quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Quimioterapia: o que ela fez comigo. E o que eu posso fazer com ela! (2)


Já há um bom tempo venho prometendo a mim mesma que vou reformular o blog, mas cadê que me sacudo? Assim, ultimamente só o que se vê por aqui são postagens antigas, poeira, teias de aranha... Juro que vou melhorar isso. Mas, enquanto a reforminha básica não acontece, vou atender a pedidos e reeditar uma postagem de 2012, que até hoje é muito acessada, mas acabou ficando confusa, já que vários dos produtos indicados estavam linkados a webpages da época e hoje já não estão mais disponíveis para visualização. 

Então vamos à nova roupagem do texto de 22/08/2012, agora um tantinho mais objetiva:


DIQUINHAS PARA MINIMIZAR OS EFEITOS CRUÉIS DA QUIMIO

Cada organismo reage de forma diferente à quimio, não adianta querer comparar. Não é porque alguém sofre mais com efeitos colaterais que é mais fraco ou quem aguenta firme é mais durão. Tudo depende do tipo de câncer, dos remédios que serão administrados, do grau de sensibilidade do organismo, enfim, de um montão de fatores, que são muito particulares em cada pessoa.
Pra mim não foi moleza, mas ficou bem longe de ser insuportável. Foi mais difícil durante as sessões com o medicamento vermelho, sem dúvida, mas depois foi ficando bem light nas sessões semanais. Olha só tudo o que aconteceu comigo e o que fiz pra melhorar:


Enjoos

Quase não tive e não vomitei nenhuma vez! No início, até meu organismo se acostumar, sentia o estômago um pouco embrulhado por causa de cheiros. Parece que a gente fica com super olfato, os odores se potencializam num grau absurdo, seja de comida, produtos de limpeza, perfumes e por aí vai. Vale dizer que meu médico prescreveu remédios excelentes pra evitar esse efeito colateral e tomei tudo bem direitinho, daí não me senti mal por causa disso.


Pele ressecada e com coceira

. A primeiríssima coisa a fazer, que aliás é regra número um pra minimizar todos os efeitos colaterais da quimio, é BEBER BASTANTE ÁGUA DURANTE O DIA TODO (no mínimo dois litros). Com isso o organismo vai se desitoxicando aos poucos e a hidratação da pele melhora bastante;
. CUIDADOS NO BANHO: por causa do inverno de Sampa foi bem difícil tomar banho com água de morna a fria, o que é fundamental, já que altas temperaturas tiram ainda mais a oleosidade da pele e esturricam tudo, provocando mais coceira e consequentes ferimentos indesejáveis; 

Tive extremo cuidado com os sabonetes que usei. Na cabeça e no rosto, usei o CETAPHIL RESTORADERM SABONETE LÍQUIDO, que custa aproximadamente R$ 80:


No corpo usei sabonetes neutros, entre eles o CETAPHIL SABONETE ANTIBACTERIANO, que custa aproximadamente R$ 30:

Também usava diariamente, no final do banho, um sabonete com óleo no corpo todo, o NATURAL OIL NÍVEA, que deixa a pele mais macia e perfumada - custa aproximadamente R$ 20: 

Ah, muitíssimo importante: NÃO TOME MAIS QUE UM BANHO POR DIA, se puder evitar. Fiz isso no começo e me dei mal; mesmo usando todos esses produtos, a pele ressecava bastante, chegando até a ficar craquelada.
  
. CUIDADOS PÓS-BANHO: primeiro de tudo, usava soro fisiológico no rosto todo, aplicado com gaze. Fazia umas compressinhas especiais para os olhos e também limpava dentro das orelhas e do nariz, que no meu caso doía bastante por causa da quimio e às vezes até sangrava (todas as mucosas ficam bem comprometidas). Os cremes faciais se tornam indispensáveis pra quem faz quimio, especialmente numa pele passada dos "enta" como a minha. Aí tive um cuidado bem grande, não importava o quanto demorasse (mas depois que a gente se habitua, faz tudo isso bem rapidinho e com prazer). 


Hidratação e proteção para o rosto (FUJA DO SOL!!!)

Quando seu médico lhe disser que sol e quimioterapia são inimigos mortais acredite, não é conversa mole. No início descuidei um pouco disso e ganhei algumas manchinhas marrons no rosto, nos braços, nas mãos e até nos pés. Assim, fazia parte da minha rotina diária o uso de bloqueadores solares bem poderosos, mesmo que os cremes faciais já tivessem alguma proteção. Não tive grande preocupação com a marca, mas não abri mão do fator de proteção: 50 para o rosto e 30 para o corpo, isso porque minha pele não é bem branquinha. Usei, inclusive, nas partes do corpo que ficavam cobertas (até mesmo no couro cabeludo). Também vi que não dava pra sair sem óculos de sol de jeito nenhum. De qualquer modo, mesmo tomando todos esses cuidados, evitei o sol a todo custo. 

Até hoje uso no rosto o CETAPHIL UVA/UVB DEFENSE, que na minha opinião, inclusive, substitui com eficiência outros cremes faciais (custa aproximadamente R$ 100 - é caro, mas dura bastante): 

No corpo reparei que a necessidade de repor a oleosidade é fundamental e comigo só o que funcionou muito bem foi a LOÇÃO HIDRATANTE CETAPHIL ADVANCED MOISTURIZER PUMP - que custa aproximadamente R$ 150 (caro, mas também dura bastante). A pele fica muito macia e acaba mesmo com o ressecamento. Achei melhor que qualquer outro tipo de hidratante:


Unhas

Essa é uma parte é triste. Minhas unhas escureceram um montão, parece que prendi os 10 dedos da mão na porta, dava aflição de olhar. Mas não doía, nem houve enfraquecimento. Já no segundo ciclo de quimio, a aparência foi melhorando e, aos poucos, as unhas foram clareando de novo. Um cuidado importante é NÃO RETIRAR A CUTÍCULA, lembrando que qualquer ferimento é porta de entrada pra infecções. Então, usei um produto excelente pra afinar as cutículas, que é bem baratinho e funciona mesmo, além de durar pelo resto da vida. É a CERA NUTRITIVA PINK GRANADO, que custa aproximadamente R$ 20:
Dentes/boca

Antes de começar a quimio é muito importante ir ao dentista e sanar qualquer problema que houver. Uma boa limpeza é fundamental. Durante o tratamento, escovava os dentes muitas e muitas vezes ao dia, sempre que comia qualquer coisa. Por isso, usava dois tipos de escova e de cremes dentais: de manhã, na hora do almoço e à noite, usava escova macia e creme dental normal; nos horários intermediários, sempre que me alimentava, usava escova infantil, que é bem mais macia e creme dental anticorrosivo (os infantis em geral são assim). Isso evita agredir as gengivas, que ficam muito sensíveis. 

Outra coisa que ajuda muito quando a boca está comprometida (podem surgir aftas na língua e gengivite, mesmo com a higiene em dia) é fazer bochechos regulares com uma colher de sopa de bicarbonato de sódio, dissolvido em meio copo de água. E a parte mais deliciosa: alimentos gelados aliviam tremendamente esse mal-estar, inclusive quando há enjôo também. Por isso, caprichei no consumo de sorvetes, pudins, gelatinas e por aí vai.


Cuidados íntimos

Não posso dizer que fui megadisciplinada com isso quando se tratava de nº 1, já que tomando tanta água é inevitável fazer um montão de xixi o dia todo. Mas no caso do nº 2 não tinha como relaxar. Aí não abri mão da duchinha higiênica e usei (ainda uso!) o SABONETE ÍNTIMO DOVE - que custa aproximadamente R$ 20:


Cuidados com as mãos e pés

Não tem como escapar de lavar e hidratar muito bem essas áreas, que acabam descamando, ficam mais escuras, muito frágeis e propensas a ferimentos e rachaduras. Quando me descuidava um pouco acabava me queimando com muita facilidade no fogão, me cortando com qualquer coisa, vendo calinhos surgindo. Lavava as mãos milhares de vezes ao dia, especialmente após ir ao banheiro e antes de comer qualquer coisa. Usava o SABONETE LÍQUIDO PROTEX , que custa aproximadamente R$ 10:

Também procurava passar creme nas mãos no mínimo três vezes ao dia e usei o CREME PARA MÃOS PINK GRANADO, que custa aproximadamente R$ 20:


Nos pés, passava creme de manhã e à noite, e usava a MANTEIGA EMOLIENTE PINK GRANADO , que custa aproximadamente R$ 20 e é fantástica: 

Ah, outra providência bem importante que tomei foi usar luvas TODAS as vezes em que tocava nas minhas cachorras para fazer carinho e também para cuidar de plantas.


Inchaço e aumento de peso

No segundo ciclo da quimio notei um inchaço tremendo no meu corpo, além de ter engordado bastante (20 quilos). Isso aconteceu por causa dos corticóides presentes no medicamento, que trazem, ainda, um efeito colateral terrível: a retenção hídrica (e uma fome danada). Meu médico preferiu não prescrever nenhum diurético, recomendando apenas caminhadas e repouso com os pés para cima, o que resolveu muito.


Alimentação

Comida adequada e em horário regulares funciona como remédio para quem faz quimio. Aumenta a imunidade, que naturalmente se reduz demais com o tratamento. Então não bobeava com isso jamais. Comia diversos tipos de frutas (especialmente as que contém fibras) e dava prioridade para verduras e legumes cozidos. Essa disciplina me trouxe excelentes resultados nos hemogramas que antecediam a todas as sessões de quimio, além de bem-estar muito maior. E quando seu médico disser que você não deve comer pimenta de jeito nenhum, acredite nele. Fiz isso e me dei muito mal, minha boca pegou fogo por horas! Como a mucosa bucal fica comprometida com a quimio, a sensibilidade também aumenta bastante. 


Maquiagem

Fui teimosona no início e achei que não teria importância usar os produtos que eu já tinha em casa. Logo meus olhos ficaram bastante irritados, ainda mais suscetíveis a probleminhas por causa da falta de cílios. Se for possível, é melhor comprar produtos novos, livres de contaminação. E nunca, jamais, em tempo algum, use maquiagem de outra pessoa, nem empreste as suas. Outra coisa fundamental é limpar muito bem a pele antes de dormir. Qualquer coisinha causa sérias irritações na pele e nos olhos de quem faz quimio. 


Bem, aqui tentei transmitir um pouco da experiência que adquiri como paciente de quimio. Se alguém tiver outras dicas ou dúvidas, venha dar seu pitaquinho, vai ser bem legal!

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Dois anos depois da quimioterapia... Ufa!


Há muito tempo não passo aqui pelo meu cafofo. Tá abandonadinho, desatualizado, feioso, precisa de uma repaginada urgente. Logo farei isso, mas hoje quero apenas dar um oizinho e contar como as coisas andam pro meu lado.

Quase que diariamente recebo mensagens de pessoas que estão passando pelo tratamento do câncer ou são familiares preocupados com elas. A postagem "O que a quimioterapia fez comigo e o que eu posso fazer com ela" é, disparada, a mais lida, com mais de 60 mil visualizações. Infelizmente esse texto, que tem sido tão útil pra quem está passando pelo sufoco, ficou prejudicado em função dos links de produtos que indico. Prometo que em breve vou reeditá-lo, mostrando tudo bem direitinho.

Agora só quero reforçar que felizmente TUDO PASSA!!! Recapitulando meu perrengue, fui diagnosticada com câncer de mama em abril/2012, fiz sessões de quimio até set/2012, passei pela radioterapia e fui submetida a cinco cirurgias para retirada completa e reconstrução da mama esquerda. Ainda falta uma cirurgia para reconstrução do mamilo, mas vou pensar nisso mais adiante, no momento quero folga de médicos. 

Ficaram sequelas desse tratamento? Sim, ficaram algumas. Tenho algumas limitações de movimentos por causa da virada do músculo grande dorsal das costas (feita com a finalidade de dar suporte para a prótese de silicone) e também não posso ficar muito exposta ao sol, porque aparecem algumas manchinhas escuras na pele. O protetor solar ainda é (e será eternamente) meu maior amigão.

De resto, absolutamente tudo voltou ao normal. Cabelos iguaizinhos aos que tinha antes, peso quase como eu gostaria (engordei 20 quilos!), energia, força, ânimo, tudinho no lugar de novo. Não fosse pelo fato de estar fazendo acompanhamento semestral com o oncologista e com a masto até que complete cinco anos (2017), honestamente até esqueço que um dia passei por tudo isso. 

Só faço questão de lembrar quando posso tirar proveito dessa desgraceira. Na semana passada, por exemplo, tive meu direito de adquirir carro zero km com isenção de impostos reconhecido e sacramentado pelo DETRAN. Eba, eba, oba! 

Então, por enquanto é isso. Tô feliz, repaginada, ativa e, importantíssimo: VIVA.

Logo volto com novidades!


quinta-feira, 17 de outubro de 2013

A vida é dura pra quem é mole: eu na academia!


Há um tempinho atrás ouvi de um determinado médico algo que, a princípio, me arrasou. Diante da minha insatisfação por ainda não ter alcançado meu objetivo na reconstrução da mama retirada (vou chegar lá!), o perverso disparou: "Que bobagem, você nem tem mais idade pra usar decote!". Saí de lá acabada. E chorei, chorei, chorei quilômetros cúbicos de lágrimas. Mas não demorou muito e... CUMEQUIÉ, RAPÁ?... Nem que eu tivesse 500 anos deixaria de lado minha autoestima, por nada, nem por ninguém. Aí decidi: esse FDP ainda vai me ver ma-ra-vi-lho-sa! Comecei a frequentar uma academia. Bora malhar, u-huuuu!!! Animadérrima, até comprei roupitchas e acessórios de fitness, pra chegar lá toda fofa e combinandinho. 

Acho que ainda sob efeito da latada que tomei do médico, estudei bastante a situação antes de começar pra valer. Olhei bem quem frequenta o lugar e senti o maior alívio ao perceber que não tem só gente saradona. E graças à recepcionista, que me informou que a academia é frequentada até por uma senhora de 83 anos, não tive mais dúvida nenhuma. Oras, sendo assim, eu, com meus poucos enta e alguma coisa, serei a gatinha da malhação. Ahaaaá, ninguém me segura!!!

Como sempre tive o hábito de me exercitar, apesar dos meses que passei de molho por causa do tratamento do câncer, não vinha sentindo grande dificuldade em executar os exercícios que o personal everybody trainer (sou pobre) determinou. Aí o sucesso me subiu à cabeça, já fiquei me achando "a" atleta. Bom, isso SÓ até hoje de manhã, né? Graças a um coleguinha de ralação pude sentir o amargo sabor da derrota... O coleguinha em questão é um senhorzinho japonês (tinha que ser japa!), com uns 75 anos, mais ou menos. 

Pois bem. Estava eu executando uma flexão alternada de cotovelos com polia baixa (tô impossível agora!), quando ouvi um outro professor falando sobre as maravilhas que o aparelho elíptico proporciona, superando bastante a esteira. Pensei: eu quero! Avisei meu everybody, que logo me colocou num dos dois elípticos disponíveis, bem ao lado do tal senhorzinho japa. E lá ia o japinha, na maior intimidade com o aparelho, tchuc-tchuc, thuc-thuc, tchuc-thuc. Por não ser uma boa pessoa, logo me veio à cabeça: Hehehe, vou acabar com esse véio, xácomigo! Posicionada, fui orientada sobre como aumentar ou diminuir a tensão do aparelho. Pffff, bota aí dureza total, isso vai ser moleza pra mim! Comecei meu exercício: tchuc... tchuc... Mais um minutinho e... tchuuc... tchuuuuuuuuuuc... Olho pro lado e o japa no seu tchuc frenético. Vamos lá, Tânia, é só se concentrar! Tchuuuuuuuuuuuuuuuuc... Cadê a porra do botão pra diminuir a tensão dessa coisa? Tchuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuc... Oof!...Putz, sem óculos não acho o raio do botão! E tchuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuc... Oof, oof, oof... Socoooooooorro! CHEEEEEEEEEEEEEEEGA!!!!!

Fingindo ter atingido minha meta naquele aparelho (cinco minutos!), tratei de passar para a esteira. Quero caminhar agora, e daí?! Olho pro lado de lá e o japa ainda no seu tchuc-tchuc desvairado, que só acabou depois de 30 minutos. Ok, depois disso o homem tratou de ir embora pra fazer um reconfortante escaldapés, como convém a todo bom velhinho? Não. Lá vem ele, pra esteira ao lado da minha. E começou a correr. CORRER, entendeu bem? O Forrest Gump nipônico correu por mais 30 minutos (sem parar, repare). Parou nisso? Não. Em seguida foi levantar um bocadinho de halteres, uns 600 quilos, coisa boba. 

Mas eu ainda chego lá, ele tá pensando o quê?! Ai, que réééééiva!!!!!! >_<

domingo, 18 de agosto de 2013

Cortar cabelo dói? Pra quem vai encarar a quimioterapia dói bastante. Na alma.


Cientificamente, cortar cabelo não dói. Isso porque na parte externa, fora do couro cabeludo, os cabelos são formados por células mortas. Sem terminações nervosas, essas estruturas não sinalizam dor para o cérebro quando cortadas. Mas e quando é preciso cortar o cabelo na marra, porque ele vai cair de qualquer jeito com a quimioterapia? Ah, aí dói sim... Muito! Na alma.

Quando a gente recebe a notícia que está com câncer, ao contrário do que muitos fantasiam, não dá pra se sentir heroína e sair por aí pulando animadamente só porque terá a "grata" oportunidade de lutar pela vida. A cobrança da positividade acaba se tornando um problemão a mais pra quem, num primeiro momento, tem todo o direito de ficar revoltada. Oras, dá pra encarar numa boa uma virada repentina como essa na vida? Claro que não. É impossível ficar indiferente às mudanças drásticas que o tratamento acaba trazendo.

Para o espanto dos alegrinhos de carteirinha, é bem comum que uma mulher, quando recebe o diagnóstico de câncer, se preocupe muito mais com a perda dos cabelos do que com a possibilidade da morte. É esquisito isso? É. É um pensamento banal? É também. Mas é assim, fazer o quê? E nem tente entender, porque só quem está com o rabicó na reta sabe como é. 

É verdade, cabelo cresce de novo. Também é verdade que caso a portadora de câncer não se submeta ao tratamento só pra preservar o cabelo, acaba morrendo. Só que dá licença da pessoa se revoltar um bocadinho? Portanto, se esse é seu caso, chore mesmo, xingue, quebre pratos, xícaras, copos, vasos da Dinastia Ming! Você TEM esse direito SIM.

Passou o susto incial? Bom, aí é hora de se transformar no ser mais prático do universo. Seu pensamento precisa ser um só: ficar boa, mas tão boa, que logo vai poder deixar tudo isso pra lá e voltar a reclamar só da unha que quebrou, do saco que é precisar se depilar e por aí vai. 

Mas enquanto o final dessa confusão não chega, que tal ser bem fdp e aproveitar pra se esbaldar com o drama? Um lencinho na cabeça e uma cara pálida podem fazer maravilhas, vá por mim. Cheguei a comprar um celular em cinco minutos numa loja lotadérrima, acredita? Abusei mesmo, dane-se. Sabe quando tem uma fila enorme no caixa e vem um folgadinho passando na frente de todo mundo? Era eu. Pensava: tô com câncer, posso. Chegar atrasada? Tô com câncer, posso. Dar patada em todo mundo? Posso. Faltar a uma festa-cilada? Posso. Pegar vaga especial no estacionamento? Posso, posso, pooooosso!!!

E assim, entre uma sessão de quimo e outra, entre manifestações de revolta e persistentes exercícios de desapego temporário da beleza, entre muitas e muitas lágrimas, é que o tempo vai passar bem depressa e logo você será a mesma pessoa que sempre foi. Bem, MESMA pessoa? Acho que não. Chegar tão pertinho da morte transforma muitas coisas e a gente aprende demais com essa experiência. Dá pra ficar muito melhor do que era antes, isso sim.

Parece um pesadelo, mas o legal é que tudo PASSA! Passou pra Brigitte Bardot, Patrícia Pillar, Shirley Temple, Joana Fomm, Drica Moraes, Márcia Cabrita, Elba Ramalho, Ana Maria Braga, Norma Blum, Joyce Pascowitch, Constanza Pascolato, Jane Fonda, Olívia Newton John, entre muitas outras celebridades... Passou pra mim... Vai passar pra você também! 

Ah, e antes que eu me esqueça: CABELO CRESCE DE NOVO MESMO, tá? Olha só como está o meu agora:



"Mas, se apesar de banal,
Chorar for inevitável,
Sinta o gosto do sal.
Gota a gota, uma a uma.
Duas, três, dez, cem mil lágrimas, sinta o milagre...
A cada mil lágrimas sai um milagre."

(Trecho da música "Milágrimas", de Itamar Assumpção)    

Foto de DINA GOLDSTEIN.