terça-feira, 16 de setembro de 2008

Frase feita 2 - Alguns absurdos

Depois da postagem de ontem percebi que falar sobre frases feitas gera boas discussões, o assunto é extenso. E se torna até polêmico quando observamos o que é ou não "politicamente correto".

Um exemplo legal de polêmica é a tal cartilha "Politicamente Correto", lançada recentemente pelo governo. Irrelevante e com o jeitão autoritário que caracteriza o atual governo, a cartilha foi elaborada pelo professor Antonio Carlos de Queiroz, da Universidade de Brasília, a pedido da Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Trata-se de uma lista com 96 expressões/palavras consideradas pejorativas pelo autor e que devem ser evitadas pelo povo. Como a publicação causou uma controvérsia gigantesca, teve sua distribuição suspensa e deverá passar por uma revisão sistemática.

De tão absurda, na minha opinião nem deveria ser revista. Por mim iria diretamente pro lixo. Olha só alguns exemplos das "pérolas":

Para designar um motorista inábil é desaconselhado o uso da palavra "barbeiro", porque isso pode ofender o profissional do ramo. Então vamos chamar quem nos dá uma bela fechada de quê? Bom, sinceramente hoje em dia acho que "barbeiro" seria até uma gentileza. A maioria manda logo um f.d.piiiiiiiiiiiiiiii... Aí a coisa piora muito, já que a ofendida passa ser a mãe do braço duro.

Outra coisa que não se deve falar é "palhaço". Esta sim é uma classe tremendamente injustiçada. Como se não bastassem as tortas de chantilly na cara, pauladas, flores que soltam água e toda sorte de agressões no palco, eles ainda têm que tolerar o uso desapropriado de seus títulos, exaustivamente associados às pessoas de pouca seriedade. Mas para a felicidade geral dessa turma tão massacrada, a cartilha veio pra acabar de vez com a palhaçada, ou melhor, com essa injustiça.

Condenável também será dizer "farinha do mesmo saco", colocando toda sorte de indivíduos sob a mesma condição de contraventores. Afinal, quem vai se ofender com essa expressão? A farinha? O saco???

Fico aqui só pensando como ser politicamente correta quando quiser usar alguns outros termos, sem ter que enfrentar um xilindró bravo. Prevenida, já tô preparando minha lista, olha só:

GORDO - pessoa com imagem horizontalmente avantajada

ANÃO - pessoa verticalmente reduzida

POBRE - sujeito monetariamente comprometido

MULHER DA VIDA - senhora de conduta duvidosa

CARECA - indivíduo de volume capilar deficiente

Cartilha à parte, também quero comentar um pouco sobre expressões bem batidas, que são usadas de maneira absurdamente incorreta. Uma delas é "correr atrás do prejuízo", pra designar a necessidade de recuperar o tempo perdido por algo. Caramba, do prejuízo eu quero é distância. Corro atrás do lucro, isso sim.

Outra bem comum é "ir de encontro". Quem vai de encontro se choca com o objetivo ao invés de se aproximar dele. Correto é dizer "ir ao encontro".

Uma que não tem conclusão é "correr risco de morte". Há quem defenda que essa é a forma correta, já que não se corre "risco de vida", o risco está em morrer. Por outro lado, não correr risco de vida pode significar não estar com a vida ameaçada. Essa depende da interpretação de cada um, né? Sei lá eu!

Dizem que a dúvida em relação à expressão acima é pura questão de lógica. Bem, nesse caso, se a gente for tomar a lógica ao pé da letra, então um inseticida ótimo pra barata deveria deixar a bichinha toda pimpona, alegre e saltitante, ao invés de arrasar com a pobrezinha, né?

Fora tudo isso junto, tem ainda um montão de erros bem grosseiros sobre os quais gostaria falar também. Mas isso fica pra outra hora. E vamos em frente porque atrás (ui!) vem gente!

4 comentários:

  1. Se não me engano, essa cartilha já foi pro saco de vez. O fato é que o governo do nosso glorioso Lula (que por sinal mal sabe falar, escrever e não é nenhum exemplo de boas maneiras) quer nos orientar nesse sentido. Um absurdo! Ao invés de se preocuparem em baixar os juros, criar empregos e acabar com a fome (de verdade), os burocratas de Brasília perdem tempo com esse tipo de bobagem. E pior, nós é que bancamos.

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  2. Há 10 anos atrás já era moda ser politicamente correto, ou seja, ficar usando eufemismos para tentar aliviar ou esconder a realidade. De certa forma, o eufemismo pode ser interpretado como relativação da realidade, quase uma mentira, que tem como objetivo não dizer a verdade de forma completa.

    Em alguns casos, é aceitável o uso desse recurso, por exemplo, ao notificar-se a morte de alguém. No entanto, utilizar esse recurso lingüístico para ser politicamente correto no cotidiano, na minha opinião, não passa de hipocrisia.

    Um grande abraço!

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  3. Falar de um jeito politicamente correto é ser hipócrita sim. É enrolar a língua prá dizer o que a falta de sinceridade não permite. Pessoa feia teria que ser chamada de "pessoa esteticamente fora do padrão", entre outras bobagens. Só nesse país mesmo! Bj!

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  4. Cris, Adriana e Helena...

    Que bom ver a participação constante de vocês nesse blog, ainda mais com comentários que sempre enriquecem as idéias que pretendo expor.

    Cris, você tem toda razão, a tal cartilha já foi totalmente descartada pelo governo, o bom senso prevaleceu.

    Aliás, quem me conhece sabe que não sou nadinha fã do Lula, mas ultimamente ele vem me surpreendendo. Ficou furioso quando viu o conteúdo da cartilha e também com a proibição que estão querendo estabelecer para os fumantes no Congresso Nacional.

    Lá vem paulada na minha cabeça, eu sei. Mas como fumante desesperada e rigorosamente "politicamente incorreta", adorei o ataque de nervos do homem. kkkkkkkkk!!!!

    Um beijo enorme pra todas!

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