Hoje pela manhã, quando ia tirar o carro da garagem, avistei o homi (veja mais sobre outros homis aqui) do carrinho, daqueles que recolhem caixas de papelão, latas, essas coisas, sacumé? Resolvi me atrasar um bocadinho e tratei logo de chamá-lo, queria me livrar da tonelada de jornal que em pouquíssimo tempo juntou por aqui - quem é assinante da Folha de São Paulo sabe bem do que estou falando.
O rapaz se aproximou e fez sinal pra eu esperar, estava no celular. Tá certo, vai. Embora surpreendente, não é porque ele é o homi do carrinho que não pode ter e atender ao próprio telefone, né? E o bicho falava, falava, falava... Só depois de um bom tempinho desligou e me deu atenção.
- Bom dia! Tem coisa aí pra levar embora?
- Oi, bom dia! É, eu quer...
O rapaz se aproximou e fez sinal pra eu esperar, estava no celular. Tá certo, vai. Embora surpreendente, não é porque ele é o homi do carrinho que não pode ter e atender ao próprio telefone, né? E o bicho falava, falava, falava... Só depois de um bom tempinho desligou e me deu atenção.
- Bom dia! Tem coisa aí pra levar embora?
- Oi, bom dia! É, eu quer...
Vou catucá
Eu vou catucaaaaaá
Vem minha gostosa
Que hoje vou te barulhar
Jogue o tambor pro alto
Que eu quero bater
Eu vou fuca na futchuca com voceeeeê
- Desculpa, peraí mais um pouquinho... Alô! Fala véi!...
:-(
Pois é, o celular do moço tocou. De novo. E precisei esperar. Mais uma vez. E o toque do celular era essa coisa horrenda aí de cima, fui até pesquisar pra saber de que diacho se tratava. O pior é que a porreta da... música?... não sai mais da minha cabeça. Se você curte (credo!) funk, aproveite:
- Desculpa, peraí mais um pouquinho... Alô! Fala véi!...
:-(
Pois é, o celular do moço tocou. De novo. E precisei esperar. Mais uma vez. E o toque do celular era essa coisa horrenda aí de cima, fui até pesquisar pra saber de que diacho se tratava. O pior é que a porreta da... música?... não sai mais da minha cabeça. Se você curte (credo!) funk, aproveite:
Sou meio chata em relação ao abuso da tecnologia, sabe? Claro que a utilidade de um celular é indiscutível, mas viver em função dele considero um tremendo absurdo. Basta olhar pra qualquer lado e constatar que a engenhoca está por todo canto. Sem brincadeira, enquanto eu esperava pra falar com o cara do carrinho, vi três pessoas que passavam falando no telefone. Antes das 8 da matina, haja assunto!
Quando a encrenca toca em lugar lotado, então, é um deus-nos-acuda. Gente correndo pra revirar bolsos e bolsas freneticamente, interrompendo conversas e deixando acompanhantes falando sozinhos, sem o menor pudor. Conheço um montão de gente que faz isso o tempo todo, inclusive atendendo a dois celulares simultaneamente (!!!), só pra bater papinho furado, na maior cara dura, pode?! Ah, não tenho saco pra isso não!
Compartilho da opinião do escritor italiano Umberto Eco, um anticelular convicto, que diz que pouquíssimas categorias de pessoas realmente necessitam de um telefone móvel: doentes, médicos, bombeiros e adúlteros. Tá, tá, não sejamos tão radicais... Todo mundo tem direito e pode precisar de um celular, mas o uso irrestrito, sem nenhum bom senso, é o que me incomoda. Além do péssimo gosto na escolha do ringtone, é lógico. Pode reparar, quanto mais sem noção for a pessoa, mais horroroso e alto é o toque do seu celular. Sem esquecer da completa falta de respeito pela privacidade alheia, claro. É foto e filminho de qualquer coisa, a qualquer hora. Não dá, é sério.
Outra coisa que me irrita profundamente é gente que não consegue viver sem computador. Comportamento muito comum de se ver, hoje em dia, é fulano carregando laptop pra cima e pra baixo, como se fosse uma extensão do seu próprio corpo. Caramba, tenho visto gente no meio de festinhas e até em reuniões familiares com a cara enfiada na telinha em tempo integral! Sociabilização zero. Oras, então pra quê vai? Se a virtualidade é mais importante que o contato com pessoas reais, então que fique enfurnado em casa.
Como no caso do celular, a Internet chegou, sem sombra de dúvida, pra facilitar tremendamente a vida das pessoas. Mas é inegável que, em alguns casos, com ela também se acentuou a solidão. Sem contar com o que vem de quebra: egocentrismo, oportunismo, falta de respeito e por aí vai.
Acho que sou uma pessoa que ainda não aprendeu a lidar bem com essas coisas, sabe? Teimo em acreditar nos princípios básicos da comunicação autêntica e da convivência saudável, seja conversando pessoalmente com alguém ou através de engenhocas, tipo celular e computador. Pra mim, no final, tudo é a mesmíssima coisa, o que muda é só a forma, mas nunca a essência. Então, costumo colocar em prática o que a boa educação determina, não interrompendo conversas pra ficar de papo furado no telefone, respondendo a todos e-mails que me são enviados (quando pertinentes e dentro da minha disponibilidade de tempo, é óbvio), sabendo me desconectar da vida virtual quando a ocasião assim exige, enfim, respeitando os outros como gosto de ser respeitada. E quando agem de forma oposta comigo, fico encanada (bastante!). Mas certamente um dia vou aprender a abstrair coisas sem importância e deixar de levar a vida tão a sério. Até lá, como velha gagá e demodê que sou, continuarei reclamando. Tá aí, sou uma bela bokomoko, pronto, reconheço.
Ih... Lá vem... Ô-dona-Tânia-que-que-é-bokomoko-hein?... Vai lá que nosso amiguinho Google te conta, tá? Ok, eu me rendo... Tem hora em que a tecnologia se torna mesmo indispensável.