terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

PRÊMIO DARDOS


A Graciele Gessner, do Mundo dos Escritos, me indicou para receber esta beleza de selo, o Prêmio DARDOS.

O Prêmio DARDOS vem da Alemanha e visa reconhecer o mérito dos blogueiros que se empenham em transmitir valores culturais, éticos e pessoais, através das palavras e da arte demonstrada em seus trabalhos, transformadas num pensamento vivo.

O que é que eu posso dizer diante disso? Obrigada, Graciele, de verdade. Atitudes atenciosas e delicadas como essa é que me dão muito ânimo de continuar por aqui e tentar melhorar cada vez mais. 

Ao receber o prêmio, preciso seguir algumas regras básicas:

1. Aceitar e publicar o prêmio, juntamente com o nome e o link de quem me indicou;

2. Oferecer o prêmio para 15 blogs e comunicá-los da indicação.

Então, vamos às minhas indicações:


sábado, 20 de fevereiro de 2010

Pra ser gay assumido é preciso ser muito macho!



A qualidade que mais admiro no ser humano, sem a menor sombra de dúvida, é a coragem. Porque aos olhos dos outros a gente pode ser tudo nessa vida  - inteligente, bonito, bom caráter, bem sucedido ou qualquer outra coisa superbacaninha - mas sem culhão pra se impor de verdade, pra se assumir como se é sem máscara, pra encarar o que vier, simplesmente não se é nada.

Pra tudo a gente precisa de coragem. Seja na hora de enfrentar uma doença, conviver com a morte ou até mesmo (e principalmente) expondo fragilidades, não há solução possível se a gente não encarar o bicho.

É por isso que, mesmo considerando discussões sobre sexualidade já ultrapassadas, acredito que ser gay é coisa de homem com "H". Seguir padrões convencionais é moleza. Se valer de um pênis que se encaixa só onde dizem que a natureza determina também. A fórmula já está pronta, basta apenas seguir o fluxo considerado "normal" pela sociedade e se colocar na cômoda posição de homem acima de qualquer suspeita. Mas quando a vida coloca o sujeito na contramão da convencionalidade é que são elas. É complicado ser diferente e conseguir o respeito que se merece sob qualquer circunstância. Isso exige uma determinação fora do comum.

Recentemente esse debate ficou bem acirrado, quando o general Raymundo Nonato de Cerqueira Filho, indicado para ocupar a vaga de ministro do Superior Tribunal Militar, afirmou que soldados não obedecem a comandantes homossexuais. Segundo ele, as atividades desempenhadas nas Forças Armadas não são adequadas aos gays e estes devem seguir outros ramos de atuação. O general é do tipo que acredita que gay seja capaz apenas de ser cabeleireiro, maquiador ou qualquer outra atividade mais "feminina", digamos assim.


Aí eu fico aqui só pensando o que é que o taco tem a ver com a caçapa. O homem não apenas desqualificou os gays, como também reduziu a praticamente zero a participação das mulheres na carreira militar. Tão equivocado quanto, foi o outro  - o almirante Luiz Pinto (ui!), que na tentativa de ser mais flexível, afirmou não ver nenhum problema no ingresso (ou permanência) de homossexuais nas atividades militares, desde que "mantenham a dignidade", uma coisinha na base da atual legislação norte-americana, que prega o tal "Don't ask, don't tell", proibindo que soldados gays e lésbicas assumam sua orientação sexual, bem como que sejam questionados sobre isso. Segundo o almirante, a "opção" sexual de cada um, desde que preservada, em nada interfere no bom desempenho das funções militares. 

Me espanta ver um montão de gente que se considera livre de preconceitos pensando dessa maneira. Caramba, mas desde quando alguém pode "optar" por uma coisa dessas? Quem é que acorda num belo dia e escolhe ser hetero ou homossexual? Oras, a única escolha possível para os gays é sair ou não do armário. É exercer o justo direito de viver conforme sua essência ou de acordo com o que os outros esperam. É pagar o preço altíssimo de expor francamente suas preferências  - como qualquer ser humano deveria ter a liberdade de fazer -  ou se calar e fingir, sufocando dentro de si todos os seus desejos. Quantos não são os homens casados, que têm até filhos, mas mantêm namorados escondidos ou saem à caça de transinhas furtivas com travestis?

Convivo com gays que são pessoas extraordinárias. Cultos, bem sucedidos, profissionais competentíssimos nas mais diversas áreas. Gente que sabe muito bem separar a vida sexual de todo o resto, como qualquer um deveria fazer. Em absolutamente nada me interessa o que fazem entre quatro paredes, cada um que se resolva nessa questão. Já faço muito se der conta da minha própria sexualidade. O que me importa, de fato, é que são pessoas cujas companhias me fazem um bem danado e que me acrescentam muito, no mínimo um papo genial, com tiradas divertidíssimas. Aliás, pode reparar, em geral os gays têm uma sagacidade muito acima da média, dizem coisas pra lá de marcantes.

Quando assumidos publicamente, então, têm toda minha admiração pela coragem. Ontem, por exemplo, fiquei encantada com a atitude de um atleta que vi na final da patinação artística masculina das Olimpíadas de Vancouver. Mesmo depois de ter sido alvo da maledicência de comentaristas da TV australiana, que dois dias antes fizeram piadinhas acerca da sexualidade do patinador, Johnny Weir não se intimidou. Depois da apresentação impecável (que mesmo assim o deixou no sexto lugar, afinal o pódio era pequeno pra tantos talentos), ao receber os presentes jogados pela platéia, fez questão de aguardar suas notas assim, todo florido:

Fala sério, tem culhão ou não tem? ADOREI esse cara! Pena que viva tão longe daqui. Mas tudo bem, afinal o "irmão gêmeo univitelino" que ele nem conhece é brasileiro e, igualmente resolvidíssimo, está lá no Big Brother, mandando uma bela bananona pros hipócritas de plantão. Olha só se incrivelmente um não é mesmo o focinho do outro (Serginho à direita):





É isso aí. Se assumir não é pra qualquer fracote não, precisa ser muito macho (sentido figurado, claro). Ainda que não seja a maior demonstração de coragem que um homem pode dar, significa a presença do discernimento fundamental, que possibilita até a um filhote de anta compreender definitivamente que o cérebro não depende do pênis pra funcionar com perfeição. Por isso mesmo é que no caso de certos machões (no infeliz sentido literal), propagadores de convicções instransigentemente viris e ignorantes, se tirar o pênis não sobra nadica de nada.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

E dá-lhe telecoteco!

Não vou dar uma de chata e dizer que não curto o carnaval. Tudo bem que a frase batidinha "Carnaval é o ópio do povo" até tenha seu fundo de verdade, mas acho um saco olhar as coisas só pelo ângulo da seriedade absoluta.

Desafio qualquer um, até o brasileiro mais reticente, a não sacudir pelo menos um pezinho quando a bateria de uma escola de samba dá o ar da graça. Podem me achar alienada (dane-se!), mas o ritmo da bateria me arrepia, acho lindo! Vou além, considero espetacular. A sincronia de tantos instrumentos juntos, a inovadora "paradinha" em determinado momento, a cadência, a animação, enfim, tudo emociona. Sem dúvida a apresentação de uma escola de samba é um espetáculo belíssimo.

Mas há umas coisinhas que me deixam mordida. Nem sempre o enredo é reproduzido com lógica e tem carnavalesco que viaja na maionese, misturando coisas "nada a ver". O mais engraçado disso são as observações absurdas feitas pelos comentaristas da TV que exibe o desfile, como se tudo fosse tão óbvio. É jardim do éden no meio do Palácio de Versalhes entupido de africanas amamentando índios e por aí vai. E "guenta" explicação filosófica pra um desatino desse nível!

E o grau de intimidade que os apresentadores globais demonstram com o povo da comunidade, então? "Olha aí a Dona Dodô, um baluarte do morro do Xerequequê! Está com 158 anos e não muda nunca, sempre com essa energia maravilhosa!". Afffffffffff!!!! É ruim de imaginar um global de papo furado com a Dona Dodô no topo do Xerequequê, não é não?! Até parece!

E dá-lhe bunda. Bunda de todos os tipos, tamanhos, cores, texturas. Close nas partes íntimas das "passistas", com câmeras que praticamente fazem colonoscopias a céu aberto, diante de milhões de telespectadores. As peladonas, por sua vez, se mostram meiguíssimas durante a entrevista, pra logo a seguir escancarar a buzanfa na avenida. É um tal de ritmista esfregando o pandeiro dele no pandeiro da gostosa, que dá nojo de olhar. E ódio, porque são bundas perfeitas, que se dependerem da minha praga logo estarão com mais buracos que uma ponkan das mais rechonchudonas.

Sou obrigada a confessar do que mais gosto nesses desfiles: adoro ver confusão. Gente que chegou atrasada e não conseguiu desfilar, destaques se borrando de medo em cima de carros alegóricos sem nenhuma segurança, fantasia que despenca antes do desfile começar, enfim, torço pra ter babado forte.

Talvez seja por isso que me divirto tanto na apuração das notas. Dá um bafafá danado, com um montão de gente revoltada e ameaçando bater no presidente da Liga, barracos geniais. Mas me irrita profundamente aquele cara que fala o "nome e sobrenome" da escola a cada nota que vai anunciar: "Es-ta-ção-pri-mei-ra-de-man-guei-ra, deeeeez... Noooooooooota deeeeeeeeeez!". Arre!

Por fim, me dá urticária o grito da galera ao ser anunciada a escola vencedora: "É CAMPEÃO! É CAMPEÃO!!!". Misericórdia, essa concordância rigorosamente equivocada estraçalha meus tímpanos!

Mas é isso aí, vamos em frente, porque agora tudo é só festa, alegria, telecoteco, balacobaco e ziriguidum!

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Cueca é coisa séria!

Há alguns dias atrás, depois de décadas sem contato, tive a alegria de reencontrar uma grande amiga pela Internet. Além da satisfação por saber como ela está agora e também poder partilhar minhas conquistas dos últimos anos, tem sido divertidíssimo relembrar certas passagens que se tornaram históricas.

Nessas de perguntar se uma tem notícia de fulano, outra sabe que rumo tomou beltrano, ela não perdeu a chance de relembrar um episódio memorável, que me fez rir um montão mais uma vez. No nosso trabalho tinha um cara que era uma figura. Todo galanteador, gostava de dar em cima da mulherada. Num papo sobre o que cada um iria querer como presente do amigo secreto, ele saiu com essa:

- Quero ganhar cueca. Mas não pode ser branca, tá? É que suja muito.

Socorrou-uou-uou-uouououou! QUE NOJO!!!!!!! Até hoje é impossível não associar a imagem do "gostosão" a uma bela freada de bicicleta. Imagino que ele também seja adepto da prática que um determinado primo meu adotou. Ele usa as meias primeiro do lado certo e depois as calça pelo avesso, achando que é a coisa mais lógica a fazer. "Ué, meia tem dois lados pra quê?!", justifica o porcalhão. Bom, papel higiênico também tem dois lados, não é não? Credo!...

Aí, num papo entre mulheres no último final de semana, contei o episódio acima e acabou surgindo um debate sobre cuecas. Muito se engana o homem que acredita que esse é um mero detalhe. Implacáveis, os homens adoram apontar suas preferências, condenando veementemente a boa e velha calçola bege, como se ela fosse mais brochante que os seis dedos do pé da Cicarelli, uma legítima antítese do Viagra. O que não passa pela cabeça dos exigentes, é que nós, mulheres, reparamos SIM (e muito) nas cuecas.

Creio que falo em nome de grande parte do universo feminino quando considero que este é um item fundamental pro sucesso do "vamos ver". Nem sempre uma mulher se mostra afoita pra que o sujeito se livre rapidinho da cueca pelo fato de estar empolgada, que fique bem claro. Pode ser porque prefere abstrair o que viu, numa tentativa heróica de retomar a animação que foi perdida logo de cara com a visão infernal.

Primeiro de tudo vem a cor. Acho que, como eu, há uma unanimidade na preferência pelas mais tradicionais preta ou branca. E lisas, sem estampa, pelamordedeus!!!!! Cores cítricas, nem pensar. Cueca vermelha acho que só fica bem pra salva-vidas. Rosa, então, é o fim. Pior ainda, só mesmo as cores absurdas, como mostarda, azul turquesa e por aí vai.

Outra coisa que se espera é que a cueca esteja em excelentes condições, claro. Neguinho que aparece com uma de elástico frouxo, desbotada e cheia de bolinhas, sem contar com eventuais furinhos, está pedindo pra mulher ficar com dor de cabeça crônica. E esse cuidado vale pra sempre, viu? Não interessa se é a primeira vez ou se já está com a mulher há trocentos anos.

Altamente brochante também é o tamanho da dita cuja. Cueca precisa ter a medida certa, o pano não pode sobrar nem faltar. O infeliz que se preocupa apenas com o conforto de criar o bicho solto e aparece com uma cueca que quando você olha jura que o defunto era maior, é lamentável. E o que dizer daquelas cuequinhas que mais parecem calcinhas? Misericórdia, cueca cavadinha e enfeitadinha, tipo essa é de lascar, ninguém merece!!!

Isso tudo sem contar com invencionices, que se não traumatizam definitivamente a mulher, provocam intermináveis acessos de riso. Cuecas engraçadinhas ou com apelo erótico ficam bem em gogoboys, mas num homem que se declara normal não dá pra levar a sério não!

Agora, o apogeu da falta de noção fica por conta das cuecas que promovem propaganda enganosa. Acredita que há homens que turbinam a retaguarda com cueca que tem enchimento no popozão? Tem até cueca com enchimento frontal, pra aqueles que se sentem menos favorecidos também na aparelhagem dianteira! Essa verdadeira revolução no underwear masculino surgiu no Canadá e se chama "Bottom-up". Bizaaaaaaaaaaaaaarro! Bem, mas caso haja algum interessado, pode encomendar suas pecinhas aqui.

Pra não errar jamais e garantir uma excelente primeira impressão, recomendo modelos clássicos, como boxer ou slip, ou até mesmo uma samba-canção de tecido bacaninha, tipo seda. Nessas horas, nada de invenções, por favor! Capriche sim, mas com bom gosto. Aprenda com as mulheres, que reservam suas calçolonas beges só pra dormir... SOZINHAS, evidentemente!



Ilustração de Ceó Pontual.