Recebi algumas críticas por causa de duas postagens que fiz recentemente e resolvi falar sobre isso.

Respeito essa opinião e peço perdão pela acidez, mas mantenho meu ponto de vista. Vivemos tempos de banalização da cultura em detrimento da ânsia pela fama e por dinheiro fácil. Uma bunda gostosa é passaporte garantido para que se tenha destaque na mídia. Vozes sem o menor potencial são afinadas através de programas de computador, que transformam cantores medíocres (pra não dizer inviáveis) em recordistas de vendas. E é pra esse meio - que chega a ser promíscuo pelo desejo ilimitado de aparecer - que pais ambiciosos empurram suas crianças. O risco até valeria a pena, caso houvesse algo realmente interessante a ser exibido. Um talento verdadeiro necessita de reconhecimento e é digno de ser apreciado, sem dúvida. A despeito dos cruéis padrões de estética, recentemente Susan Boyle e Paul Potts provaram isso para o mundo, através do Britains Got Talent.
Mas, repito, não era o caso da criança em questão. Fora o fato de ser bem feiosinha mesmo (ok, isso não tem rigorosamente nada a ver, admito), a menina era totalmente sem graça e não mostrou nada de relevante, inclusive piorando bastante a piada que já era péssima, com seu desempenho sofrível. Mas recebeu a premiação máxima de jurados visivelmente constrangidos, simplesmente porque tratava-se de uma criança. É óbvio que colocar a menina na parede e lhe dizer umas verdades seria impraticável, por não ser confortável pra quem teria essa dura missão (e também pra quem assistia) e, principalmente porque a própria menina ainda não tem o discernimento necessário pra aguentar o tranco. Então, cabia justamente a quem evitar o triste espetáculo? Imagino que essa deveria ser a função da mãe, aquela que supostamente ficaria chateada ao ler minha postagem. Uma coisa é permitir gracinhas no meio da sala da própria casa, para admiração da vovó, da titia, do papai... Outra muito diferente é expor uma criança sem talento algum à opinião pública, com o intuito de fazê-la aparecer e ganhar uns trocados.
Odeio a política de "passar a mão na cabeça", assim como também condeno quem se aproveita da fragilidade alheia. É isso.
A outra crítica veio através de um comentário postado ontem, anonimamente, a respeito do recente tópico "Tem gente que adora brincar com a sorte". Veja o que foi dito:
"Quem disse que pobre não tem o direito de namorar também? Não ter dinheiro no bolso e não saber falar direito não é pecado, no Brasil a maior parte do povo é assim. Quem muito escolhe acaba ficando só."
Começo tentando entender o porquê do anonimato. Pra mim, a falta de identificação já sinaliza pouca convicção no que foi colocado.
Como pode ser percebido, este blog não tem nenhuma restrição em relação a comentários. Não há moderação e, portanto, automaticamente aceito toda e qualquer opinião, venha de quem vier, me reservando apenas o justo direito de responder ao que for dito pelos leitores (antes de tomar mais paulada, aviso logo que não tenho nada contra o sistema de moderação, tá?).
Já afirmei muitas vezes que não me considero dona da verdade e até me acho uma coió de mola em certas questões, mas uso e abuso deste espaço, que criei sem outra pretensão, a não ser a de apenas expor minhas próprias ideias, sejam elas apoiadas ou não. E faço isso de cara limpa, sem o menor receio de defender meus pontos de vista e de me redimir também, caso seja necessário.
Mas me deixa comentar as pérolas, enviadas sabe-se lá por quem...
Quem disse que pobre não tem o direito de namorar também?
Sei lá quem disse. Só sei que eu é que não fui. Basta reler com muita calma o que escrevi, já que o conceito é demasiadamente "complexo". Veja:
"Tá legal, mesmo com poucos recursos todo mundo merece ser feliz e pode se relacionar com quem bem entender. Também não acho que o êxito de uma união esteja vinculado a aspectos sociais e financeiros, afinal tem muito riquinho por aí que não vale um dente de alho."
Não ter dinheiro no bolso e não saber falar direito não é pecado...
Bom, não ter dinheiro no bolso é um tremendo azar, isso sim. Já não saber falar direito, dependendo de quem se trata, é pecado sim e merece a fogueira do inferno pela eternidade e mais algumas horinhas. Expressões regionais fazem parte da cultura popular e as considero perfeitamente admissíveis, além de muito curiosas. Da mesma forma, pessoas que não tiveram acesso mínimo à formação acadêmica por falta de oportunidade, também perdôo. Mas sou implacável com qualquer um que não fala direito por puro desinteresse. Vai me dizer que um fulano que usa a Internet pra ficar "azarando" mulher não pode dispor de um tempinho pra melhorar o próprio vocabulário? As informações estão todas na frente do preguiçoso, basta clicar e aprender. E isso vale pras caçadoras analfabetinhas também. O mínimo que um ser humano decente pode fazer, na minha opinião, é saber se comunicar no próprio idioma, não é não?!?
...no Brasil a maior parte do povo é assim.
Que constatação triste, meu Deus! É péssimo reconhecer que a afirmação não está nada distante da verdade. Pior que isso, só mesmo ver alguém achando que ignorância é uma coisa aceitável. Se nivelar no que existe de mais raso e se conformar com isso é simplesmente lamentável.
Quem muito escolhe acaba ficando só.
Vamos a um exemplo prático. Há duas maçãs na sua frente. Uma está bichada e com um pedaço faltando. A outra está vermelhinha e inteirona. Qual delas você pega? Agora vamos piorar a situação: as duas maçãs estão bichadas e em estado ruim. Você fica com qualquer uma só porque não há outra à sua disposição? Ou prefere procurar por outras, mais adequadas ao seu nível de exigência, ainda que não as encontre de imediato? Bom, não sei os outros, mas se for pra mastigar bicho, prefiro ficar sem comer maçã nenhuma. Com pessoas, acho que isso também é assim. Só que, ao contrário das maçãs, que ficam comprometidas naturalmente e de forma irreversível, tem gente que não melhora só porque não quer. Conheço centenas de casos de pessoas que não puderam contar com muitos recursos e se tornaram vencedoras por esforço próprio (esse é meu caso, inclusive). Por isso, reafirmo que quem deseja o melhor pra si e prefere não complicar a vida, não deve aceitar menos do que merece, apenas pra não correr o risco de ficar só. Investir (e insistir) numa relação onde a outra pessoa não está disponível sequer pra se comunicar, como foi o caso relatado na postagem, me parece uma insanidade. Invariavelmente, porém, esta é apenas uma questão de escolha, cada um que faça a sua. E que não se lamente depois.
Bom, é isso aí. Até a próxima!