sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Nascida em 31 de dezembro...

Nascer no dia 31 de dezembro não é moleza... Primeiro porque quando você diz a data do seu aniversário, ouve sempre as mesmas coisas:

- Nossa, nasceu no dia 31? Não acredito! (que me desculpem os mais perplexos, mas o dia 31 é um dia como outro qualquer e crianças nascem nesse dia também - e como nascem!).

- Puxa, você atrapalhou a festa da sua mãe! (ahaaam...)

- Mas que beleza nascer num dia de festa! (ô, ma nem!...)

Procuro me iludir, fazendo de conta que a sensacional explosão de fogos de artifício acontece só por minha causa. Que todos brindam por mim. E que o mundo todinho comemora meu aniversário.

A realidade, porém, se mostra cruel... Basta olhar meus perfis em redes sociais pra entender o que quero dizer. Já acho até graça por receber parabéns com uma semana de antecedência, afinal, no dia 31 todo mundo tem algo melhor pra fazer. Neste ano, inclusive, tenho um amigo virtual que bateu o recorde da antecedência. Prevenidão, já me deu parabéns na semana passada. Ah, mas tudo bem, vai... Melhor que nem ser lembrada.

Existe, entretanto, um certo charme por aniversariar num dia tão especial. É uma data da qual ninguém esquece. E cá entre nós, até me sinto importante por dividir a honra de ter nascido nesse dia com algumas personalidades ilustres, entre elas: Rita Lee, Anthony Hopkins, Donna Summer, Ben Kingsley, Val Kilmer (esse nasceu exatamente no mesmo dia que eu!), Pedro Cardoso (o Agostinho! kkkkkk!!!), Luciano Szafir e o magnífico Henry Matisse.

Presente, então, é um capítulo à parte. Aliás, todo mundo que faz aniversário a partir do dia 24 há de concordar comigo: acaba ganhando um só. Bom, eu já modifiquei um pouco esse quadro desolador com minha habitual ladainha e ganho presente de Natal e de aniversário também. Não tenho dó nem piedade, afinal, décimo terceiro serve pra que?

Enfim, só nós, os "dezembrinos" das vésperas, é que sabemos da dor e da delícia de nascer nas semanas mais festivas do ano. E que nem me venham com o papo de que especial e divertido mesmo é nascer no carnaval. Até porque nós é que somos os belos produtos "made in festa pagã"... Nove meses depois do alalaô rasgado dos papais e mamães mais salientes é que surgem os pobres (porém, perdão pela pouca modéstia, fantásticos!) "dezembrinos".

Aproveito pra deixar aqui meus agradecimentos aos leitores que pacientemente e com tanto carinho acompanharam meu trabalho ao longo deste ano. Desejo, sinceramente, que 2009 venha lotadinho de alegria, paz e muita surpresa bacana pra todos. Valeu!

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Aiko não foi "apenas um cão"...

Já escrevi tanto aqui, falei das dores e alegrias humanas, das coisas que vejo, daquilo que penso. Hoje, mesmo sem tanto ânimo, não pode ser diferente e preciso expressar minha tristeza por ter perdido meu companheiro querido no último dia 29. Imagino que será um post pouco interessante, que nem inspire comentários, mas asseguro que entre tantos os que escrevi será, sem dúvida, o que melhor reflete minha alma nesse instante.  

Começo falando sobre o que muitos devem considerar um exagero, afinal, era "apenas um cão"... Aiko, "apenas um cão", foi meu companheiro por quase 11 anos. Durante todo esse tempo, houve muitas e muitas vezes que meus momentos mais felizes foram proporcionados por ele. Foram tantas as horas em que minha única companhia era Aiko, "apenas um cão"... Alguém que nunca se importou se eu tinha dinheiro ou não, se era bonita ou feia, gorda ou magra, se estava de mal-humor, se tinha tempo ou não, se eu envelhecia, enfim, numa entrega absoluta e incondicional sempre esteve ali, completamente pra mim.

Nunca subestimei sua capacidade de me compreender. E nossa comunicação era tamanha, que acredito mesmo que fosse capaz de me entender melhor do que ninguém. Agitado, sempre fazia uma festa louca quando eu chegava. Diante disso, não havia tristeza ou aborrecimento que pudesse persistir por muito tempo. Mas em momentos graves, como na ocasião da morte de minha mãe, a festinha dava lugar a lambidinhas suaves e uma cabecinha gentilmente debruçada sobre o meu colo, respeitando minha dor e se solidarizando com ela, me dando conforto e motivos pra seguir em frente.  

Aiko, que era "apenas um cão", soube me transmitir a verdadeira essência do que significa amizade, confiança, respeito, paciência e compaixão, contribuindo imensamente pra que eu me tornasse uma pessoa um pouco melhor. Tentei retribuir o tanto que ele me ofereceu com tudo o que esteve ao meu alcance, mas, inevitavelmente, sempre fica a incômoda sensação de que poderia ter feito mais e melhor. No último sábado, antes da derradeira ida ao veterinário para colocar fim ao cansaço e dor que já haviam se estabelecido por conta do peso da idade, fiz uma das coisas que mais lhe davam prazer: o escovei cuidadosamente, perfumei, lhe dei muito carinho. E assim, Aiko, que era "apenas um cão", se despediu de mim, com um olhar agradecido e um sono sereno, mais uma vez me confortando por saber o quanto essa separação seria dolorosa.  

A única coisa que espero é que um dia as pessoas entendam que Aiko não foi "apenas um cão"... Foi meu companheiro, alguém que me tornou mais humana e que me ensinou a não ser "apenas uma pessoa". Se de tudo que passa pela vida da gente sempre fica um pouco, garanto que Aiko estará eternamente INTEIRO na minha memória e no meu coração. Vá em paz, companheirão!... Vá na certeza de que você me ofereceu bem mais do que muita gente...

AIKO ( 03/02/1998 -  29/11/2008)