quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Maldição dos cinco anos



Anteontem fui vítima de uma tramóia bem sórdida. Como já contei, estou renovando minha habilitação. Aliás, diga-se de passagem, estou com a porcaria vencida já há um bom tempinho, mas, sacumé, né?... Num dia deu preguiça, no outro o tempo estava curto demais, e assim fui arrastando a providência inevitável até o último suspiro. 


É bem importante salientar que pra uma mulher há, ainda, uma complicação terrível na hora de fazer novos documentos. Sempre queremos estar com cabelos lindos, pele magnífica, enfim, com uma aparência rigorosamente irretocável pra não fazer feio na foto. Até os brincos passam a ser requisito fundamental na composição da figura. Justamente por isso, adiei a renovação o máximo que pude. Não queria exibir uma cara despreparada num documento que vou ter que aturar por cinco longos anos. Só que pra atender à exigência da seguradora do meu carro, acabei tendo que fazer tudo às pressas do mesmo jeito.


Comecinho de ano, correria doida, precisei tirar a foto justamente num dia em que tinha outros compromissos. Pra não correr o risco de não encontrar a loja aberta mais tarde, resolvi que essa seria a primeira coisa que faria naquele dia. Na medida do possível, dei aquele tratinho na minha cara e lá fui eu pro fotógrafo. Vale a pena dizer que odeio tirar fotos de qualquer espécie. Não fico natural e sempre apareço torta, como se tivesse acabado de sofrer um derrame. Mas foto de documento não tem muito segredo, né? É só sentar lá, fechar a boca e pronto, tá feito. Hum... Antes fosse!... Malditos tempos modernos! O homem achou que eu estava séria demais e pediu uma risadinha. Ô, como assim, risadinha em documento, meu chapa?... Tá doido??? O resultado foi aterrorizante, com o sorrizinho nervoso fiquei mais torta ainda. Bom, pelo menos, entre as várias imagens captadas deu pra escolher uma menos ruim. E pra não ter que fazer isso tudo tão cedo de novo, pedi logo dez cópias. 


Mas ainda não estava conformada. Assustada com o que vi, achei que devia passar rapidinho pelo cabeleireiro e, se ainda houvesse tempo, tiraria outra foto. Foi o que fiz, pra alegria do japa fotógrafo, que mais uma vez fez mil macaquices pra eu rir. Pronto, mais dez cópias, agora com cabelinho muito mais bonitinho. Ah, assim sim! Já me imaginei exibindo uma habilitação decente por aí, que pelo menos me permita tirar cópias em preto e branco sem parecer que sou a Marge Simpson, como nesta maldita foto da minha identidade. Sei lá porque esse diacho fica assim, meu Deus! Juro que no original é diferente. 


Papelada e foto no despachante, ontem fui fazer a provinha obrigatória no Centro de Formação de Condutores, como última etapa do martírio da renovação da CNH. Sendo habiltada já há 25 anos, isso torna-se um saco, mas fazer o quê? Final de tarde, uma chuva danada, fui a pé até o local da prova, que é bem perto da minha casa. Oras, um quarteirão apenas, pra quê caprichar no visual? Com aquela chuvarada toda, ficaria um horror de qualquer jeito. Chego lá e depois de submeter minha digital ao leitor ótico, ainda precisei ficar em frente da câmera do computador da mocinha. Sabe pra quê? PRA TIRAR A FOTO QUE IRÁ PRA HABILITAÇÃO!!!!!!!! E é assim que aparecerei no documento nos próximos anos: vestida com a camiseta do meu filho, de cabelo molhado e sem um mísero pingo de maquiagem nessa cara sapecada! Nem um batonzinho, meu Deus! Nem brinco, nada. Nada. Naaaaaaaaaaaaaaaaaaada!!!! Protesto! Vou exigir que o DETRAN me devolva a grana que gastei no cabeleireiro, centavo por centavo! 


Vale como informação adicional que estávamos em três pessoas pra fazer a prova: duas mulheres e um homem. Adivinha só quem ficou por último, com cara de paisagem e nunca mais saiu da sala? Ah, mas esses homens!... Vai ver o pobrezinho tá lá até agora. Depois dizem que as mulheres deveriam pilotar só fogão. Tá vendo como não é à toa que atualmente os melhores chefes de cozinha são os rapazinhos? 


Enfim, o mais cruel é não ter como resolver rapidamente esse baque emocional do qual fui vítima, porque minha psicóloga está de férias. Epa, pera aí!... Pensando bem, isso está me cheirando sabotagem, sabe? De repente foi ela mesma quem encomendou todo esse enrosco só pra desgraçar minha imagem e assim garantir a terapia por, no mínimo, mais cinco anos, tempo em que terei que ficar olhando pro meu look de flagelada de enchente. Boto mais essa na continha do DETRAN, isso sim.


Ilustração: Ceó Pontual

domingo, 17 de janeiro de 2010

Ô comecinho de ano triste!...

Caramba, o ano nem bem começou e já aconteceu tanta coisa... Em apenas duas semanas acompanhamos, desolados, tragédias por toda parte. Chuva além da conta destruindo um montão de cantos do Brasil, intolerância pra todo lado e, agora, essa catástrofe no Haiti. É braveira... O jeito é manter a esperança de que as coisas vão melhorar, na certeza de que nada jamais acontece por acaso. Isso tudo, no mínimo, serve de alerta pra importância da solidariedade humana no sentido mais abrangente possível, além da necessidade urgentíssima de se estabelecer medidas eficientes para a preservação (reconstituição até) do meio ambiente. A natureza vem dando seus recados, cada vez mais incisivos e de consequências desastrosas. 

Apesar disso tudo, não fosse pela perda da Nina, meu ano, particularmente, começou muito bem e assim está seguindo. Pra dizer a verdade só agora estou retomando o fôlego, foi uma correria danada. Festa aqui e ali, visitas, milhões de coisas pra botar em ordem... Ufa! Não foi moleza não. No meio dessa confusão danada, ainda precisei correr atrás da renovação da minha habilitação. Se tem uma coisa que abomino é enfrentar fila, então resolvi deixar isso por conta de um despachante. Pra facilitar as coisas, meu marido recomendou que eu procurasse um conhecido, enfatizando bem: 

- Vai lá e fala com o Ademir, tá? ADEMIR, não vá esquecer! Mas se ele não estiver, fale com o Carlinhos. Só com o Ademir ou com o Carlinhos, tá? 

Tá, vamos lá. Catei minha papelada e me mandei pro despachante. A julgar pela veemente recomendação, achei que deveria chegar com ares intimistas. Se me fizesse de amiga de infância do povo, certamente o serviço sairia mais rápido e barato. Não hesitei: 

- Ooooiiiii! Bom dia!!! Cadê o Ademir? 

Silêncio sepulcral. Olhares de espanto. Voz quase sufocada: 

- O Ademir não está... Sobre o que seria? 

- É que preciso transferir e renovar minha habilitação. E o Carlinhos, está? 

Milhões de interrogações do ar... 

- Aqui não tem nenhum Carlinhos! Não seria Cássio?... 

- Não, meu marido vem sempre aqui e me disse que eu deveria falar com o Ademir ou com o Carlinhos. 

- É, mas... - Afinal, o Ademir volta hoje ou não? - Ele não vai voltar... É que o Ademir... morreu! Em novembro passado. E eu sou o Cássio. Não tem Carlinhos aqui! 

Xadrez de vergonha, acabei concluindo que meu japa não apenas anda super mal informado, como também tem uma porcaria de memória. Em resumo, o homem me ferrou!

Mas tudo bem, botei um paninho quente em cima da gafe e contratei o serviço. Claro que não deixei barato e falei um monte na orelha do safado, que embora atônito ao saber da morte do outro, não deixou de tirar um sarrinho básico da minha cara de pamonha azeda.

Hoje passávamos em frente do despachante, quando sem a menor cerimônia ele me manda esta: 

- E aí, Cássio? Tudo bem? 

- Ué, você sabe que ele é o Cássio? Por que não chamou o sujeito de Carlinhos, seu engraçadinho miserável? 

- Oras, porque não tem Carlinhos nenhum aí, tonta! Não sabia não? Hehehehe!!!! 

Ah é, né bebé?... Agora o tal Cássio vai ficar achando que sou uma retardada. Ainda armo uma arapuca daquelas pra esse japa, ele vai ver só. Me vingareeeeeei! Mas vamos levando, que pela frente ainda tem um ano inteirinho pra eu me estrepar. Maridos, maridos... Tsc, tsc, tsc!

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Ano novo sem Nina...

Meu ano terminou de forma fantástica, com festa, bastante alegria e muita gente se lembrando do meu aniversário. Ganhei um montão de coisas bem bacanas e um presente absurdamente fabuloso do meu marido.

É claro que aconteceram trapalhadas geniais e eu gostaria muito de poder partilhar aqui, abrindo as postagens de 2010 com bastante humor. Só que hoje foi um dia triste... Nina, a nossa rottweiler tão meiguinha, que há poucos dias atrás foi o tema de uma postagem que divertiu tanta gente, nos deixou.

Sem mais nem menos, de quatro dias pra cá foi ficando esquisitinha e, mesmo com tantos cuidados, hoje teve uma parada cardio-respiratória.


Meus cães são muito especiais pra mim e quando me deixam, levam um pedacinho do meu coração com eles. Então hoje estou sem mais palavras. Fica valendo pra Nina cada palavrinha que falei sobre o meu companheirão Aiko numa postagem mais antiga. Que minha queridinha agora esteja em paz, na certeza de que nos trouxe alegrias imensas e jamais será esquecida.


NINA (12/05/2004 - 04/01/2010)