sexta-feira, 19 de julho de 2013

Câncer de mama tem cura SIM!



Logo logo não precisarei mais escrever sobre o câncer de mama, pelo menos não mais sobre o meu, já que tô na retinha final do tratamento. 

Do ano passado pra cá tentei passar o máximo da experiência que adquiri com esse sufoco, contando sobre o diagnóstico e todos seus desdobramentos: quimioterapia, mastectomia radical com reconstrução simultânea, além da radioterapia e da retirada/recolocação da prótese. Também já falei sobre os efeitos do Tamoxifeno, que vai me acompanhar pelos próximos cinco anos. 

Agora, o que me resta é deixar uma mensagem de otimismo pra todas as mulheres que estão enfrentando esse perrengue. Sigam em frente, firmes e fortes, porque quando menos perceberem... puf!... já passou! E que delícia é superar cada dificuldade e se aproximar cada vez mais da vidinha normal de novo! 

Câncer de mama, queridas amigas, tem cura SIM!!!

E chega disso, que agora quero brincar de outra coisa.
"Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento." (Clarice Lispector)



quinta-feira, 11 de julho de 2013

Bofe "tô-nem-aí" (fuja dele!)


Hoje quero falar sobre um treco que acho importantíssimo num relacionamento afetivo: GENTILEZA. Sobre a importância de se investir na relação, de não achar que depois de uns pegas nem é preciso desgrudar a bunda da cadeira, supondo que a outra pessoa tá no papo. Afinal de contas, dá muito mais trabalho viver junto que sozinho, né bem?

É engraçado que nos momentos "pré-pegação" muito homem mostra ser o que não é. Se faz de fofo, gentleman... Tá, vamos combinar que ninguém vai confessar logo de cara que tem todos os cds do Amado Batista, não é verdade? Nem que arranca catota do nariz e gruda embaixo da mesa. Mas há valores que devem ser observados logo no início do "causo", pra depois não haver decepção. Já no primeiro momento repare no comportamento do rapaz, se ele te trata com carinho, se se preocupa com você (serve para mulheres também, essa é uma via de mão dupla). Veja como ele trata as outras pessoas, esteja atenta às suas opiniões e atitudes. Um sujeito que adora contar vantagem, que dá porrada em todo mundo, que se acha lindo de morrer, enfim, que se sente a última gotinha de champanhe Clos d'Ambonnay do planeta, simplesmente não tá com nada. 

Gentileza virou artigo de luxo. Não se trata de fazer apologia à manezuda que espera um homem dar a volta no carro pra lhe abrir a porta, como se ela fosse uma inútil. Gentileza, especialmente numa relação afetiva, se manifesta em pequenos detalhes. 

Por exemplo, tome a iniciativa de pagar a conta - ela acaba chegando junto, assim que se sentir mais à vontade. Mas PAGUE a conta no primeiro encontro, sem titubear. Homem pão-duro (ou pior: DURO!) é o ó. Brochaaaaaante!... E olha que essa não é apenas uma questão de gentileza, mas também de estratégia: assim ela não perde tempo com burocracia e vai logo pensando se depois vai querer te dar ou não. 

Tem gente que acredita que basta conseguir um "sim" do outro e pronto, fechou geral, tá podendo forever. Uma relação saudável e contínua exige atenção, foco, investimento e, acima de tudo, dedicação. 

Generosidade também é uma coisa bacana, sabe? Tipo: reparou que escapuliu um punzinho do lado de lá? Finja-se de morto, releve (ainda que o gás seja hilariante). 

O relacionamento vai despencando a cada pequeno abandono, a cada ligação que não foi feita, a cada mensagem que não foi enviada, a cada momento de indiferença, a cada gesto rude, a cada coisinha legal que não foi dita... 

A gente não quer encontrar homens perfeitos. Buscamos homens que nos façam sentir mulheres perfeitas! As mais bonitas, as mais cheirosas, as mais gostosas, as mais inteligentes... E nem é preciso ligar o dia inteiro pra dizer isso. Basta saber aproveitar pequenas oportunidades que surgem o tempo todo. É difícil?

terça-feira, 9 de julho de 2013

Tamoxifeno: coisinha infernal (e indispensável)


A cerejinha do bolo no tratamento do câncer de mama é o danado do Tamoxifeno. Que diabos vem a ser isso? Simples: Tamoxifeno é um modulador seletivo do receptor de estrógeno oral. Hum... Cuuuuuma??? A verdade é que esse remédio dá aquela segurada no câncer, porque bloqueia os efeitos do estrógeno - que é o causador do câncer de mama na maioria dos casos - e reduz as chances da doença voltar, afetar a outra mama ou se espalhar por outros órgãos. 

Lógico que o "Tamox" (esse é meu jeitinho carinhoso de chamar o encardido, afinal somos íntimos, ficaremos juntos por cinco anos!) tem uma função fundamental no sucesso do tratamento do câncer de mama. Mas que o patife tem um montão de efeitos colaterais, ahhhh, isso tem! O pior deles, sem dúvida alguma é o esquenta-esfria, dia e noite.


Pode estar um frio do Alaska que, de repente, sem mais nem menos, a cabeça da pobre pessoa pega fogo. Em seguida o calorão espalha geral, fazendo com que se perca completamente a vergonha na cara e arranque tudo que é roupa do corpo. E lá vem suor em bicas! 


Pouquíssimos minutos depois a temperatura despenca de uma vez só e a criatura corre pra se agasalhar, tilintando de frio. Brrrrrrrrrr! Como eu falei, isso tudo acontece rapidinho e seria até suportável, se não se repetisse milhões de vezes durante o dia e, PRINCIPALMENTE, à noite. E dá pra dormir gostoso desse jeito? NÃO, NÉ?! Tô virando um zumbi. 

O pior é que não há remédio pra isso, o jeito é se acostumar. Embora esse efeito colateral seja bem parecido com os sintomas da menopausa, não é aconselhável usar comprimidos à base de soja (isoflavonas, por exemplo) quando se teve câncer de mama. É que a soja possui substâncias conhecidas como fitoestrogênios, que apresentam estrutura química muito similar ao estrogênio, e pode influenciar de forma negativa na evolução do câncer. 

O safado do "Tamox" ainda pode provocar um montão de outros efeitos colaterais, como problemas na visão, ginecológicos, tromboembólicos etc. Mas tudo isso é perfeitamente contornável quando se está atenta aos sintomas. É só ficar de olho e relatar qualquer problema ao médico rapidinho. 

Outra coisa bem chatinha é que o metabolismo também pode ficar mais lento e a pessoa dá uma enfofada daquelas. Aí não tem outro jeito: é fechar a boca para as delícias hipercalóricas e mandar bala na malhação. Garanto que dá certo, porque tô indo pro terceiro mês de "Tamox" e emagreci ao invés de engordar, pelo menos por enquanto.  

Então é isso, vou em frente sem reclamar muito, porque se não tivessem inventado essa desgraça belezura eu estaria bem ferrada, sabe? Xô doencinha macabra, até nunca mais!

domingo, 7 de julho de 2013

JÁ TÔ QUASE NORMAL! Como se isso fosse possível...


Cof, cof! Poeirão, teias de aranha... Rapaz!... Faz tempo que não apareço por aqui! Tenho um montão de coisas pra contar, mas agora quero apenas dizer como estou, com o tratamento do câncer praticamente finalizado.

Quando falei sobre esse assunto na última vez eu já tinha terminado a quimioterapia, feito a cirurgia - mastectomia radical e reconstrução da mama ao mesmo tempo - e também contei sobre uma complicaçãozinha que havia surgido em relação à prótese. Pois bem, essa pequena complicação transformou-se num problemão (a pele não cicatrizava num determinado local e acabou contaminando a prótese) e em 25 de dezembro  - sim, no dia de NATAL!!! - voltei ao centro cirúrgico, dessa vez pra retirar a prótese e o resto do mamilo que havia sobrado. Foi punk, chorei à beça, não queria ficar sem a mama de jeito nenhum e, pior, sabia que seria obrigada a aguardar seis meses pra poder recolocar a prótese. Paciência, fazer o quê, né?!

Depois disso fui pras sessões de radioterapia, 28 no total. Isso foi bem tranquilo, porque a exposição diária à radiação é rapidinha e não dói nada. A pele fica manchada onde recebe a radiação (afinal, é como se estivesse sendo queimada um pouquinho a cada dia), mas isso vai sumindo. Minhas sessões de radio terminaram há quatro meses e agora minha pele já está ótima, apenas com uma manchinha quase imperceptível, que vai desaparecer totalmente em breve.

Há um mês fiz a cirurgia de recolocação da prótese, agora por baixo do músculo pra evitar complicação. Só que, inacreditavelmente, o problema de falta de cicatrização no mesmo local estava se repetindo, o que poderia fazer com que houvesse contaminação e necessidade de retirada de novo. Aí meu médico foi rapidão e deu tiro pra tudo que foi lado. Depois de três semanas de antibióticos cascudos, curativos com Rifocina, drenagem linfática dia sim - dia não, além de 10 sessões na câmara hiperbárica (que deixou minha pele sen-sa-cio-nal!!!), parece que vencemos de vez o problema. Amanhã vamos retirar a microporagem e ver qual foi o resultado final. Tô animadíssima, sei que deu tudo certo.

Assim, aos pouquinhos, minha vida vai retornando ao normal. Mesmo sem poder caprichar nos exercícios físicos por enquanto, já perdi 13 dos 22 quilos que ganhei com a quimio. Sobrancelhas, cílios e unhas totalmente normalizados e ainda melhores que antes. Os cabelos já cortei quatro vezes, porque ainda não estão do jeitinho que eram - vieram secos, duros e ondulados. Felizmente, como falou meu oncologista, esse aspecto está melhorando bastante a cada dia. Segundo ele, só depois de um ano de terminada a quimio é que os cabelos voltam completamente ao normal. Danadão, e não é que é assim mesmo?! Por isso, resolvi não cortar mais. Enfim, tô bem feliz comigo mesma, me vejo muito mais bonitinha agora.  

Já há dois meses estou tomando o Tamoxifeno (que auxilia na prevenção da reincidência do câncer de mama), coisa que farei diariamente até completar cinco anos. Ainda vou fazer uma postagem especial só pra falar deste remédio, que é um capítulo à parte. Ô coisinha esquisita!

Então, é bem assim: o câncer de mama me viu, foi com a minha cara, me agarrou e, se eu bobeasse, não me largaria mais. Só que se antes dele eu já não era exatamente um amor de pessoa, pensa só como é que fiquei depois desse choque de realidade... Contrariando todas as expectativas de que quem passou pelo câncer vira santo, agora sou muito mais tinhosa do que era antes. E chutei o câncer pra lá. E chuto tudo que me atrapalhar daqui pra frente, sem mais mais. Me transformei numa mulé ruim, péssima, no poste que mija no cachorro! Muito cuidado comigo, é só o que posso dizer.

Bom, agora, pra ficar tudo 100% belezinha, faltam apenas mais duas cirurgias: simetrização da outra mama (provavelmente com colocação de prótese também) e reconstrução do mamilo que foi perdido. Depois disso, meus caros, c'est fini, forever. Ufa, ufa, ufa e milhões de ufas! 

Ilustração: CEÓ PONTUAL