terça-feira, 29 de maio de 2012

Careca e com celulite. Magnífico!



Na minha casa tem fogão que emite milhões de apitinhos durante o cozimento das coisas. Tem geladeira que faz gelo picado, gelo em cubos, fornece água filtrada e gelada, tem degelo automático... Televisores com programação pra dormir, pra acordar e o escambau. Tudo inteligentíssimo.

Aí vem a quimioterapia. Burra. BUUUUUUUUUUUUURRA!!! Faz tudo que é pelo despencar, sem a menor cerimônia. Seria demais alguém inventar uma porra que tirasse só os pelos que a gente não quer e ainda tem que pagar pra se livrar? Vou além: os nerds dos cientistas não poderiam bolar uma quimio que mandasse embora também a maldita celulite?

Acho bem gozado isso, sabe? Muito engraçado mesmo. >_<

Ah, só pra ficar registrado: meus cabelos começaram a cair ontem à noite e tô à espera da cabeleireira, que já já vem aqui com a tenebrosa máquina zero. Já chorei o que tinha pra chorar. Agora é seguir em frente, que não tem outro jeito.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Quando a gente gosta é claro que a gente cuida...




Cantoneira protetora na mesa da cozinha, porque não posso me machucar de jeito nenhum agora (pequenos ferimentos são portas de entrada para infecções).

Esse japa não existe! 

domingo, 27 de maio de 2012

Amargurada por causa de um traste


"Vi o seu blog e lá encontrei seu e-mail, e por isso resolvi escrever por aqui, porque não tive coragem de escrever lá. Tenho câncer de mama e desde que fiquei doente meu marido me despreza, pois todas as vezes que ele quer carinho eu não tenho ânimo para namorar. Portanto sou desprezada e o desprezo dói mais que o câncer. Ele vive dizendo que está cansado disso e que vai acabar me largando. Me isolei do mundo, às vezes estava conversando com as pessoas e esquecia o que estava dizendo elas riam na minha cara e até meu marido ri de mim, fala que eu estou bichada. Eu me odeio, eu não sou gente, me sinto um monstro, feia, semblante caído, ridícula etc,etc…. Não sei mais o que fazer. Bjs."

Caramba... Por onde começar? Bom, começo dizendo que a publicação do e-mail acima acontece com a devida autorização de quem o enviou pra mim. 

Estou desde ontem tentando encontrar as palavras certas pra ajudar de alguma forma e não sei se vou conseguir, mas vamos lá. Temos aqui a delicada situação de uma pessoa extremamente fragilizada por uma doença naturalmente complicada, agravada pela clássica e cruel interferência de um traste. 

Parece inimaginável que alguém possa passar por isso, justamente num momento tão difícil. Mas, infelizmente, o resultado das péssimas escolhas que alguém faz no decorrer da vida não tem hora pra se manifestar. Ou melhor, tem sim. É bem no meio do perrengão que se descobre quem é quem de verdade e paga-se o preço por isso.

Legal é que no meio de um bom sufoco a gente se dá conta do tantão de coisas importantes que precisam ser definitivamente aprendidas. E que não importa se a escolha foi boa ou não, sempre é possível mudar tudo e recomeçar de outro jeito. O pulo do gato é transformar uma situação cascuda na melhor oportunidade que se tem pra evoluir.

Neste caso, particularmente, acho muito importante saber separar as coisas e estabelecer prioridades. Câncer exige dedicação e objetividade. Comece arregaçando as mangas e cuide de si mesma (se possível, cuide SÓ de você agora). Não há outra forma de enfrentar isso, se não for bem egoísta nessa fase de sua vida. Então, perceba: quem está doente é VOCÊ, não ele; por isso, faça valer seu direito de receber carinho e atenção agora. Se ele não consegue entender sua condição, se não sabe se doar nessa hora, problema dele. Comece a entoar um mantra poderosíssimo logo que abrir os olhos todas as manhãs: "fooooooda-se!". E mentalize o mesmo mantra sempre que precisar encarar qualquer pessoa que não consiga compreender sua situação atual. É feio, eu sei. Mas funciona que é uma beleza!

Com ou sem câncer, jamais admita falta de respeito. "Bichada" (ah, mas eu queria que alguém tivesse o topete de falar isso pra mim!...) é a índole de quem não consegue se colocar no lugar do outro, não ajuda em nada e, ainda por cima, faz questão de atrapalhar. Francamente, hein?! Mas, fique atenta: a gente sempre atrai pra nossa vida aquilo com o que nos sintonizamos. Enquanto você não estiver pronta pra se compreender e agir de forma totalmente honesta e corajosa, continuará atraindo só gente lamentável pras suas relações. 

Portanto, comece desde já. Onde é que já se viu tratar a si mesma com tamanha desvalorização? "Me odeio, não sou gente, me sinto um monstro...". Deus do céu! Olha só:

1. Ninguém escolhe ficar doente, você não tem culpa nenhuma por isso. Acontece com qualquer um, a qualquer hora;

2. O tratamento maltrata sim, mas há um montão de coisas fáceis e baratas que você pode fazer pra minimizar o estrago. Aqui e em muitos outros blogs e sites há dicas bem legais pra melhorar a estética nessa fase;

3. Faça um favorzão à sua mente e mantenha-se ativa, seja com exercícios físicos, trabalhos manuais, sei lá mais o quê. Assim terá menos tempo pra sentir pena de si mesma e, de quebra, favorecerá bastante sua recuperação física;

4. O emocional fica bem abalado, claro, especialmente num caso assim, onde além de lidar com a doença há também a convivência com um péssimo parceiro (que tal começar a pensar em se livrar dele? Vale o velho ditado: antes só do que mal acompanhada). Uma ótima ideia seria procurar um profissional sério - psiquiatra, psicoterapeuta etc - pra auxiliar na busca por novos caminhos. Caso não possa pagar, é possível encontrar atendimento gratuito nas grandes universidades, além dos grupos de apoio que se reúnem em diversos hospitais. Em São Paulo, por exemplo, tem o Grupo de Apoio Amor à Vida, do Hospital A.C. Camargo, que realiza um trabalho fantástico com pacientes de câncer e seus familiares (informações AQUI).

Bom, agora você já sabe o que pode fazer... SE SACUDA, MINHA FILHA!!!

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Como usar echarpes, lenços e pashminas



Entre os acessórios que acho mais charmosos estão os lenços, echarpes e pashminas. No meu caso, com a cabeça e pescoço pelados, esse recurso tem dupla função: aquecer e embelezar também, claro. 


Sempre admirei mulheres (e homens também, por que não?) que sabem usar essas coisas com naturalidade e elegância. Acho que valorizam bastante o visual e transformam qualquer roupitcha básica em figurinos bem bacanas. 


Andei pesquisando várias possibilidades e achei esses vídeos bem legais:


Amarrações para o pescoço





Lenços na cabeça





Ah, encontrei a touca que a Heloisa mostra no vídeo aí de cima aqui. Bem baratinha (R$ 5 a embalagem com duas unidades) e utilíssima pra usar lenços de seda, que escorregam na cabeça.


Pashminas (chique de doer!)





Agora, com a chegada do inverno, vale a pena investir nessas peças, que em geral são bem baratas e oferecem um montão de possibilidades. Minha coleção já está imensa! Mesmo assim, fica a dica: ADORO GANHAR ESSAS COISAS, TÁ? ;-)

quinta-feira, 24 de maio de 2012

É das carecas que eles gostam mais!


Hoje foi dia de ver de perto as alternativas possíveis pra cobrir minha iminente carequinha. Semana que vem, inevitavelmente, meus cabelos começarão a cair. Não vou dizer que tô tirando isso de letra, porque não é verdade. Acho até que, pra qualquer mulher, muito mais impactante do que saber que se tem câncer é a certeza de ter sua vaidade atacada com tamanha crueldade. Tá certo, já sei: cabelo cresce. Também tô careca (mentira, ainda não!... hehehe!) de saber que a vida é infinitamente mais importante que a estética e por aí vai. Mas não tem jeito, sou mulher e isso é foda mesmo, incomoda (machuca a alma), fazer o quê? Então, reclamo. E reclamo porque posso, tá? Sou cancerosa agora, posso muitas coisas.

Aí fui numa empresa bacanérrima aqui de Sampa, cheia de frufrus mil, pra conhecer os sistemas que melhor se enquadram no meu caso de calvície temporária. Depois de muito pesquisar, ao contrário do que muitos indicam e do que eu imaginava, a prótese capilar (falei sobre ela nesse post aqui) não é uma boa opção, por diversas razões. Primeiro porque é caríssima (R$ 2.500 uma de cabelo supercurto) e será usada por pouco tempo, afinal, duvido que depois de passar por um sufoco desse alguém guarde o acessório bizarro como lembrança; a cola, apesar de hipoalergênica, pode sim causar reações indesejáveis no couro cabeludo; o crescimento do próprio cabelo da pessoa pode ficar comprometido com o uso constante da prótese; enfim, hoje me deram mil motivos pra não comprar esse negócio. Por isso, toca olhar as perucas. 

Experimentei uma porção, todas curtinhas e com cabelos bem parecidos com os meus. E sabe o que achei? UM HORROOOOOOOR!!! Já na primeira, ligeiramente avermelhadinha, me senti o próprio Didi Mocó (!!!). Jesus amado, o que que era aquilo?! E bota outra, outra e mais outra... Socorro, tira isso de mim, tira, tira, tiiiiiiiiiiira!!!! Nada deu certo. Não porque fossem feias, eram até muito naturais e bem acabadas, além de caras também - R$ 1.500 de cabelos naturais e R$ 900 as sintéticas. O problema é minha testinha a la homem de neanderthal, pequena demais pra segurar o engodo no lugar mais adequado. Caramba, ter cabelos que crescem praticamente a partir das sobrancelhas é o fim! E achei que aquilo pinica também, não dá mesmo.

Mas ainda que ficassem perfeitas, também não resolveriam meu problema. Hoje consegui me compreender ainda melhor e vi que não consigo viver de disfarces. Não sou contra quem prefira camuflar esse tipo de situação, cada um é cada um, mas pra mim, definitivamente, não dá. Então, tomei a grande decisão: nos próximos meses SEREI CARECA. Afinal, usaria peruca apenas pra evitar ficar chamando a atenção e ter que explicar minha situação a todo instante. Mas reparei que se usasse a pecinha, precisaria dar duas explicações: sobre minha doença e o porquê de estar usando algo tão medonho na cabeça. Não quero não. 

E é assim, com o nariz empinado, brincos, maquiagem e lenços incríveis que todos me verão nos próximos meses. O japa que se vire e dê conta do recado, fafavô. Dormirá com o Kojac do lado e vai ter que catar assim mesmo. Ah, vai! E bem catadinho, faço questã.

Porque tenho câncer SIM. Vou ficar careca SIM. Feia? Talvez. Sei lá se é das carecas que eles gostam mais. Bom, nem é, mas dane-se. Como tão sabiamente diria meu queríssimo amigo e blogueiro Bratz (logo logo seremos cara de um, focinho do outro), enfim, é o que tem pra hoje! E quem gosta de mim DE VERDADE, gosta com ou sem cabelo. Pronto e acabou. 

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Beleza no meio do sufoco



Quando a gente tem uma coisinha que não tá muito legal, logo corre atrás do amigão Google, né? E é assim que ando, desde que descobri essa pequena porra na minha vida. Mas não demorou nada pra perceber que triagem é fundamental. O que tem de bobagem é inacreditável. Mitos, péssimas impressões, enfim, coisas que te fariam se matar antes de encarar o tratamento.


Aí, resolvi que não quero mais saber de informações médicas. Vou deixar isso só por conta do povo que está cuidando de mim, que tá bom demais. Por outro lado, tenho visto dicas superlegais de beleza, que servem pra todas as mulheres.


Com a imunidade quase zerada, não poderei mais tirar as cutículas até que a quimio termine e isso só acontecerá em novembro! Aí descobri uma pomadinha milagrosa, que estou usando já há dois dias e dá um resultado bem bacana. As cutículas afinam mesmo e aquelas pelinhas indesejáveis desaparecem. Hidratação total, por um precinho bem camarada, só R$ 14,50! Olha que já testei de tudo pra isso e nada funcionou tão bem. Vale a pena mesmo. Comprei AQUI. Chegou pelo correio direitinho, no prazo combinado.




Outra coisa que achei bacana e testei foi preencher as falhas de sobrancelhas (que também vou perder logo) com o Lápis 6B Faber Castell. Apesar de ser um lápis pra desenho, tem ponta macia, não machuca. A vantagem é que, ao contrário dos lápis normais de sobrancelhas, este não cobre os pelos, só a pele, o que dá uma aparência muito mais natural. Fica ótimo e custa bem baratinho, só R$ 1,80. Mas não serve pras loiras, já que a cor é um pouquinho acizentada.




Gostei também de um aplicador para cílios postiços, coisa que me atrapalho demais pra fazer, especialmente porque não enxergo direito... Colocar cílios usando óculos é impossível, né? Uma bosta! Aí, nesse SITE (muito legal), encontrei esse trequinho, inventado por japas (só podia!), que facilita demais e não tem erro. Custa só R$ 18,00!




Tem até um vídeo que mostra como se usa, olha só:





Então, por enquanto é isso. Muito a contragosto, até fico temporariamente cancerosa, mas não embarango jamé! Vou fuçar outras coisas e depois conto mais. Até!



terça-feira, 15 de maio de 2012

Metralhando o safado do tumor



Primeira sessão de quimio hoje... Xixi vermelho, que lindo! :-)


Já tinha publicado a postagem quando reparei no tantão de gente que está me ligando e escrevendo pra saber como é feita a quimioterapia. Então, explico. Há diversas maneiras, de acordo com o planejamento que é feito pelo médico, que leva em conta o tipo de câncer, estágio, condições do organismo etc etc etc. Comigo foi assim:


Ao chegar na clínica já fui recebida com beijos e abraços das enfermeiras. Carinho é bom, ajuda muito! Aí escolhi o supersofazão onde iria me sentar. Macio, quentinho, ajustável nas costas e nas pernas. Dia frio, então lá vem uma mantinha muito fofa, perfumada... TV ligada na Ana Maria Brega, chocolate quente, biscotinhos, japa do ladinho acariciando meus cabelos, vamos lá, tô mais que pronta!


Tudo acontece de forma muito simples, como se fosse uma aplicação de soro (cateter no braço). Primeiro é colocada uma medicação para evitar náusea (corre bem rapidinho, menos de cinco minutos). Em seguida, vem uma substância que "lava" as veias para receber a quimio (rapidinho isso também). Aí vem a famigerada, bombástica, temida, terrível  - mas salvadora - vermelhinha. Será ela a responsável pela minha inevitável carequinha dentro das próximas duas semanas. Tô forte, consciente, tá tudo bacana... Mas confesso que me deu um nó na garganta quando acompanhei a vermelhinha vindo até entrar no meu corpo. Chorei. Um pouquinho só, mas chorei sim. A vermelhinha corre bem rápido também, uns 10 minutos. Então vem outra medicação, branquinha, mais lenta, que corre em 40 minutos (só nessa aplicação senti uma coisa diferente, ardor no nariz, que logo passou). Pra finalizar, coloca-se a substância que dá aquela "lavada" na coisa toda e pronto. C'est fini!

Não me senti mal e, por enquanto, tô muito bem. Só com a boca e a garganta um pouco secas, nada de muito desconfortável. Vamos ver o que acontece nas próximas horas. Bom, tô tomando um tantão de coisas pra amenizar os efeitos colaterais, espero que funcionem bem.

O importante, mesmo, é que já começamos a trucidar o tumor, esse salafrário duma figa. Toma, patife! Não contava com essa, né?! Aháááá!

Então, é assim... Desconstruindo para reconstruir ainda melhor. Vamu que vamu!

“De tudo ficaram três coisas:
A certeza de estarmos começando
A certeza de que é preciso continuar
E a certeza de que podemos ser interrompidos antes de terminar.
Então, façamos da interrupção um caminho novo
Façamos da queda um passo de dança,
Do medo, uma escada,
Do sonho, uma ponte,
Da procura, um encontro.”


(Fernando Sabino)



Tá vendo só? De tudo sempre fica um pouco! MESMO!




Obs.: Sei que o espaçamento entre os parágrafos aí de cima tá errado, mas não consigo consertar. É sempre assim quando se mexe num texto já publicado, um cocô. Aliás, quem souber como é que se faz isso, diz aí, fafavô!