para que o outro se enforque com a própria corda, demonstrando absoluta incoerência entre palavras e ações. Eu não tenho esta paciência, pois valorizo o tempo que disponibilizo para uma pessoa. Prefiro sempre optar pelo caminho de ser confiável com aqueles que me relaciono e que não gostaria de perder por qualquer deslize da minha parte.

Jogo duplo, para mim, é imperdoável. Por isso não consigo entender o fato de alguém, por exemplo, não gostar de uma pessoa e conseguir comparecer ao aniversário da mesma. Aniversário não é obrigação, é celebração, homenagem a alguém querido. Nunca utilizaria como desculpa um fator externo para esconder, apagar, mascarar um desejo pessoal. Os outros não têm nada a ver com meus instintos pessoais. Como o tal de senso de preservação das pessoas já foi por água abaixo, que pelo menos sejam honestas com quem lhes confiou a palavra. Isso eu serei sempre. É a síntese do que eu considero honestidade. Desejos pessoais às vezes esbarram na liberdade alheia. É quando a honestidade fala mais alto. E o pior tipo de desonestidade é o jogo duplo, a falsidade em estado bruto.

Portanto, vergonha não é confiar, é ser falso. É bater nas costas de uma pessoa que você não gosta. Aliás, sempre desconfie de recados que chegam mais entusiasmados do que o normal, do tipo “AMIGOOOOOOOOO” ou “SAUDADEEEEEE”. Saudade se mata, desde que se esteja perto. Sempre se dá um jeito de matar a saudade, seja se encontrando, seja escrevendo, se interessando pelo outro de verdade. Amigos não se tratam o tempo todo por “AMIGOOOOOOOOO”. Amigos se tratam com naturalidade, numa confiança mútua conquistada ao longo do tempo e com provas de risco que pudessem ter comprometido esta amizade, mas foram atravessadas apesar de qualquer fator externo que possa ter surgido.

Eu não agüento mais o muro. É por isso que ando adotando essa prática de falar tudo o que eu penso a respeito de todo mundo. Só me chateia a sensação de decepção. É violenta. Porém, é um incentivo para seguir em frente e me fortalecer de novo. E não adianta, quem pisou na bola, só me provando o contrário vai ter de volta o meu abraço. Um pedido de desculpas não me basta mais. É necessária a ação. Enquanto isso, eu contrario quem diz: “Eu é que não digo mais nada”. É o que eu tinha vontade de fazer, mas se alguém se cala, como que a gente fica? Eu não me calo, eu falo e não tolero.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Certo ou errado?

Quando comecei minha terapia há alguns anos atrás por causa de uma depressão severa, logo de cara entendi algo que passou a ser uma nova maneira de pensar para mim e procuro aplicar no meu dia-a-dia. Tentando demonstrar minha boa vontade e disposição em absorver o máximo que o tratamento poderia me proporcionar, fui logo dizendo à psicóloga: "Não posso continuar assim, tenho que melhorar". Fui imediatamente interrompida: "Você tem ou quer?".

A diferença entre "ter que" alguma coisa e querer algo é gigantesca. No caso do meu tratamento, "ter que melhorar" significava fazer isso por obrigação, porque o "certo" seria não estar deprimida, era o que todos esperavam de mim. Mas querer melhorar significava fazer isso por mim mesma. Vi que até aquele momento eu estava apontando o dedo na minha própria direção, me cobrando um comportamento que estaria dentro do que se convencionou ser o mais certo.

Aprendi com isso que ninguém "tem que" coisa nenhuma. Afinal, quando se diz que alguém tem que fazer algo, é porque acreditamos estar indicando o caminho que consideramos o correto. Mas afinal, o que é certo e o que é errado? Parece óbvio e aceitável que aquilo que é certo para mim pode não ser para os outros. O que acredito ser o bem e a verdade, para outra pessoa pode significar exatamente o contrário, a negação de tudo, a antítese.

Insistir em estabelecer um conceito como absoluto é ser maniqueísta. O maniqueísmo é uma forma de pensar simplista em que o mundo é visto como que dividido em dois: o do bem e o do mal. A simplificação é uma forma primária do pensamento que reduz os fenômenos humanos a uma relação de causa e efeito, certo e errado, isso ou aquilo, é ou não é. A simplificação é entendida como forma deficiente de pensar, nasce da intolerância ou desconhecimento em relação a verdade do outro e da pressa de entender e reagir ao que lhe apresenta como complexo.

Conceitos de certo e errado são relativos e bem individuais. Numa aula de filosofia, por exemplo, o professor me surpreendeu com a pergunta: "Você mataria uma pessoa?". Ao que imediatamente respondi: "Claro que não!". Ele quis saber porquê e esclareci que isso não era certo. "Por que não é certo?", questionou o professor. Respondi o óbvio: "Oras, porque isso é um crime". A partir daí ele nos fez pensar que o assassinato, por exemplo, é considerado um crime porque assim determina a lei. E a lei foi formulada por alguém que considerou que essa é a verdade, determinando, portanto, o comportamento "certo". Leis, em geral, são formuladas com base em interesses específicos, que ditam formas de agir de acordo com as conveniências de quem as criou. Sem dúvida viver sem elas seria impossível, uma anarquia social insuportável. Tudo isto nos leva a considerar que há dois níveis de certo e errado e de bem e de mal: o nível dos costumes e das leis, ou seja o nível das convenções; e o nível da ética. Por isso acredito que a melhor resposta que eu poderia ter dado ao professor naquele dia é a mais simples e verdadeira para mim: não mataria outra pessoa porque reconheço que a vida dela é importante, tal como a minha.

Enfim, acho que acima de convenções e da moralidade, o limite entre o certo e do errado está no bom senso, em procurar dizer ou fazer coisas que mesmo absurdas aos olhos alheios nos satisfaçam plenamente, mas que, ao mesmo tempo, não causem prejuízo a ninguém.

sábado, 19 de abril de 2008

Barbárie contemporânea

Qualquer pessoa minimamente sensível ficou chocada com o caso de Isabella Nardoni, não há dúvida de que a brutalidade do crime tocou até mesmo os corações mais endurecidos.

Mas além do fato em si, o que me deixa absurdamente perplexa é o comportamento da população diante dos acontecimentos. É com indignação que venho acompanhando o movimento da massa acéfala, dia após dia. É por isso que preciso voltar a esse assunto.

O que levou mais de 300 pessoas, num dia útil, a passar dia e noite em frente à delegacia onde os suspeitos foram interrogados? Entre essas pessoas, segundo a Folha de São Paulo, estava, por exemplo, um morador de Cuiabá, que dirigiu 12 horas seguidas apenas para se juntar à massa, que organizava-se em coro: "Pega lá, pega lá, pega lá... o casal pra nóis linchá (sic)". Pedras foram arremessadas, um bolo de aniversário surgiu no meio da confusão para que ridiculamente fosse entoado um "Parabéns a Você" em homenagem ao aniversário da menina que teria acontecido ontem, planos de vingança foram cuidadosamente elaborados: "Eu mesma quero asfixiá-lo e depois pisar no pescoço dele quando estiver caído", dizia uma mulher de 43 anos. "Sai da frente porque eu quero cuspir na cara desse homem", gritou uma adolescente, tentando ultrapassar a barreira policial.

Isso tudo dirigido a um casal que ainda nem foi julgado e respingando cruelmente sobre as famílias de ambos. Mesmo que todos os indícios apontem para a culpa dos supeitos, nos cabe apenas aguardar os resultados da investigação e esperar que a justiça seja feita de acordo com os trâmites legais.

Essa barbárie contemporânea me remeteu ao século XIII, aos sangrentos tempos da inquisição, onde a execução em praça pública era um espetáculo disputado e apreciado pela turba enfurecida. Imaginava que este havia sido o período mais obscuro da humanidade, o auge da hipocrisia em nome da justiça e da religião.

Parei ainda para refletir sobre o que aconteceria a Jesus Cristo nos tempos atuais. O flagelo sofrido por ele e a crucificação nem chegariam a acontecer, já que certamente o povo se encarregaria da imolação por conta própria e com satisfação.

Infelizmente os efeitos dessa cultura de massa já pode ser visto ao redor do globo. A total falta de respeito pelo próximo, além da ausência de visão analítica e crítica torna as pessoas cada vez mais suscetíveis às armadilhas da mídia.

A grande pergunta que fica é se existe uma forma de reverter esse quadro pessimista e alarmante. Acho que a resposta está no próprio mecanismo que leva a esse comportamento deplorável. A mídia bem que poderia começar a trilhar o caminho inverso, reeducando as massas, resgatando valores já esquecidos e criando uma consciência coletiva de respeito e justiça.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Hora de parar...

Nos últimos dias ficaram em evidência os dramas de atletas ricos e famosos, como a nova contusão de Ronaldo, o desespero de Guga com seu quadril e a decadência de Romário, que finalmente optou por se aposentar. Isso nos faz pensar até que ponto vale a pena tanto sacrifício, até quando uma celebridade desportiva mundial que já ganhou muito dinheiro e pode dispensar esse esforço permanente e exigente do esporte deve continuar em ação.

Bjorn Borg, por exemplo, parou com 26 anos. Era jovem, famoso, um dos homens mais ricos da Suécia. Voltou depois de mais de cinco anos e foi um fracasso. É a prova inequívoca de que em alguns casos, quando a coisa vai bem, continuar pode não ser a melhor opção.

Bill Gates anunciou que quer se afastar da Microsoft neste ano, o que surpreendeu o mundo dos negócios. Afinal, por que um empresário jovem, cheio de vida, dono de uma enorme capacidade de ganhar rios de dinheiro e de um formidável histórico de sucesso deixaria nas mãos de outros um império que criou com tanto êxito? Oficialmente a explicação é que Gates quer se dedicar à filantropia. O motivo real, porém, está diretamente ligado ao destino da Microsoft como líder de mercado em seu segmento e revela uma sabedoria rara. Ao deixar sua empresa, Gates quer evitar uma das ameaças mais letais ao sucesso de um negócio: a estagnação, provocada por um líder que já não consegue acompanhar de maneira adeqüada o rítmo das mudanças do mercado. Mas nós, simples mortais anônimos, também nos deparamos com situações em que parar é a melhor saída. Nas minhas aulas de arte, por exemplo, aprendi e constatei que determinadas obras necessitam de elementos limitados para expressar com fidelidade a proposta do artista. Na decoração é comum perceber isso. "Empetecar" certos ambientes pode criar uma estética horrível e desconfortável, onde o minimalismo, muitas vezes, torna-se bem mais interessante. É a velha história do "menos é mais". Em relacionamentos isso não é diferente. Há situações em que duas pessoas precisam estar atentas, a fim de não permitir que a total falta de compatibilidade se transforme em animosidade no futuro. Melhor parar enquanto ainda podem se tornar amigos ou, no mínimo, estabelecer entre si uma relação civilizada e respeitosa.

Aprendi com algumas experiências que excessos podem entornar o caldo... Sempre é melhor parar enquanto há tempo de se evitar fracassos, que acabam por resultar em conseqüências frustrantes e desastrosas até.

domingo, 13 de abril de 2008

Hora de mudar...

Não que eu seja fã do Lulu Santos, mas acho que jamais alguém expressou melhor que ele a importância de reconhecer que a vida é cíclica e exige mudanças. Veja se não tenho razão: Como uma onda (Lulu Santos / Nélson Motta) Nada do que foi será De novo do jeito que já foi um dia Tudo passa, tudo sempre passará A vida vem em ondas, como um mar Num indo e vindo infinito Tudo que se vê não é Igual ao que a gente viu a um segundo Tudo muda o tempo todo no mundo

Não adianta fugir Nem mentir pra si mesmo agora Há tanta vida lá fora Aqui dentro sempre Como uma onda no mar

Provavelmente não há nada mais difícil para uma pessoa do que mudar. Tanta gente está insatisfeita com uma ou outra coisa na sua vida, mas poucas chegam a atingir esse objetivo. Isso acontece porque a mudança exige disposição de enfrentar o desconhecido, é de assustar mesmo. É sempre mais fácil se apegar ao que nos é familiar e oferece segurança.

Mudanças também exigem a adoção de novos comportamentos, bem incômodos no início. Infelizmente o ser humano está acomodado, intolerante e desrespeitoso. É inadimissível, em pleno século 21, a gente ter que discutir pontos como igualdade racial, orientação sexual e religiosa, nacionalidade, profissão... Ou seja, entre tantas questões maiores, é absurdo perder tempo com o óbvio: que somos iguais, apesar de nossas singularidades, que nos tornam interessantes, especiais e únicos.

Mudar nunca é fácil, mas em geral é desafiante, estimulante e, claro, muito gratificante. Acho que o primeiro passo para se concretizar a mudança é olhar bem de frente para a realidade e perceber o que não está lhe fazendo bem. Daí pra frente é se mexer e se livrar de vez do que não serve mais.

Uma coisa que costumo fazer com freqüência é reclamar quando um produto ou serviço não está de acordo com o que foi oferecido. Parece uma atitude antipática, mas exigir respeito como consumidora é um direito do qual não abro mão. Essa forma de agir é, na minha opinião, a única maneira de mudar o comportamento de quem se propõe a comercializar qualquer coisa.

Um outro exemplo que pressupõe a necessidade de mudança é a perda de alguém, seja pela morte ou pelos desencontros da vida. Essa é uma experiência triste, traumática até, que coloca na boca da gente o gosto amargo da derrota. Mas sejamos bem práticos e realistas: ficar se lamentando eternamente contribui em quê para vida de quem perdeu alguém? Nesse caso, só há duas alternativas: ou a pessoa apenas chora e se lamenta, deixando as coisas terríveis como estão, ou segue em frente, buscando novos caminhos e escrevendo uma nova história para a própria vida.

A mudança sempre leva a uma definição muito positiva de nós mesmos, aumenta nossa auto-estima e nos coloca no controle da nossa vida, o que jamais deve ser atribuído a ninguém. Cada um é o único e exclusivo responsável pela própria felicidade.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Meus anos 80...

Hoje, ao fazer um comentário no blog "Meu mundo" (http://giselesampaiofreitasoliveira.blogspot.com/) da minha querida amiga e sobrinha do coração Gisele, me bateu uma certa nostalgia. Lá ela fala sobre saudade... Aparentemente isso significa tristeza, melancolia por algo que já não existe mais. Mas acho que sentir saudade é bom, significa que vivemos momentos inesquecíveis, coisas marcantes, que se eternizaram na nossa história. Parei pra pensar sobre que fatos me fazem sentir mais saudade. Puxa, tanta coisa! Da infância divertida e bem vivida, dos meus pais, amigos que nunca mais revi, enfim, é uma longa história, recheada de muitas lembranças gostosas. Mas entre tantas, acho que as que mais marcaram a minha vida foram coisas que aconteceram na passagem da minha adolescência para a vida adulta. Basta ouvir uma música da época e pronto, imediatamente me transporto para os anos 80, uma década repleta de acontecimentos que mudaram o Brasil e o mundo. Encontrei no YouTube um vídeo que resume perfeitamente os fatos: Retrospetiva dos anos 80 (http://www.youtube.com/watch?v=r54oRZBjwtE&feature=related) Só que com minha pouca habilidade não consegui postar aqui pra mostrar (ainda chego lá!). É um apanhado geral bem bacana de uma porção de coisas importantes que aconteceram nesse período, entre elas a queda do muro de Berlim, o fim da ditadura, o movimento para as eleições diretas, a disseminação da AIDS, o lançamento do Rock in Rio, as mortes de John Lennon, Elis Regina e Tancredo Neves, entre outras personalidades. Isso sem falar sobre a qualidade das produções musicais da época, indiscultivelmente excelente. Ao rever essas imagens viajei pelo tempo e revivi um momento delicioso junto de um cartunista espetacular, Henfil, que nos deixou no comecinho de 1988. Guardo com carinho não apenas as lembranças desse encontro, como também uma boa parte da sua obra, entre elas um livro que adoro, o "Diário de um Cucaracha", que conta sua trajetória durante o período em que viveu em Nova York. Quando esse livro foi lançado, em 1976, criou-se uma polêmica "kafkiana"... Por retratar as agruras de um latino-americano na terra do Tio Sam, onde nós, queridos leitores, somos tratados como "cucarachas", ou seja, baratas, a capa do livro exibe uma barata enorme, que na época provocou náuseas em muita gente. A fim de contentar a gregos e troianos, a editora logo tratou de providenciar uma tiragem especial, sem a barata. Eu, como fã de Franz Kafka que sou, preferi meu exemplar com a barata, é claro. E o melhor: com um autógrafo especial do Henfil, que guardo com muito carinho. Mas falar dos anos 80 numa simples postagem é muito pouco, vou ter que retornar a esse tema. Quem viveu esses anos sabe bem do que estou falando. Enfim, sentir saudade é isso... Reviver momentos deliciosos que não deixam simplesmente de existir, apenas ficam guardados no coração da gente pra sempre.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Lealdade e fidelidade são a mesma coisa?

Acho que não. Penso que lealdade é um sentimento maior, individual, independente do outro. Um sentimento meu, pra mim, por mim. Fidelidade é coisa externa, de mim para o outro. Alguém pode ser infiel, mas leal, assim como também pode ser completamente desleal, sem nunca ter sido infiel.

Qualquer relacionamento, seja amoroso ou de amizade, existe com base em pactos de confiança. Romper esse pacto, inevitalmente resulta em traição. Uma pessoa comprometida com outra, quando se envolve com uma terceira, por exemplo, está sendo infiel. Comete uma traição sexual, mas não necessariamente é desleal, já que tem a possibilidade de colocar as cartas na mesa e levar adiante o relacionamento, dependendo do acordo que se obtenha entre ambos. Pode, inclusive, nem tomar atitude alguma, mas continuará sendo leal se houver respeito, se as bases do relacionamento são mantidas dentro do compromisso assumido.

Por outro lado, um parceiro que jamais se envolveu com uma terceira pessoa, mas mente sobre diversas coisas e esconde outras tantas (tipo conta bancária, por exemplo), é desleal e comete uma traição moral. Essa sim é triste e muitas vezes imperdoável, na minha opinião. Porque entre pessoas que se querem bem, sejam parceiros amorosos ou amigos simplesmente, é fundamental haver companheirismo e honestidade.

Um bom exemplo da diferença que há entre lealdade e fidelidade se encontra na lenda celta "Tristão e Isolda", onde o amor de um rapaz por uma moça supera o sentimento de gratidão e devoção de ambos para com o pai adotivo dele que é esposo dela.

Fidelidade, lealdade... O importante, acima de tudo, é que prevaleçam sempre a verdade e o respeito.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Vale a pena investir em relações virtuais?

Resistir à virtualidade, hoje é em dia, é praticamente impossível. Afinal a Internet está presente em praticamente tudo que se faz, sejam operações financeiras, atividades profissionais ou simples compras. Como conseqüência, as relações virtuais também são um fato que ninguém mais pode negar. Algumas acontecem casualmente, outras são resultado de uma busca intencional, enfim, de alguma forma elas acontecem e, como tudo na vida, têm pontos positivos e negativos.

No Orkut, por exemplo, reencontrei vários amigos de infância e familiares distantes, com os quais passei a me relacionar novamente na vida real. Estabeleci importantes contatos de trabalho, conheci muita gente interessante e outras nem tanto, enfim, esse movimento paralelo trouxe para a minha realidade uma nova dinâmica e criei também outras perspectivas.

Virtualmente a gente tem a possibilidade de revelar coisas sem medo de julgamentos e se expõe na medida que escolhe, conseguindo muitas vezes aumentar nossa auto-estima com isso. Diante da diversidade disponível, descobrimos novos interesses e saímos da rotina, fazendo despertar até mesmo emoções que estavam adormecidas. Podemos ir além, resgatando a paz perdida por feridas que atrapalham a nossa vida, já que nos sentimos mais seguros para falar sobre nossos problemas e renovar, dessa forma, nossas expectativas.

Infelizmente há também o lado ruim. Algumas vezes já me deparei com pessoas que se revelaram vulgares, agressivas e sem caráter, o que fatalmente acontece também na vida real. Outras vezes percebi que a virtualidade pode causar uma dependência e ocupar o espaço da realidade, o que sem dúvida é completamente indesejável. Além disso tudo há ainda a possibilidade de se decepcionar ao descobrir mentiras e se envolver com pessoas que na verdade estão apenas representando personagens que jamais existiram.

Enfim, de qualquer maneira acho que vale muito a pena investir em relações virtuais, desde que a gente consiga estabelecer o equilíbrio necessário para a continuidade da nossa vida real sem prejuízo nenhum. Acredito que seja perfeitamente possível estabelecer contatos saudáveis, levar em frente amizades que se tornam reais com o tempo (como diversas que já fiz) e sentir muito prazer e alegria na companhia de pessoas agradáveis, não permitindo, apenas, que nada disso substitua a realidade. É importante observar que problemas reais não desaparecem pelo simples fato de se refugiar na virtualidade. E que para viver momentos de fato positivos e gostosos virtualmente, basta atribuir o tempo e espaço adequados para isso, sem ansiedade e sem perder o contato com a realidade.

domingo, 6 de abril de 2008

Abusos na informação e na opinião

Já há um bom tempo tenho ficado perplexa diante da conduta de certos colegas jornalistas e, de quebra, com a avidez da massa por tragédias. Especialmente agora, com a chocante morte da menina Isabella Oliveira Nardoni, nos deparamos mais uma vez com a absoluta falta de ética dos profissionais da notícia e dos veículos de comunicação. Parece que o compromisso fundamental do jornalista em estabelecer imparcialmente a verdade dos fatos está completamente esquecido.

A corrida pelo "furo" tem levado os veículos de comunicação a atropelar o senso de moral e de justiça, submetendo sem dó nem piedade pessoas envolvidas em fatos que mudarão radicalmente suas histórias à implacável opinião pública. E o povo não deixa por menos: corresponde plenamente à confusão de informações e sem critério algum, se dá ao trabalho de sair de casa para execrar pessoas que sequer foram julgadas.

Justamente por se deixarem levar pela mídia sem nenhum interesse de análise, pessoas que fazem plantões em portas de delegacias para satisfazer sua mórbida curiosidade e humilhar suspeitos com berros de "assassino!" também estão cometendo um crime, caracterizado como calúnia no Código Penal (Art. 138). Não pretendo aqui defender nem acusar ninguém, isso cabe à justiça. Falo como jornalista e mãe. No exercício da minha profissão, sempre fiz questão de não atender a interesses escusos que geralmente caminham em sentido contrário ao Código de Ética que rege a conduta moral e legal do jornalista. A responsabilidade de formar opinião é imensa e muda de maneira irreversível o curso da história. Considero extremamente rídicula e inconseqüente a exploração das tragédias alheias por programinhas de TV que sobrevivem às custas de merchandising, por exemplo. Esses colegas que me perdoem, mas acho que lhes falta dignidade.

Penso que como eu, todo jornalista tem família e não gostaria de ver sua tragédia pessoal exposta de maneira tão lamentável, exagerada e muitas vezes enganosa. Noticiar sim, mas com a reserva necessária para se evitar ferimentos ainda maiores que a vida já impôs às pessoas envolvidas, sejam suspeitos de um crime ou seus familiares. Há que se preservar o direito que toda pessoa tem de chorar por seus mortos e assimilar suas perdas.

Forte ou meiga?

Uma coisa que considero fundamental é ter coragem de se expressar. Para as mulheres, particularmente, esse é um grande desafio. Expressar força pode criar tanta ansiedade quanto expressar ternura.

Algumas mulheres sentem-se bastante apreensivas por serem fortes, agressivas ou ambiciosas. Temem que essa força e autonomia de alguma forma possa fazer com que sejam rejeitadas. Por outro lado, expressar ternura também pode ser difícil, já que quando a mulher se entrega livremente torna-se exposta e vulnerável à rejeição, sendo facilmente magoada.

É preciso ter coragem para expressar força e ternura. Descobri isso há pouco tempo e não foi fácil vencer os obstáculos que me impediam de adotar um novo comportamento em relação à maneira como me expressava com pessoas queridas. Inicialmente ficava aquele sentimento de "essa não sou eu!". Aí percebi que visualizar uma nova imagem de mim mesma seria o primeiro passo para a conquista de uma mudança concreta. Afinal, por que uma mulher não pode ser forte e meiga ao mesmo tempo?

Esse é um processo complicado, a gente se sente travada no início, mas é importante praticar. No começo a sensação é de embaraço, de estar sendo boba, mas logo tudo se torna fácil, natural e muito gratificante. É bem legal se sentir segura, confiante e carinhosa ao mesmo tempo. Ser esperta é avançar para a experiência e não permitir que preocupações, inseguranças ou ansiedades dominem o nosso jeito de ser e de se expressar com o mundo.

sábado, 5 de abril de 2008

Empatia

Há momentos na vida da gente em que a empatia é fundamental. Empatia nada mais é que a capacidade de se colocar no lugar do outro. Ela nasce da simples boa vontade de compreender as coisas a partir do ponto de vista alheio. Geralmente vivemos voltados demais para nossas próprias perspectivas e deixamos de fazer uma avaliação mais justa, fiel e sensível da realidade das pessoas que estão ao nosso redor. Sempre acreditamos que nossos problemas são mais graves e demandam muito mais atenção que as dificuldades de outras pessoas. Há dois anos uma amiga me ligou pra bater um papo. Eu estava envolvida com meus próprios problemas e avisei que retornaria a ligação mais tarde, sem me preocupar em perceber que se ela ligou, é porque precisava falar sobre qualquer coisa comigo naquele momento. Alguns dias se passaram sem que eu fizesse um contato com ela. Finalmente recebi uma nova ligação, desta vez informando que minha amiga, em decorrência de um mal súbito, havia nos deixado. Jamais saberei o que ela queria me falar naquele dia... É legal cultivar uma postura mais compreensiva, isso retorna pra gente em forma de amor, simpatia, mais colaboração e, principalmente, de paz interior.

Olá!

Neste blog quero dividir experiências que vivi e trocar idéias sobre assuntos diversos, coisas do dia-a-dia, que às vezes parecem sem importância, mas fazem toda a diferença no futuro, porque de tudo fica um pouco...
RESÍDUO (Carlos Drummond de Andrade) Pois de tudo fica um pouco. Fica um pouco de teu queixo no queixo de tua filha. De teu áspero silêncio um pouco ficou, um pouco nos muros zangados, nas folhas, mudas, que sobem. Ficou um pouco de tudo no pires de porcelana, dragão partido, flor branca, ficou um pouco de ruga na vossa testa, retrato. Se de tudo fica um pouco, mas por que não ficaria um pouco de mim? No trem que leva ao norte, no barco, nos anúncios de jornal, um pouco de mim em Londres, um pouco de mim algures? na consoante? no poço?