segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Há um montão de vida depois dos 40!

Apesar de adorar música, não tenho paciência pra assistir musicais, especialmente em DVD. Mas fiquei encantada ao assistir "Mamma Mia!", um filme de 2008, com Meryl Streep (fabulosa, como sempre), Pierce... aaaaaiiii!... liiiiiindo!... Brosnan, Stellan Skarsgard e Colin Firth. Trata-se de uma versão para o cinema do musical que faz um enorme sucesso na Broadway, onde está em cartaz há mais de 10 anos.

Com uma fórmula bem simples, sem grandes cenários - e nem precisava, com aquele marzão grego ao fundo - ou coreografias muito elaboradas, o filme é uma graça. A interpretação é divertidíssima, bem descontraída. Achei muito legal a amarração que foi feita com os figurantes, parte fundamental do elenco, já que formam o coro para as músicas. 


O que também me chamou a atenção foi o fato de que notoriamente algumas canções não foram gravadas em estúdio e os vocais foram captados durante a própria filmagem, dando um realismo legal pras cenas. 


A trilha sonora dispensa comentários: ABBA, que simplesmente A!D!O!R!O!!! E podem falar que é brega o quanto quiserem, porque nem tô (ombrinho balançando, tá vendo?)... Minha identificação com o filme foi total. 


Fora as músicas, que remetem aos bons tempos da minha adolescência, foi uma delícia ver a espontaneidade da mulherada quarentona. Me vi direitinho em Donna, personagem da Meryl Streep, uma mulher que sabe bem o que quer, que pula, ri, se diverte, mas mesmo assim é encanada até não poder mais. Tem também uma xará minha, Tanya (personagem de Christine Baranski), que leva um container de cremes pra onde for, assim como eu. Até estimulante à base de testículo de jumento a mulher carrega! Mais perua, impossível. Na verdade essa Tanya se parece mesmo é com uma amiga minha, que se tivesse nascido homem, certamente seria uma drag glamurosíssima. Bem, nesse ponto acho que não fico atrás, afinal, se eu tivesse nascido homem também seria um belo traveco (aí acho que o melhor seria ficar na frente, né? Hehehe!). 


De forma geral, a reunião animadíssima dessas mulheres é bastante parecida com a relação que tenho com minhas amigas, também cheia de cumplicidade e muita risada. Mas o que achei sensacional, mesmo, é que nunca um filme captou tão bem a essência das mulheres maduras, provando que existe um montão de vida depois dos 40. As três protagonistas mostram isso com tremenda naturalidade, aprontando farras dignas de adolescentes maluquetes, sem o menor receio de cairem no ridículo. 


Oras, é isso aí! Há momentos em que o importante é curtir a vida com a intensidade que ela merece. Que se danem as marcas do tempo, a seriedade, os compromissos, o paralisante Botox! Na cena que considerei uma das melhores do filme essa alegria de viver aflora magnificamente, com as mulheres largando tudo pra trás e sacudindo as meninas que estavam adormecidas dentro delas. Não tenho a menor dúvida de que o elenco se divertiu de verdade ao gravar isso, olha só que delícia:


Mamma mia!... E não é que essa vida é bela mesmo?!

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Quem planta quiabo não pode colher uvas!

Hoje estou meio jururu, chateada com as atitudes de algumas pessoas. Não só por coisas que me afetam diretamente, mas também por acompanhar os momentos difíceis pelos quais passam pessoas muito importantes pra mim, por razões semelhantes.



Não sei se sou muito ingênua, apesar da minha idade, mas o fato é que indiferença e falta de reciprocidade são coisas que me machucam. 


Amizade verdadeira exige investimento e, sobretudo, respeito. Não dá pra ser amigo só quando não há nada melhor pra fazer ou ninguém mais conveniente pra se relacionar. 


Querer bem implica em preservar, dar valor, estar por perto, prestar atenção. Hoje em dia não há distância física que justifique um sumiço. Há diversas formas de mostrar interesse, seja por e-mail, telefonema, carta, sinal de fumaça, enfim, quem quer sempre consegue se fazer presente.


Ao longo da minha vida conquistei excelentes amigos, que me acompanham até hoje, chova ou faça sol. Não é um mundão de gente, até porque não acredito que alguém possa ter dezenas de amigos pra valer. Mas são pessoas que estão sempre próximas, que não se lembram de mim só quando precisam choramingar ou porque eu tenha algo interessante pra oferecer num determinado momento. E é justamente por isso que algumas pessoas ainda conseguem me surpreender de forma tão negativa. Porque simplesmente não estão nem aí, pouco se importam com o que vai pensar ou sentir quem foi largado num canto qualquer, em detrimento de outros interesses. 


Mas é assim mesmo, a vida da gente é feita de escolhas. É importante assumir a responsabilidade por tudo que nos acontece. Tudo mesmo, de bom ou ruim. 


Se estou vivendo uma fase ruim, seja pelo motivo que for, melhor que lamentar é tratar de me lembrar do que andei plantando. Nada acontece por acaso. De safras ruins é que a gente tira o aprendizado necessário pra plantar novas sementes e conseguir uma boa colheita. Esta é a única saída, não adianta plantar quiabo e querer colher uvas, né?!

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Não sou tão chata assim, vai!

E lá se foi outro domingo. Um tédio só, de novo. Com-hora-errada-no-relógio-só-porque-o-Lula-quer, saco! E chovendo, pra piorar. 


O que me restou, então? Dar uma chegadinha aqui pra reclamar, até porque estou sem sono (maldito horário de verão!). 


Sei muito bem que vou acabar ficando com fama de rabugenta, mas o que é que eu posso fazer se não cansam de me fornecer elementos pra rasgar o verbo?



Dia feio e sem nada melhor pra fazer, passei boa parte da tarde dando uma circulada por diversos canais de TV. De repente, vejo uma criança se apresentando. Menininha mais sem noção, meu Deus! Foi ao programa da Eliana (putz... se vi isso é porque assisti ao programa e, se assisti, então sou mais sem noção que a coitada da menina) pra contar piada de loira burra, vê se pode! A piada era sem graça, a menina não sabia contar, era feia desajeitadinha e trucidou a inteligência da apresentadora platinada. Ainda assim ganhou o prêmio máximo dos jurados piegas. Tudo bem, alguém há de me lembrar que trata-se de uma criança e, por isso, não tem a menor importância ser tão sem gracinha, blá, blá e outros milhões de blás. Ah, mas custa o raio da produção do programa selecionar melhor os participantes?! Enfia aquela menina sem nenhum talento ali e ainda enche o bolso da chochinha de grana. Revoltante!

O que mais me irritou, no entanto, é que eu... eu... bem... eu... NÃO GOSTO DE PIADA. Pronto, falei! Não gosto, não gosto e não gosto! Calma aí, não tenho nada contra quem aprecie, tá? Sou reconhecidamente uma chata, confesso, assumo e assino embaixo. Não uma chata completa, porque tem um montão de coisas bem-humoradas que curto bastante.


Digamos que eu seja meio difícil de agradar no quesito humor, é isso. O problema é que me parece que o estoque de piadas esteja prá lá de vencido. A safra já esgotou há pelos menos uns 20 anos atrás e o povo não se toca! 


É difícil ouvir uma piada que não seja reprodução literal ou parcial daquelas que você já cansou de escutar, onde, normalmente, o piadista recruta pra novas aventuras sempre a mesma turma, que já devia estar aposentada: português (me perdoem, Hermínia e Emília, mas no Brasil é assim), loira, papagaio, vovozinha surda e bichinha desvairada. Haja, né? 


Tá na hora de botar uns robôs sacaneando o povo na jogada, umas coisinhas mais high tech, sei lá. 


Quer me ver com taquicardia? Chega aqui e vem dizendo: "Você conhece aquela do...". Pra piorar me cutuca com o cotovelo, recurso mais usado pelos piadistas pra chamar a atenção de quem está se fazendo de "migué". Ah, não!... Cheguei a um estágio tão avançado na falta de finesse, que aviso logo que se a piada não for ótima, espetacular mesmo, não vou rir. 


E quando a piada é longa, então? Além do martírio de ter que ouvir, você ainda tem que congelar um semi-sorriso na cara, a fim de encorajar o infeliz a seguir até o final. Mil preâmbulos e o desfecho finalmente surge. O momento é crucial, sua reação precisa ser rápida. Aí você: 


a) Ri generosamente e evita o fatal constrangimento, mas corre o sério (praticamente certo) risco de estimular o engraçadão a contar mais uma ou, pior, várias outras;

b) É ignorante como eu, não ri e dá logo outro rumo pra prosa;

c) Elimina o fdp sem dó com uma rajada de metralhadora, livrando de vez a humanidade desse tormento. Alternativa anulada, isso é feio (embora mais que merecido).

Mas tudo bem, gosto não se discute. Tem até quem ria a valer daquelas pegadinhas manjadíssimas que o Silvio Santos insiste em exibir! Meu irmão é um que adora. Imagino que em toda a face da terra só duas pessoas assistem e se divertem com aquilo: ele e a mãe do próprio Silvio Santos. 


Dureza é que essa onda de piadistas na TV virou moda. No Programa do Jô tem, no Faustão também, enfim, pro meu desgosto, tem disso pra todo lado. 


Ao me pegar descendo o sarrafo nessa avalanche de piadas sem sal, meu marido começou a fazer uma baita apologia ao bom humor. Só faltou saltitar de alegria pra mostrar o quanto seu astral é muito melhor que o meu. Ao mesmo tempo, ele assistia às exibições dos piadistas do Faustão. Apareceu um "engraçadérrimo" e nenhuma reação do japa. Mais dois se apresentaram e o super-pra-cima não mexeu um músculo sequer pra rir, nem uma mísera risadinha amarela saiu. Ué?!... O mundo não é tããão gozado? Cadê as gargalhadas? Olhei pra ele com cara de "toma essa, linguarudo!" e aí sim é que rimos pra valer. 


Viu só como esse homem também é bem enjoadinho? Bonitão! Bom, chega de reclamar. Prometo que farei o possível pra ser uma fadinha azul no próximo post. 


Então, até lá!

sábado, 17 de outubro de 2009

Horário de verão... Ô inferno!


Lá vem o maldito horário de verão. Odeio. Abomino. Excomungo!!! Podem falar o que quiserem, mas nada nesse mundo jamais me convencerá de que essa porcaria realmente funciona.

E quem foi o miserável que inventou esse negócio? Bem, segundo os americanos, que se vangloriam por terem inventado de um tudo neste planeta, foi Benjamin Franklin, em 1784. No Brasil o horário de verão foi adotado esporadicamente até a década de 60, quando sabiamente foi esquecido. Aí, em 1985, lá vem o então presidente Sarney, desenterrando a ideia estapafúrdia. Desde então, todo ano é a mesma desgraça, não há escapatória.

Fuçando aqui e ali, notei que a irrisória economia que essa medida proporciona apenas se justifica porque é necessário usar usinas térmicas pra produzir energia, já que as hidrelétricas, de produção mais barata, são insuficientes pra dar conta da energia que necessitamos. Não fosse por isso, simplesmente essa encrenca de mudança no horário não serviria pra absolutamente NADA.

Mesmo sendo leiga no assunto, acho que está mais que na hora de viabilizar fontes alternativas de energia, ao invés de tapar o sol com a peneira com essa droga de horário de verão. Caramba, o Brasil tem um potencial enorme pra isso! É rio pra todo lado, vento que não acaba mais, enfim, jeito pra resolver de maneira realmente satisfatória tem. Mas será que há interesse? "Ainda há um considerável descompasso entre as necessidades do país e a atuação dos órgãos ambientais e de outras instituições do Estado brasileiro, muitas vezes com interesses difusos", afirmou Paulo Godoy, presidente da Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base (Adbid), criticando o fato de que pelo menos cinco das sete usinas hidrelétricas cadastradas pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) devem ficar de fora do leilão de dezembro, onde deverão ser contratadas geradoras da energia que será fornecida ao mercado consumidor a partir de 2014.

Mas não quero nem saber de quem é a culpa, tá? O problema é que a alteração nessa simples "horinha" é um saco pra mim. Como é que consigo explicar pra minha fome que ela precisa aparecer uma hora antes do normal, só porque o Lula quer? E o sono, então? O corpo demora a se acostumar com essa mudança e o povo vira zumbi. Bom, pelo menos comigo é assim. Imagine então como fica a situação do meu filho, que é diabético e tem horários bem definidos pra aplicação de insulina e alimentação. Um rolo só. Até se adaptar completamente, já chegou a hora de mudar tudo de novo.

Falando sério mesmo, na prática não consigo ver qual é a vantagem dessa droga. A economia de energia que se faz no final da tarde é completamente descompensada pelo gasto que se tem na parte da manhã, já que precisamos acender as luzes (e usar um montão de coisas) uma hora mais cedo. Isso sem falar nas comemorações, né? Me dá nos nervos cumprimentar todo mundo por uma passagem de ano de mentira.

Ah, chega de argumentar! Detesto horário de verão, pronto e acabou. Já já vou ter que acertar ("errar" seria melhor) os relógios da casa e farei isso bufando, aviso logo. E amanhã estarei irremediavelmente estragada, que ninguém se aproxime. Se quiser se atrever, que venha... Mas vou reclamar, reclamar, reclamar o tempo todinho. Pra não perder a hora, comecei a reclamar desde já. E aí, alguém se habilita?

10 mil visitas!

É com uma alegria danada que hoje reparei que este espaço recebeu mais de 10 mil visitas. Quando comecei o blog, há pouco mais de um ano, não fazia a menor ideia de como seriam recebidos meus textos, se haveria algum interesse pelas experiências do meu cotidiano e por minhas opiniões.

A grande verdade é que isso aqui nasceu como forma de desabafo, numa tentativa de entender melhor a mim mesma e às atitudes alheias. Tudo sem a menor pretensão literária e correndo o sério risco de errar, afinal, não sou dona da verdade, nem especialista em coisa nenhuma. Caramba, e não é que deu certo? Venho aprendendo demais por aqui. E espero ter contribuído pelo menos um pouquinho para, de alguma forma, também ter melhorado a vida de alguém.

Então, só me resta agradecer imensamente a todos que já passaram por aqui, aos que pacientemente seguem as aventuras e desventuras do meu dia-a-dia e, com carinho muito especial, aos que gentilmente dispõem de um tempinho pra deixar seus comentários. Recebo cada participação com muita alegria e também como um importante estímulo pra continuar.

E vamos em frente, porque de tudo que a gente vive sempre fica um pouco pra se contar.

Um grande beijo!

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Cabeleireiro? Tô fora!

Semana passada, na minha habitual reunião de amigas, uma delas chegou toda pimpona com cabelinhos recém cortados. 


A cada beijinho de boas vindas, um elogio, realmente ficou ótimo. Conversa vai, conversa vem, sobrou pra mim: 


- Tânia, por que seu cabelo tá sempre preso? Outro dia a gente tava falando isso... Nossa, a Tânia nuuuuunca solta aquele cabelo!... 


Apesar de perceber que andei sendo assunto em rodinhas onde não estive presente, achei que elas até tinham razão. E justifiquei: "Olha, meu cabelo tá muito sem corte. Tem uns (uns???) branquinhos também, então acho melhor prender. Tô precisando ir ao cabeleireiro, sabe?". 


Diante da cara de dúvida coletiva e de um "ah, duvido que esteja pior que o meu... e eu não prendo nunca!", resolvi fazer uma demonstração e soltei a cabeleira. Abri uma passagem pra descobrir os olhos e ver a reação delas, que só depois de olharem com indisfarçável espanto uma pra cara da outra, foram honestas (até demais pro meu gosto): 


"É, tá mesmo precisando cortar, mas é só um pouquinho, né? Cabelo muito comprido não tá na moda, nem fica bem numa certa idade. E uma tintinha também não vai mal...". 


Me senti uma meméia e jurei que daria um jeito na juba o mais rápido possível. 


Tenho um problema sério, que inclusive me qualifica como uma mulher esquisitíssima: odeio ir ao cabeleireiro. Começa pelo malabarismo pra marcar marcar o horário, porque o cara que corta não é o mesmo que tinge, que também não é o mesmo que seca, enfim, adequar minha agenda às das estrelinhas do salão é uma tarefa árdua. Meu problema, sempre é tempo (e disposição). Então, antes de marcar, gosto de saber o quanto pode demorar cada procedimento, pra ver se vou encarar ou não. Surgiu aí um obstáculo adicional: 


- Mas você vai querer fazer luzes, balayage, sun kissed (!), strong (!!) ou mechas californianas (!!!)?

Baraio, sei lá! Só quero dar um tapa no telhado, pode ser ou tá difícil?! Meia hora recebendo aulinha sobre as últimas tendências em técnicas capilares, ufa... Tudo marcadinho. 


Fiquei meio ressabiada, era um lugar novo, indicado por uma amiga, que jurou que eu sairia de lá transformada. Bom, ponderei que era disso mesmo que eu precisava, de uma repaginada daquelas. 


Finalmente chega o dia da tortura. Vamos lá, fazer o quê? Já na entrada, surpresa: a recepcionista me encaminha para o local onde eu deveria me trocar. Como assim, me trocar?... Gente, vim aqui pra dar uma cortadinha no cabelo, não pra fazer cirurgia no cérebro! Olho em volta e vejo as madames, todas devidamente paramentadas com aventais nas cores da decoração do salão, parecendo vasos ambulantes. Tá legal, vai... Me dá essa encrenca e vamos acabar logo com isso. 


- Tá pronta, que-ri-da? Então vamos pro lavatório. Criiis... Cri-iiiiis!... Esta é a Tânia. Ela vai cortar com o Clau, fazer luzes com o Val, hidratar com a Dani e escovar com o Clau também, tá? Então até já, que-ri-da! Quer um cafezinho? Uma águinha de coco?...


Começo a suar frio. Com tanta frescura, quanto vai sair essa desgraça? Tudo bem, quem tá na chuva é pra se molhar. Me sento no lavatório e entorto o pescoço ao máximo. E lá vem a Cris. Shampoo disso, outro shampoo daquilo, creminho-sei-lá-de-quê... E dá-lhe massagem. Gosto que mexam no meu cabelo e acharia bem agradável até, não fosse pelo fato de estar me sentindo uma galinha morta com o pescoço tão torto. 


Ao ouvir o "pronto, que-ri-da!" fiquei aliviadíssima. Me levantei e fui surpreendida pela tal Cris, fazendo massagem nos meus ombros. Reparei que era um procedimento normal, pra relaxar por causa da posição no lavatório. Então tá, agora tem dessas coisas... TÁ O CARAMBA!... Eu lá quero massagem? E de "mulé", ainda por cima? Me deixa, me solta, me LAAAAARGA!!!!!!!! Dispensei a gentileza e fui direto pra cadeira do tal Clau.


Me olhei no espelho e levei um susto. Espelho de cabeleireiro é uma sacanagem, na minha opinião. Você sempre fica mais feia, mais gorda e muito mais velha do que no espelho da sua casa. Esse é um truque sórdido, isso sim. Tenho certeza que na primeira cadeira que te colocam tem um espelho daqueles de parque de diversões, pra te deixar um horror de deformada. Só na última cadeira é que o espelho fica normal de novo, pra você achar que o serviço foi show. Maledetos! 


- Nossa, tá comprido, né amore? Então, vamos tirar o comprimento, repicar e ajeitar a... Cruuuuuzes!... O que aconteceu aqui??? Meu bem, quem cortou sua franja?

  - Ué, fui eu mesma. Não ficou muito bom, né?


Clau ficou passado, tadinho. Apenas um "tsc, tsc, tsc" e começam as tesouradas. Pelos movimentos, fiquei só me imaginando naquelas fotos de "antes e depois". 


Não demora quase nada e diz ele que o corte está terminado. Da franja, que ultrapassava meu queixo em quase cinco centrímetros, o bofe tirou só um dedinho. Diante da minha perplexidade, ele se mostrou ainda mais surpreso. Afinal, como é que eu não sabia que franjona caída na cara é o hit do momento? Expliquei que tenho muito cabelo, testa curta, enfim, não aguento cabelão me atrapalhando, mas o coisinho se mostrou irredutível. 


Pensei cá comigo que nem valeria a pena discutir mais, só o que eu queria era sair logo dali. E também, o que é que eu estava querendo, afinal? Não era uma modernizada total? Quem sou eu pra discutir com um sujeito que entende tudo de cabelos e tendências? Ainda mais se tratando do Claaaaaau... É, mas se bobear o nominho da criatura glamurosa é Claudionor. 


Vamos pra tintura, então. E na sequência, as tão aguardadas luzes. Sempre que me colocam aquela touca de silicone na cabeça pra puxar as mechas que serão clareadas, me dá um frio na espinha. Que que é aquilo, meu Deus? Com uma careca falsa cheia de fios arrepiados, pareço uma vítima de explosão nuclear. Fico imaginando que poderia vir terromoto, tufão, tsunami, mas nada, nadinha mesmo me faria desgrudar da cadeira daquele jeito. 


Horas, muitas horas depois, saí de lá com os cabelos devidamente cortados (questionável isso), tingidos, iluminados, hidratados e escovados. E bem mais pobre também, a conta foi uma verdadeira extorsão. Mas valeu a pena, não valeu? Eu estava moderníssima, com um new look digno de figurar em capas de revista. 


Cabelos esvoaçantes, franjão fatal... Inteirinho na minha cara. Caminho um tantinho e tento ajeitar a encrenca atrás da orelha... Mais um tantinho, acho melhor prender com os óculos de sol... Outros metros adiante e, atordoada, já estou oferecendo meu reino por um mísero grampo! 


Chego em casa e resolvo a pendenga em 10 segundos, sem gastar mais nenhum puto: cleeeeec!... E bye bye franjão. 


Fala sério, mulher é ou não é um bicho complicado mesmo?

domingo, 4 de outubro de 2009

Restos de um domingão

Meu domingo foi uma mer...ecida oportunidade para desfrutar de momentos mais agitados, digamos assim, já que meu ritmo anda meio devagar ultimamente. Festinha de aniversário, com zinzilhões de crianças... Correndo... Berrando... Derrubando bolo no chão. E eu escorregando na meleca.

Não que eu considere festa infantil tão ruim, chego a curtir até, hoje em dia o povo capricha. Tem coisas com as quais jamais sonharia na minha infância, como algodão doce, pipoca e cachorro- quente à vontade, por exemplo. É legal ir até os carrinhos e se entupir até não poder mais, sem lançar mão de um centavinho sequer. O grande problema, no entanto, é que, de modo geral, o povo sempre faz essas festinhas nas tardes de domingo, quando a gente já se acabou no sábado e o que resta é só o pó da rabiola. Já uma amiga minha considera que há outro - e instransponível - obstáculo em festa de criança: ter criança na festa. Uma visão um tanto xiita, mas democraticamente aceitável.

Essas festinhas possibilitam também que você reveja familiares que há muito não encontra. Assim, uma tia aproveitou o ensejo pra entregar ao meu marido o presente que havia comprado para o aniversário dele, ocorrido há três meses atrás. Ele tem uma mania que logo que o conheci me irritou, mas depois fui percebendo que, de certa forma, faz parte da cultura oriental: não abre presentes no momento em que recebe. Vá lá, cada um é cada um. Comigo isso não funciona, porque caio matando em cima de pacotes, me dá urticária ver embrulhos intactos.

Deixamos o presente de lado e firmamos no papo, afinal já tinha um tempão que a gente não se via. Conversa vai, conversa vem, sei lá porque, o assunto passou a ser roupas e seus graus de dificuldade na manutenção. Fui implacável e condenei a camisa masculina à extinção total. Caramba, passar camisa ninguém merece! E aquelas cheias de preguinhas, então? Você passa de um lado e amassa do outro, nunca mais tem fim! É um exercício de paciência, que deveria ser adotado pelos monges tibetanos. Só que estes, espertinhos que são, andam com aquele manto quadradão, molezinha de encarar.

Fui direta e reta no discurso: "Agora sei porque quando uma mulher fica viúva não se casa de novo. É pra não ter que passar camisa nunca mais, que saco! Ai, mas fico com um um óóóódio quando dão camisa de presente pro meu marido!... E quando é de manga comprida, então? É o fim, me dá vontade de jogar fora! Ou melhor, minha vontade é de enforcar quem deu a camisa com ela mesma, até a pessoa cair durinha e roxa no chão". E a tia, solidariamente, me dando razão. Qual não foi minha surpresa, ao chegar em casa, e ver que o presente da tia era esse aqui. Bom, preciso dizer mais alguma coisa? Não é moleza ter uma língua que não cabe na boca!

O destino, no entanto, logo tratou de me punir severamente. Mas com um castigo bem desproporcional ao pecado, que fique registrado meu protesto. Tô aqui escrevendo esse post ao som de Jane e Herondy, vindo lá do maldito clube que fica nos fundos da minha casa. Já falei pro... Opa!... Pera!... Piorou muuuuuuito! Agora começou Aguinaldo Timóteo: receba as flores que lhe do-oooooou... E em cada flor um beijo me-eeeeeeeu... Meu Deus do céu, será que se eu for até lá ajoelhada, chorando copiosamente e me esfolando com um chicote cheio de pregos, eles param com isso? E meu marido rolando de rir da minha cara aqui do lado... Aposto que ele tem parte nessa desgraça. Ô domingão infernal!

Ilustração de Amarildo.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

A culpa é do duende!

Hoje a chave de casa me deu a maior canseira. Estava atrasadíssima pra sair e cadê a condenada? 


Incrível isso, tudo resolve sumir sempre que você está atrasado, já reparou? Depois de procurar centenas de vezes, dos lugares prováveis aos mais absurdos, eis que surge a malandra, num lugar que, tenho CERTEZA, eu já tinha olhado. Então, tá. 

Dá pra encontrar explicação racional pra uma coisa dessas? Bom, meu marido, o irrepreensível de plantão, acha que sim. Na opinião dele a culpa de tudo que some no planeta é de quem? Minha, lógico. Diz ele que sou desligada demais. 


Outro dia foi genial. Já no trabalho, ele percebeu que havia esquecido um documento importante em casa e aí voltou pra buscar. Mas, ao chegar, viu que tinha deixado a chave de casa no trabalho. Após várias tentativas frustradas de me acordar com a campainha, resolveu pular o portão, pra não perder a viagem - dois metros de altura! - tá em forma o japa... Hihihi! 


Entrou, pegou o que precisava e logo saiu. Tudo resolvido? Não, é claro. Mais tarde, furioso, disse que precisava tirar a segunda via de um boleto que também havia desaparecido. Não deixei barato: 


- Ah, tá vendo só como você também é desligado? Esqueceu uma coisa em casa, deixou a chave de casa no trabalho, pagou o maior mico de pular o portão e ainda perdeu o boleto... Hehehe!


- É... Tudo culpa sua!


- Epa, pera lá! Como assim, CULPA MINHA? Você é que foi um cabeça de vento, isso sim!


- Pois é, foi justamente o vento que deve ter levado o boleto. Isso na hora em que precisei pular o portão, segurando um monte de coisas. Se você tivesse escutado a campainha, nada disso teria acontecido!


Hunf, fala sério!... Só falta o homem dizer que quem atirou o pau no gato-tô fui eu também! Mas tudo certo, porque eu sei muito bem quem é o culpado disso tudo. É o mesmo canalha que depois de fazer as coisas sumirem, as coloca de volta sempre no mesmo lugar: o duende, claro! Quer dizer, eu acho... Ou melhor, eu perco. Mas acho de novo. Tudo por causa do duende... 


Pode acreditar, quando sumir alguma coisa sua, a culpa é do duende. Nem perca tempo apelando pra São Longuinho, porque foi o duende. Sempre o sacana do duende!