Às vezes me pego pensando em como seria se o japa, de repente, passasse a curtir umas circuladas pelos sites de relacionamento. Confesso que fico aliviada ao ver sua total falta de habilidade até para enviar um simples e-mail, muito embora o rapaz não vá para um plantão sem que esteja com o respectivo notebook embaixo do subaco (diz que é pra assistir futebol on-line). Ops... Um ligeiro cheirinho de chifre torrado passou por aqui...
Mas e aí, será que puladinha de cerca virtual indica infidelidade? Pensemos com calma sobre o assunto.
Suponhamos (supositoriamente, mesmo, ok?) que eu esteja desinteressadamente usando o computador do japa e, sem querer, escorrego para "Meus -dele!- documentos". Não que eu seja curiosa (longe disso), mas resolvo dar uma passadinha de olho pelas imediações e encontro uma pasta de contatos com alguns telefones. Do irmão (certo). Da mãe (beleza). Da Bebel (a vizinha pivetona, deixa pra lá, vai...). Da Marina (uma gostosa que já esteve a fim dele... tá complicando...). E de uma tal Bia (que jamais ouvi falar na vida!...), junto com o endereço de uma sala de bate-papo. Japadunsifernu!!! (>_<)
Cientistas de Sverdlovsk comprovaram que diante desse dilema, apenas duas possíveis explicações passam pela cabeça de uma tonta xereta: uma absurdamente ingênua e outra terrivelmente perturbadora.
A ingênua: ele é educadérrimo e não teve coragem de ignorar a mulherzinha, que praticamente implorou por sua atenção. Claro que jamais pensou em encontrá-la de verdade. Ô!... Olha a mulher que ele tem em casa!...
A perturbadora: ele fica galinhando na Internet, conheceu a piranha, pegou o telefone dela, encontrou com a bruaca de verdade e chegou em casa acabadaço, dizendo que estava no plantão. E eu acreditei porque, além de ser burra, ainda acho que ele fica se matando de trabalhar.
O que fazer para resolver o babado?
Hipóteses à parte, se desconfiar do parceiro e perguntar a ele o que se passa, é claro que vai ouvir a explicação absurdamente ingênua. E corre o sério risco de ser avacalhada, já que conseguiu a informação sobre a galinácea de forma praticamente ilícita por estar xeretando nos documentos dele (por documentos, nesse caso, entenda-se computador mesmo, ok?). Se não perguntar, será irremediavelmente assombrada pela possibilidade terrivelmente perturbadora.
A grande verdade, porém, é que de concreto mesmo, só há o telefone da mulher anotado por ele. E tecnicamente pegar um telefone não configura infidelidade (infidelidade é pegar outras coisas). É compreensível que pensar sobre a intenção que ele teve ao fazer isso é o que incomoda, porque produz uma possibilidade de traição, que pode ou não se concretizar. Mas, de qualquer maneira, a princípio nada aconteceu de fato.
Tá certo que navegando por aí a gente vai ficando expert em detectar galinhagem, especialmente masculina e, mais especialmente ainda, de homem comprometido. Isso é até divertido de observar quando a dona encrenca dá o ar da graça, pega o traste cascarça na mão e obriga o delinquente a se desfazer de todas amiguinhas que conseguiu no universo virtual, coisa que ele faz rapidinho, sem titubear (porque sabe que é só encher a patroa de chamego, dar um tempinho básico, que logo poderá voltar à safadeza).
Existe também o outro lado da moeda, que precisa ser levado em conta. Às vezes essa mesma mulher desconfiadíssima também tem amiguinho virtual dando mole pra ela, que não alimenta, mas ao mesmo tempo não corta o barato de vez. E como nada aconteceu realmente entre eles, é possível afirmar que trata-se apenas de uma inofensiva galinhagem virtual também, né não? Ela sabe disso muito bem, mas como será que seu parceiro interpretaria a situação?
Por isso, acho que o negócio é não esquentar a cabeça (já falei, chifre torrado fede). Se o relacionamento é construído com um grau de confiança bacana, onde há segurança e as regras do jogo estejam bem claras, se preocupar com hipóteses é uma tremenda bobagem.
Ilustração de Ceó Pontual.