domingo, 27 de novembro de 2011

Um amor de cachorrinha!


Quando a gente está numa fase péssima, não há otimismo que resolva. Acha que é moleza sair com a cabeça fervendo de uma prova de Direito Penal, cheia de perguntas cabeludas tipo "especifique os tipos de saída de preso"  - que por mim não teria que sair nem pra ver a luz do sol no pátio - e, logo em seguida, ouvir reclamação de vizinho sedento de sangue? Pior que o vizinho tá coberto de razão. Se um maldito pintor, além de passar o compressor no portão da obra ao lado, pintasse meu carro também, certamente eu ficaria fula da vida. 

Resolvidos os perrengues da prova e do vizinho, lá vou eu para um merecido descanso em casa. Antes mesmo de entrar, já visualizo um grande estrago: vidro da janela da sala estilhaçado por tudo que é canto. A belezinha da Kira, num desvario por causa de algo que avistou do lado de fora, arrebentou tudo. Respiro fundo e rogo paciência aos orixás, fazer o quê? Toca catar cacos no chão, remover outros tantos cacos que ficaram presos (bem presos!) na moldura do vidro... Limpa aqui, limpa ali, limpa lá. Detalhe: esse foi o segundo vidro que ela quebrou. Outro detalhe: terei que devolver essa casa inteirinha ao proprietário dentro de poucos dias, quando finalmente me mudo daqui.

Ufa!... Tudo resolvido, né? Não. Chegando à cozinha avisto papéis picotados no chão. Me aproximo mais e quase sofro um ataque cardíaco: não era um papel qualquer, era DINHEIRO!!!! O monstrinho - sim, ELA, de novo - conseguiu alcançar um envelope praticamente inacessível e mastigou a grana. Felizmente não se agradou do gostinho e só comeu pedaços de R$ 100,00, deixando o resto do dinheiro intacto. Espumando de raiva, vou procurar a pestinha, que alheia à confusão se diverte mastigando a tampa da garrafa térmica...

E assim tem sido, desde que esse pequeno tornado entrou nas nossas vidas... Tudo indo pro espaço: aparelho identificador de chamadas, fonte de notebook, fios dos aparelhos de DVD e Home Teather, chinelos, sapatos, roupas, portas, plantas... O que me consola é que já há uns meses a coisinha tenebrosa anda frequentando aulas de adestramento.

Então é isso... Vou indo nessa, conformada com a minha sina.

Ah, mas antes que me esqueça, vem cá: você não tá a fim de ganhar uma cachorrinha de presente não? A Kira vai adorar te conhecer!

Ilustração: THIAGO HOISEL

Greve de sexo

Ontem uma amiga ligou, me alugando num mimimi infinito. Foi traída pelo namorado e no meio das estratégias mirabolantes que bolou pra se vingar, estava a clássica "greve de sexo". 

Pera lá, deixa ver se me entra na cabeça uma coisa dessas: então quer dizer que o traste se aventura num fastfuck extra e a melhor manobra que a infeliz consegue imaginar pra dar o troco é fechar pra balanço? Choquei.

Já que não vai ter culhão pra mandar o sujeito ir catar coquinho de uma vez (única solução possível, na minha visão ligeiramente xiita), então que engula o sapo numa boa, oras bolas! Porque, cá entre nós, greve numa hora dessas é o que menos faz sentido na face da terra, né? Se tendo comida em casa o mané foi jantar fora, imagina só com a geladeira vazia!

Sei lá, viu?! 

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Fala sério, dá pra ignorar uma facada?

Acho incrível o poder que certas pessoas têm de relevar informações importantíssimas. Meu irmão é um desses. Alguém o chama pra conversar e depois de uma hora ele retorna como se nada tivesse acontecido. Minha veia jornalística quase explode de tanta curiosidade avidez pela informação:

- E aí, o que ele falou? CONTA!

- Nada, ué.

- Nada??? Como NADA?! Ficou na frente do sujeito durante uma hora inteirinha e ninguém abriu a boca? Francamente!

Tá legal, ser minimalista, hoje em dia, até que é bonitinho, tá na moda... Mas ontem ele extrapolou na economia de dados. Quando lhe pedi que fosse até o bar pegar um refrigerante ele me informou que não seria possível, porque o bar estava fechado. Como assim, fechado num dia útil e em horário comercial? O motivo me deixou de cabelo em pé:

- O homem levou uma facada. 

- Caramba, FACADA?! Mas como você sabe?

- Ele me contou.

- Mas e aí, o que aconteceu?

- Sei lá, pergunta pra ele!

- Essa não, não é possível que o próprio homem te contou e você não quis saber de tudo. Quando ele falou o que você disse?

- Ué, eu disse "ah, é?".

- Ah, vá! O homem chegou na sua frente, disse que levou uma facada, virou as costas e foi embora? Assim, como se nada fosse?...

- E eu lá quero saber da vida do homem?!...

Não. Não, não e não. Definitivamente NÃO. Inaceitável. Não há ser vivente neste mundo, capaz de articular palavras, que diante dessa informação não diria, no mínimo, MEUS DEUS!!! ou NOSSA!!! Mais que isso: como não querer saber o que aconteceu, tintim por tintim? Como não questionar devidamente a vítima? Cacete, a notícia exige um lead básico, pelo menos. Quê, quem, quando, onde, como e porquê. Cai a língua perguntar essas coisinhas, por acaso?

E o que me resta agora? Esperar que o homem reabra o bar e arcar com o prejuízo, porque pra ir lá perguntar terei que comprar alguma coisa, né? Puxa vida! 

Não é à toa que as mulheres estão conquistando tudo e mais um pouco. O segredo está nos detalhes e nas oportunidades, invariavelmente sempre desprezados pelos homens. Bobões!

Ilustração do genial Ceó Pontual.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Seriedade. É só o que peço!





Hoje o japa me ferrou. Pediu que eu levasse até a obra da casa nova (que está bem no finzinho agora) umas latas de verniz para os pintores. Só que esqueci a chave e como tinha acabado de sair da faculdade cansadona, não estava nada a fim de ter que esperar alguém pra abrir ou voltar depois. Olho, olho, e nada de surgir um cristão pra me acudir.

Tocar a campainha seria uma ideia razoável, se a porrinha estivesse funcionando (já a quebraram três vezes e olha que nem fui morrar lá ainda!). E nada de aparecer ninguém... Pensei: o jeito é berrar, né? Mas berrar por quem? Não sei os nomes dos pintores e a julgar pelo chefe deles (Dedé), imaginei que uma surpresa me aguardava.

Aliás, por que será que esse pessoal de obra é conhecido por nomes tão pitorescos? Na minha construção já passou de tudo: Tião (um clássico, já teve pelo menos três), Zé Cráudio, Wanderleysson, Tonho, Cabelo, Maicou (!!!) e até Zézin du Cocreti (ops!). Sinta só o drama de ter que dar uma dura bem severa num sujeito desses: Zézin du Cocreti, assim não dá, isso ficou uma droga! Alguém levaria isso a sério? Putz...

Liguei pro japa. Tão sacudido, certamente me diria o nome do homem. E o bonitão respondeu sem titubear:

- É Zé Barriga.

- Ahhh, não, né?... Acha que vou ficar gritando pelo Zé Barriga aqui na rua? Fafavô!

- Ué, mas é assim que o pessoal chama o cara! Hahahahahaha!

- Deixa pra lá, vou ligar pro Dedé, ele vai me dizer o nome do homem. 

Com o Dedé seria bem diferente, claro. Nossa relação de contratante e contratado fatalmente o obrigaria a tratar do assunto com maior respeito (ainda por cima vou pagar por um interurbano, porque o celular do homem é de Santos). Não deu outra:

- Ô Dona Tânia, grita aí Zé Barriga, que ele vem!

- Pô Dedé!... Até você?!

Ótimo. Vamos lá, fazer o quê?...

- ZÉ BARRIGA! Ô ZÉ BARRIIIIIIIIIIIGA!!! (putz, minha catchiguria toda indo ralo abaixo...) ZÉ BARRIIIIIIGAAAAAAAAA!!!!!

O povo da rua toda me olhando, quando escuto bem no cangote: Hehehe... tá me procurando, Dona Tânia? Ui, que susto! O homem nem estava lá dentro, sei lá de onde saiu e acho até que ouviu a gritaria a longa distância, por isso é que apareceu. 

Tsc, só comigo isso!... Um pouco de seriedade, por obséquio. Isso é pedir demais?