quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

O tempo voa!



"Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente."
(Carlos Drummond de Andrade)

É isso aí, daqui pra frente, tudo vai ser diferente, bicho. Vou encerrando 2012 com uma das maiores e melhores histórias que terei pra contar pela vida afora. E certa de que, quando a gente acredita de verdade, mesmo, mesmo, mesmo, tudo que é ruim passa mais rápido do que se imagina.

Fiz a cirurgia para retirada da mama em 02 de novembro, ocasião em que estava carequinha, sem sobrancelhas e cílios, inchaaaaaaaaada e pálida de dar dó - e olha que naquele dia até que eu tava me achando bonitinha, pode?! Hahaha!!! Depois, em  03 de dezembro fiz uma nova pequena cirurgia pra retirar parte do mamilo que havia sido preservado, mas não foi pra frente (paciência, isso tem conserto logo logo).

Agora tudo está ficando legalzinho de novo e já me sinto absurdamente melhor em todos os sentidos. E olha o cabelinho chegando aí, geeeeeeeeeente! Ah, sobrancelhas e cílios melhores que antes, viu? Muito bom!

Então, se você estiver enfrentando algum sufoco agora, seja ele qual for, faça sua parte bem direitinho e acredite: VAI PASSAR RAPIDÃO!!!

:)

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Saindo do casulo


"No fundo, é isso, a solidão: envolvermo-nos no casulo da nossa alma, fazermo-nos crisálida e aguardarmos a metamorfose, porque ela acaba sempre por chegar."

(August Strindberg)





Ter que encarar um câncer não é refresco pra ninguém, claro. Desde a suspeita confirmada pelo triste diagnóstico até o final do tratamento rolam dúvidas imensas, medo e muitas - mas MUITAS mesmo - lágrimas. São meses em que a gente passa por um turbilhão de sensações, precisando aprender a conviver com mudanças drásticas no corpo e na vida. Foi aí que percebi que todo mundo que passa pela quimioterapia fica com mesma cara. Sem cabelos, sobrancelhas e cílios, peles pálidas, um tantinho inchados e com sorrisos resignados, homens e mulheres, jovens ou mais velhos, são absolutamente todos iguais. E não é que fiquei a cara do Gianecchini, quando o moço também enfrentou o perrengue?!

Nunca tinha me passado pela cabeça que justamente essa "igualdade" traria uma das experiências mais bonitas pelas quais já passei. Não falo da conquista pessoal de estar vencendo a doença e refazendo minha vida, fatos obviamente fundamentais pra mim e pra qualquer um que passa por tudo isso. O que me deixou muito encantada foi algo que aconteceu na última vez em que estive na clínica de oncologia, há uns dias atrás. Entrei cumprimentando a todos como sempre (e mais feliz do que nunca, porque já estava operada) e na sala de espera havia algumas pessoas que eu não conhecia, mas que retribuíram meu cumprimento com sorrisos largos. Uma das moças que aguardava veio me perguntar se minhas sessões de quimio tinham terminado, contando, animadíssima, que já estava finalizando seu tratamento. Só aí reparei que se tratava de uma das pacientes que passaram por sessões ao meu lado, durante meses. Era uma moça de olhos tristes, peruca descabelada, muito abatida. Caramba, agora está linda, com o olhar iluminado, se transformou em outra pessoa! Foi aí que me dei conta de que muitos dos que aguardavam ali naquele momento também estiveram comigo nas sessões e não os reconheci.

Me convenci, então, que "outra pessoa", na verdade, a gente se torna só enquanto está sendo tratado, sabe? Parece que entramos em casulos, escondendo nossas identidades temporariamente. Que coisa linda tem sido ver esses casulos se desfazendo e descobrir a individualidade de cada companheiro meu de sufoco! Assim como eu, todos, finalmente, começam a recuperar suas próprias fisionomias, a se reencontrar enquanto pessoas únicas que são. Logo me vem na cabeça: ahááá, então é assim que você é de verdade, né?! Legal demais ver todo mundo refeito, saudável de novo, inteiro e, acima de tudo, FELIZ!

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Minha cuidadora maluca



Por causa da cirurgia recente tenho que pegar leve e só poderei movimentar meu braço esquerdo normalmente em dezembro. Além disso, apesar de não sentir muita dor, minha mobilidade, de forma geral, ficou limitada e vou me recuperando aos pouquinhos. Assim, preciso de ajuda pra fazer uma porção de coisas, o tempo todo. E quem tá aqui como cuidadora da minha pobre pessoa? Minha mana Elaine, intimamente conhecida como Lola, aquela pra quem tudo no mundo deveria ser PIF-PAF. ⊙.⊙

Posso dizer que um doente tratado por Lola ri muito, o dia inteiro. Meus cortes latejam, de tanto que dou risada. Isso não acontece porque ela é altro astral e emana alegria pelos poros; o caso é que a mulé é atrapalhada e, acima de tudo, louca.

Logo que cheguei do hospital, por exemplo, não conseguia sequer tocar nos meus próprios pés. Então, antes mesmo de levantar da cama, lá vinha a Lola pra me calçar as meias elásticas. Com toda a delicadeza que lhe é peculiar, Lola tentava esticar as meias puxando minha pele junto e beliscando a pequena cicatriz de uma cirurgia que fiz há algum tempo atrás no pé direito. Que dor! A coisa não subia e a gente ria, ria, ria... E Lola não deixava por menos: "Firma essa porcaria de pé, senão te dou 'umas tapas'! Ai, tem gente que fala assim, 'uma tapa', né? Isso me dá um óóóódio!". Finalmente, depois de muito sufoco e risadas, as meias eram calçadas: do avesso e com o calcanhar torto.

Uma das coisas mais punks que a pobre Lola precisou fazer foi medir o conteúdo dos recipientes conectados aos dois drenos que precisei carregar por 12 dias. Era assim: duas mangueirinhas bem compridas saíam de dentro do meu corpo, com a finalidade de expelir líquidos que se acumulavam nos locais das incisões, para evitar edemas e infecções. Dá pra imaginar que a coisa era feia, né? E a medição tinha que ser feita duas vezes por dia. Lola tinha que esvaziar o líquido num copinho plástico e medir com uma seringa, anotando os resultados que seriam avaliados pelos médicos depois. Num determinado dia, os drenos estavam com o capeta e expeliram mais que sangue e gordura líquida. Uma badalhoca esquisitíssima saiu da seringa e ficou pendurada. Lola, a cuidadora cuidadosa, berrou: "Socoooooooooooorro, que noooooooooooooooooooojo! Sai daqui, sai daqui!!! Credo, tô tão revirada que tá até saindo lágrima do meu olho! Você tá podre! E ainda por cima, quando tiro a tampinha desse treco, faz 'puuuuf' e vem um ventinho dessa nojeira na minha cara... Nhaaaaca!". Uma fofa.

Até poucos dias atrás, Lola também me ajudava no banho e fazia meus curativos, uma trabalheira danada. Num determinado dia, depois de me deixar toda limpinha, perfumadinha e trocadinha, Lola se empolgou: "Pronto, tá toda bonitinha!", esticando as alças do meu sutiã e soltando num PLEC que me fez ver estrelas. "Ai, meu Deus, esqueci que você tá operada, desculpa... Hahahahahaha! Desculpa... Hahahahaha!", rindo, rindo, rindo até quase explodir.

A cada pequena complicação que surge em mim - uma coceira aqui, inflamaçãozinha ali, edemas etc - Lola solta o verbo: "Pô, Tio Chico (!!!!), mas você gosta de aparecer, hein? É câncer, inchaço no pé, cirurgia e agora isso também? Assim não dá!"

Hoje saiu um sol gostoso aqui. Lola foi logo avisando: "Hoje não quero ninguém me enchendo o saco. Vou ficar na piscina o dia todo. E quero drink com 'guarda-chuvinha', tá?". Bicho forgado! Mas até que ela merece. Já há duas semanas tá cuidando de mim, da minha casa, das minhas cachorras, de tudo! Além disso, justamente hoje ela tá ficando mais velhinha e me deixou muito feliz porque está aqui comigo num dia tão especial. 

Não tenho do que reclamar, muito pelo contrário. Além do japa, figurinha ímpar na minha vida, tenho uma mana que também é do balacobaco. 

BANZAI, BANZAI, BANZAI, DONA LOLA!!! \o/ \o/ \o/

Quase inteirinha de novo. Bem feliz!!!



Já faz um bom tempinho que não dou notícias por aqui, né? Isso tem uma razão: é que um montão de coisas aconteceram desde minha última postagem até agora.

Passei um sufoco no final da quimio por causa do inchaço nas pernas e nos pés. A possibilidade de uma trombose foi exaustivamente investigada, mas não se chegou a nenhuma conclusão. No auge do problema eu já não estava nem andando direito e meus pés estavam assim:



Com alguns remedinhos e cuidados especiais os pés melhoraram bastante e agora já estão quase normais de novo. Esse imprevisto fez com que as sessões de quimio fossem definitivamente interrompidas, já que o oncologista considerou que os quatro ciclos que faltavam (fiz 12!) poderiam me fazer mais mal do que bem. Afinal, o objetivo da quimioterapia já havia sido alcançado: meu nódulo - que no início tinha 3,5 cm - desapareceu totalmente à palpação.

O término antecipado da quimio adiantou uma etapa fundamental do meu tratamento e no último dia 2 já fui operada. Por causa do meu tipo de câncer (ductal invasivo de mama), fui pro centro cirúrgico consciente de que teria toda a mama esquerda extraída, perdendo o mamilo, inclusive. Também sabia que havia grande chance de ser necessário fazer o esvaziamento axilar, tirando todos os linfonodos, o que poderia comprometer bastante os movimentos do meu braço depois. Mas, ao acordar depois de uma cirurgia que durou 10 horas (2 horas para extração da mama + 8 horas para a reconstrução), tive uma surpresa maravilhosa: meu mamilo foi preservado e não houve esvaziamento axilar, já que a análise patológica, feita no ato da cirurgia, mostrou que não havia células cancerígenas nessas áreas.

Duas novidades tecnológicas bacanérrimas foram adotadas nesse procedimento cirúrgico:

1. Por causa do inchaço ainda persistente nos meus pés/pernas e diante do alto risco de trombose, antes de qualquer coisa me colocaram um aparelho chamado KENDALL SCD Express Tear-Away Sleeves, que promove uma compressão contínua nos membros inferiores e diminui o risco de trombose e embolia pulmonar. Fiquei engraçada, parecendo uma paquitona de botas brancas, mas foi uma delícia ser massageada por mais de 24 horas sem parar;

2. Na reconstrução da mama foi utilizada uma prótese moderníssima (a SPECTRA, importada pela Johnson & Jonhson), que pode aumentar de tamanho durante ou depois da cirurgia e foi destaque no 47º Congresso Brasileiro de Cirurgia Plástica. 

Olha só como foi minha cirurgia:

Reconstrução Mamária com Músculo Grande Dorsal e Prótese

Este método de reconstrução mamária é utilizado principalmente em pacientes magras e que não ofereçam quantidade de tecido abdominal suficiente para uma reconstrução pelo retalho TRAM. Retalho é qualquer porção de tecidos (pele, músculo e gordura), que pode ser transferida de um local a outro do organismo para servir de reparo a algum defeito.

Nesta cirurgia, estaremos levando tecidos das “costas” (região dorsal) para a região mamária e acrescentando também uma prótese de silicone.

Para entendermos melhor, devemos dar uma olhada na anatomia da região dorsal. Abaixo da pele e da gordura, observamos os músculos da região (fig 1-A). Dentre eles, o músculo Grande Dorsal (GD) é o que será utilizado para a reconstrução, juntamente com pele e gordura que serão levadas presas a ele (fig 1-B).



O retalho do músculo GD é “fino”. Devido a isso, para que haja uma reconstrução adequada, temos que usar também uma prótese de silicone. A prótese é então colocada no local onde a mama foi retirada (fig 2).



A seguir, o retalho é passado para o tórax anterior recobrindo a prótese e fornecendo pele para repor a que foi retirada na mastectomia (fig 3).



Fecharemos então a área doadora atrás e finalizaremos o ajuste da prótese e do retalho na frente. O uso de drenos é necessário durante uns 7 dias (fig 4).



O retorno à movimentação normal do braço no lado operado se dá após 2 a 3 semanas. O pós-operatório não oferece maiores incômodos além do repouso do braço. Também não ocorrem déficits tardios para a sua movimentação. As dores são leves e tratadas com analgésicos e antiinflamatórios. 

A mama normal, caso não se alcance um resultado adequado de simetria nesta primeira cirurgia, passará por uma “plástica” para igualá-la com a mama reconstruída num 2º. tempo operatório. O mamilo e a aréola serão reconstruídos na seqüência (fig 5).



Fonte: MICALI

E cumé cotô agora? Me recuperando bem demais:

. O corte das costas (quase 30 cm!) cicatrizou já na primeira semana e praticamente não dói quase nada. Ainda tenho cuidados especiais com a mama, já que o retalho exige um tempinho maior pra ficar legal. Mas também está cicatrizando muito bem e a aparência vai ficando cada dia melhor. A prótese está se acomodando e já tem contornos bem bacanas!

. Cabelos, sobrancelhas, cílios e todos os pelos do meu corpo crescem descabeladamente, já tô virando uma monga! O legal é que quando as coisas voltam, vêm melhores do que eram antes. Minhas sobrancelhas, por exemplo, tinham muitas falhas e agora estão crescendo bem bonitas.

. Pra diminuir o inchaço generalizado no meu corpo por causa da quimio e da cirurgia comecei a fazer drenagem linfática semanalmente. A fisioterapeuta vem em casa, maior mordomia! Apesar de ainda não poder fazer exercícios físicos, meu corpo já está voltando totalmente ao normal. Ufa!

Agradeço imensamente pela competência da equipe médica (Dr. Daniel Cubero - oncologista, Dra. Alessandra Nabarro - mastologista, Dr. Regis Milani - cirurgião plástico, Dr. Paulo Afonso Guimarães - cirurgião plástico, além de outros especialistas que me acompanharam em diversas avaliações) e todo pessoal do CENTRO DE ONCOLOGIA DO ABC, onde tenho sido tratada com o máximo respeito, dedicação e delicadeza. 

Aproveito pra agradecer também pelo tantão de carinho que venho recebendo de amigos queridos e familiares, que me estimulam cada vez mais com visitas, telefonemas, mensagens e orações. Especialmente agradeço ao meu japa e minha irmã Elaine, que estão comigo em tempo integral, cuidando, mimando, vigiando...

Então, é isso. Ainda tem um tantinho de chão pela frente (faltam a radioterapia e mais uma cirurgia plástica pra reposicionamento do mamilo, além da colocação de prótese e simetrização da outra mama) e logo logo estarei novinha em folha. E vambora que isso tá ficando ótimo! :)

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Exercitando a paciência...



"À BEIRA DE UM PRECIPÍCIO SÓ HÁ UMA MANEIRA DE ANDAR PARA A FRENTE: É DAR UM PASSO PARA TRÁS."
(João Alberto Catalão - autor português)

Mais uma sessão de quimio hoje, porém sem grandes comemorações. Queria estar aqui pulando de alegria (agora só faltam quatro!), mas não dá, por duas razões. Primeiro porque não consigo pular. O inchaço e as dores musculares continuam me torturando, mesmo com o tempo mais frio já há uma semana. E foi justamente isso o que mais me decepcionou hoje. Minha quimio está interrompida até que fiquem prontos os exames que farei nos próximos dias, já que o oncologista não considerou a situação muito normal.

A suspeita é de que desenvolvi uma Neuropatia Periférica (que está evoluindo para uma polineuropatia), por causa das toxinas da quimioterapia. Isso faz com que eu sinta tantas dores musculares e torna meus pés tão inchados e com pouquíssima sensibilidade (parecem anestesiados), principalmente à noite. Braveira.

É assim mesmo. Um dia de cada vez, mesmo um tantinho mais triste, faz parte. Retrocedendo um pouco, pra continuar seguindo sempre em frente, que não tem outro jeito. O medo é o abismo e a vontade de superar essa encrenca é a ponte. PACIÊNCIA, PACIÊNCIA, PACIÊNCIA... :( 

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Não mudo por nada. NADA.



"A FORÇA NÃO PROVÉM DA CAPACIDADE FÍSICA, MAS DE UMA VONTADE INDOMÁVEL." 
(Mahatma Gandhi)

Mais uma sessão de quimio hoje, mais um passo pra chegar lá. Já tô chegando, agora só faltam 5!!! :D

O calor continua me castigando demais. Me sinto um São Sebastião tomando flechada. Fazer as unhas dos pés no final de semana foi punk (não posso fazer unhas com outras pessoas), porque meu corpo, de tão inchado - corticóides da quimio + calorão - perdeu quase toda a flexibilidade. Lixava uma unha, levantava as costas, depois outra e mais outra, e assim foi, até que estivessem todas bem pintadinhas. As unhas ficaram bonitas e os pés, mesmo gorduchos, quase explodindo pelo inchaço, estão bem tratadinhos. Valeu o sufoco.

Não tem jeito, uma vez perua, sempre perua. Hoje me peguei no cúmulo da preocupação com um visual apresentável. Como durmo durante quase toda a sessão de quimio por causa do anti-alérgico que provoca um baratowisk genial, achei que precisava fazer uma maquiagem bacana pra ser vista de olhos fechados. Maquiagem de dormir, pode?! kkkkkkkkkkkkkkkkk!

É isso. Nada nesse mundo me impedirá de continuar sendo como sempre fui. NADA. E vambora que falta pouco!

\o/

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Esquisitona à beça!



Oi pessoas! 

Minhas caixas de entrada no Face e no e-mail estão ficando entopetadas de gente querendo saber como tô agora e porque ando sumida. O grande vilão tem sido o calor infernal e fora de hora que tem feito em São Paulo. A falta de chuva já por quase dois meses e as altas temperaturas estão me castigando absurdamente, daí minha pouca disposição em interagir virtualmente (e até pessoalmente, pra dizer a verdade). 

Os medicamentos usados nesse novo (e último!) ciclo de quimio, como já contei, têm um efeito colateral terrível: a retenção hídrica, com consequente inchaço generalizado no corpo. O calor agrava bastante esse estado e traz um desconforto insuportável às vezes. Não há mais roupa que me sirva, nem sapatos que consiga calçar, tá muito complicado. A falta de umidade no ar me procovou mucosite no nariz e, então, mal consigo respirar. Se não respiro bem, fico muito cansada o tempo todo. Mas o umidificador de ar tem me ajudado e já tô melhorando disso. 

Outra coisa bem ruim tem sido fortes dores musculares. Nem imaginava que alguém poderia ter cãibra nas costas e no abdomen. Agora sei que pode. É cruel demais.

Tem sido também bem difícil me ver com a aparência tão modificada pelo ganho de peso - já são 10 quilos a mais agora... :( - situação agravada pelo inchaço. Tem dias que meus olhos mal abrem e fico monstruosa. Tô beeeeem esquisitona mesmo. Tá, tá, vai passar, é só uma fase, já tá no fim, sei disso tudo e não deixo de me cuidar, continuo firme e forte. Mas, algumas vezes (poucas até), não consigo ser tão sensata e choro, me sinto desanimada, prefiro ficar recolhida. Normal. 

Notícias boas? Tem, claro! Primeiro que o patife do nódulo responsável por isso tudo já tá do tamanho de um grãozinho de feijão (tinha 3,5 cm no começo) e a expectativa é que suma de vez até o final da quimio. Já tenho dedicado boa parte do meu tempo me preparando pra cirurgia, que será feita de qualquer maneira. Então, os cuidados com a pele e com a alimentação estão redobrados, pra deixar tudo belezinha e conseguir uma recuperação bem rápida depois. 

Outra coisa muito legal é saber que agora só faltam seis sessões de quimio. Um mês e meio e... c'est fini! Isso me emociona, de verdade. 

Confesso que nesse novo ciclo de quimio, coisas ruins à parte, um efeito está me deixando viciada. O anti-alérgico que corre antes do medicamento principal é sen-sa-cio-nal. Dá uma ziguizira boooooooooooooa! Fico toda zen, grogue mesmo. Parece que tomei um litro inteiro da marvada, num gole só. E durmo gostooooooooooooso no dia da aplicação. Ué, iquiquitem, né?! Zimplezmentsshhhi perdjo a nozão e djuuuurmo, num gomito nem nada, só iztsshhho. Periculozidadji nula. Ic. Ic, ic, iiiiiiiiiic! 

;)

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Quimioterapia: o que ela fez comigo. E o que eu posso fazer com ela.


*Atualização deste texto, com demonstração dos produtos AQUI.

Quando a gente recebe o diagnóstico de câncer, não tem jeito, bate um medão e aquela ansiedade de sair correndo pra saber de tudo logo, muito especialmente sobre a tão temida quimioterapia. O melhor seria, sem dúvida, a gente sossegar o facho e esperar as informações do médico que vai administrar o tratamento, porque ninguém vai poder falar sobre seu caso melhor que ele. Mas cadê que a curiosidade deixa? Aí é que entra a bendita (às vezes maldita) Internet, onde se vê de tudo, desde coisas que confortam, até situações que provocam ainda mais pânico.

O importante, no entanto, é nunca perder de vista que gostando ou não, sofrendo ou tirando de letra, NÃO TEM OUTRO JEITO. Ou você se submete - de preferência com bastante disciplina - ou, daqui a um tempinho, morre disso. Simples assim. Outra coisa fundamental é entender que CADA CASO É UM CASO. Não é porque uma vizinha já teve um câncer igual ao seu que o tratamento será o mesmo, nem que os efeitos colaterais e resultados obrigatoriamente serão semelhantes. Muita calma nessa hora.

Hoje preparei um pequeno guia, com dicas sobre como tenho amenizado bastante os efeitos da quimio. São coisas que tenho feito e -  que fique bem claro - funcionam muito bem comigo.

Meu câncer

Resumindo meu caso pra quem tá chegando aqui agora, em 13 de abril recebi o diagnóstico conclusivo de um Câncer Ductal Invasivo de Mama, no estágio II (vai de I a IV). Tratava-se de um nódulo na mama esquerda, que a mamografia de rotina não detectou e que percebi na hora do banho, em dezembro do ano passado. Como na ultrassonografia de mama também de rotina foram apontadas algumas formações císticas normais, não fiquei alarmada, mas continuei de olho. Esse nódulo foi aumentando e no momento em que o diagnóstico de câncer foi fechado com a biópsia, já tinha aproximadamente 3,5 cm.  
Até que o tratamento começasse pra valer, muita coisa precisou ser feita. Foram algumas consultas com a masto e com o oncologista, muitos exames feitos para estadiamento do meu organismo de forma geral (tomografias computadorizadas, cintilografia óssea do corpo todo, ultrassonografias e exames de laboratório).

Meu tratamento

Com o objetivo de conseguir uma cirurgia conservadora, no meu caso foi programada a quimioterapia neoadjuvante, que reduz o tumor ao máximo antes que a cirurgia aconteça. Assim, foram determinadas 16 sessões de quimio pra mim: quatro com dois remédios (vermelho e branco), num intervalo de 21 dias, e mais 12 com outro remédio diferente, branquinho também, feita toda semana. Agora já tô na contagem regressiva, faltam apenas nove sessões pra acabar minha quimio. A última sessão será no dia 23 de outubro. Ufa, ufa, ufa!!! O poder da quimio é incontestável. Meu nódulo, que no início tinha 3,5 cm e estava visível, agora já tem menos de dois centímetros e quase não se percebe nem à palpação. Diante da possibilidade dele sumir completamente, a mastologista fez uma marcação pré-cirúrgica na minha pele, usada em caso de lesões não palpáveis. Com seringa injetou uma substância chamada "azul patente", que funciona como uma espécie de tatuagem, demarcando, assim, a área onde o nódulo se encontra. 

A cirurgia está programada para um mês depois que a quimio terminar. Inicialmente está prevista a retirada de um quadrante da mama, com perspectiva de preservar o mamilo. Mas isso será determinado apenas na hora, quando o patologista vai analisar o tecido e determinar a extensão exata que deve ser removida. Também está previsto o esvaziamento axilar, já que há um pequeno nódulo na axila. Imediatamente a seguir da remoção do tumor será feita a cirurgia reparadora, inclusive na mama saudável, a fim de se conseguir uma simetria perfeita. Incialmente o cirurgião plástico não viu necessidade de colocação de próteses (até elogiou minhas peitcholas, pode?! Hehehe!), mas próteses de tamanhos diferentes serão levadas ao centro cirúgico no caso de precisar delas. Isso ainda será definido direitinho, são apenas previsões. 

Depois da cirurgia virão as sessões de radioterapia, que provavelmente serão feitas diariamente, durante um mês. E, por fim, muita fisioterapia, já que o esvaziamento axilar pode comprometer os movimentos do braço. 

Eu e a quimioterapia - diquinhas pra minimizar os efeitos cruéis

Cada organismo reage de forma diferente à quimio, não adianta querer comparar. Não é porque alguém sofre mais com efeitos colaterais que é mais fraco ou quem aguenta firme é mais durão. Tudo depende do tipo de câncer, dos remédios que serão administrados, do grau de sensibilidade do organismo, enfim, de um montão de fatores, que são muito particulares em cada pessoa. 

Pra mim não tem sido moleza, mas está bem longe de ser insuportável. Foi mais difícil durante as sessões com o medicamento vermelho, sem dúvida. Agora está ficando bem light com as sessões semanais e já começo até a esquecer do que foi ruim. Olha só tudo o que aconteceu comigo e o que fiz pra melhorar:


Enjoos: quase não tive e não vomitei nenhuma vez! No início, até meu organismo se acostumar, sentia o estômago um pouco embrulhado por causa de cheiros. Parece que a gente fica com super olfato, os odores se potencializam num grau absurdo, seja de comida, produtos de limpeza, perfumes e por aí vai. Vale dizer que meu médico prescreveu remédios excelentes pra evitar esse efeito colateral e tomo tudo bem direitinho, daí não me sinto mal por causa disso. 


Pele utra-ressecada e com coceira: isso me afeta bastante, desde o início.

. A primeiríssima coisa a fazer, que aliás é regra número um pra minimizar todos os efeitos colaterais da quimio, é BEBER BASTANTE ÁGUA DURANTE O DIA TODO (no mínimo dois litros). Com isso o organismo vai desitoxicando aos poucos e a hidratação da pele melhora bastante.

. CUIDADOS NO BANHO: tem sido bem difícil pra mim por causa do inverno de Sampa tomar banho com água de morna a fria, o que é fundamental, já que altas temperaturas tiram ainda mais a oleosidade da pele e esturricam tudo, provocando mais coceira e consequentes ferimentos indesejáveis. Tenho extremo cuidado com os sabonetes que uso. Na cabeça (ainda sem cabelos... grrrrr!) e no rosto, uso este  - custa aproximadamente R$ 70; no corpo tenho usado sabonetes neutros, entre ele este, que mantém a pele hidratada  - custa aproximadamente R$ 31. Também uso diariamente, no final do banho, um sabonete com óleo no corpo todo, este aqui, que deixa a pele mais macia e perfumada - custa aproximadamente R$ 16,00. Ah, muitíssimo importante: NÃO TOME MAIS QUE UM BANHO POR DIA, se puder evitar. Fiz isso no começo e me dei mal; mesmo usando todos esses produtos, a pele ressecava bastante, chegando até a ficar craquelada.
  
. CUIDADOS PÓS-BANHO: primeiro de tudo, uso soro fisiológico no rosto todo, aplicado com gaze. Faço umas compressinhas especiais para os olhos e também limpo dentro das orelhas e do nariz, que no meu caso dói bastante por causa da quimio e às vezes até sangra (todas as mucosas ficam bem comprometidas). Os cremes faciais se tornam indispensáveis pra quem faz quimio, especialmente numa pele passada dos "enta" como a minha. Aí tenho um cuidado bem grande, não importa o quanto demore (mas depois que a gente se habitua, faz tudo isso bem rapidinho e com prazer). Na área dos olhos uso este, de manhã e à noite, de preço bem salgadinho (R$ 393), mas que pode ser encontrado por aproximadamente US$ 100 fora do Brasil (maravilha de impostos, né?!); no rosto uso este creme, também carinho (R$ 367 - aproximadamente US$ 120 fora do Brasil). A Avon também tem uma linha excelente de cremes faciais (acho melhores que os da Natura), por preços bem mais acessíveis e com resultados muito eficientes (às vezes uso a linha Renew e recomendo). No corpo reparei que a necessidade de repor a oleosidade é fundamental, e comigo, só o que tem funcionado muito bem, é este aqui - que custa aproximadamente R$ 50. A pele fica muito perfumada e macia por várias horas, e acaba mesmo com o ressecamento. Achei melhor que qualquer outro tipo de hidratante. Garanto que esses cuidados fazem uma imensa diferença tanto estética, como em relação ao conforto. 

. CUIDADOS ÍNTIMOS: não posso dizer que sou megadisciplinada com isso quando se trata de nº 1, já que tomando tanta água é inevitável fazer um montão de xixi o dia todo. Mas no caso do nº 2 não tem como relaxar. Aí não abro mão da duchinha higiênica e uso este sabonete íntimo - que custa aproximadamente R$ 15.
  
. CUIDADOS COM MÃOS E PÉS: não tem como escapar de lavar e hidratar muito bem essas áreas, que acabam descamando, ficam mais escuras, muito frágeis e propensas a ferimentos e rachaduras. Quando me descuido um pouco acabo me queimando com muita facilidade no fogão, me corto com qualquer coisa, vejo calinhos surgindo. Lavo as mãos milhares de vezes ao dia, especialmente após ir ao banheiro e antes de comer qualquer coisa. Uso este sabonete aqui , que custa aproximadamente R$ 8. Procuro passar creme nas mãos no mínimo três vezes ao dia e uso este aqui, que custa aproximadamente R$ 15. Nos pés, passo de manhã e à noite, e uso este aqui, que custa R$ 16,80 e é fantástico. Ah, outra providência bem importante que tomo é usar luvas TODAS as vezes em que vou tratar das minhas cachorras (até pra fazer carinho) e cuidar de plantas. Pequenos ferimentos nas mãos são portas de entrada para infecções.


Inchaço e aumento de peso: Agora no segundo ciclo da quimio tenho notado um inchaço tremendo no meu corpo, além de estar engordando bastante (já ganhei seis quilos, olha que cocô!). Isso acontece por causa dos corticóides que compõem o novo medicamento e trazem como efeito colateral terrível a retenção hídrica, além de uma fome danada. Por enquanto meu médico resolveu não prescrever nenhum diurético, recomendando apenas caminhadas e repouso com os pés pra cima, o que já resolveu muito. Felizmente tô voltando a ter disposição pra praticar meus exercícios, então, tenho caminhado diariamente durante 30 minutos na esteira ergométrica, faço também 20 minutos de bicicleta e um pouco de abdominais. Tudo com calma, tomando golinhos de água o tempo todo e respirando pausadamente. É metade do que eu fazia antes, mas está me ajudando bastante. A cada dia meu desempenho melhora e as dores musculares estão sumindo. Pra quem não estava nem conseguindo subir escada, já melhorei muito. Ah, outra coisa: tenho tomado de manhã e à noite este chá aqui. Já tomava antes e funciona muito bem como diurético e desintoxicante. No meu caso, então, que tenho o intestino normalmente travado, ajuda bastante. Custa aproximadamente 40 reais e vem com 60 sachês. É bem legal. 


Alimentação: Comida adequada e em horários certos funciona como remédio pra quem faz quimio. Aumenta a imunidade, que naturalmente se reduz muito com o tratamento. Então não bobeio com isso jamais. Como diversos tipos de frutas (especialmente as que contêm fibras), impreterivelmente de três em três horas (até mais, confesso, ando com fome de leão!) e tenho dado prioridade pras verduras e legumes cozidos. Essa disciplina tem me trazido excelentes resultados nos hemogramas que antecedem todas as sessões de quimio, além de maior bem-estar. Assim, consegui que nada saísse do esquema até agora. Só tenho sofrido muito (agora um pouco menos, no segundo ciclo de quimio) com fortes dores de estômago. Desenvolvi esofagite desde o começo e isso é terrível, dói bastante e incomoda horrores. Meu médico prescreveu alguns remédios que melhoram um pouco essa situação, então dá pra suportar. Mas é bem ruim. Ah, e quando ele disser que você não deve comer pimenta de jeito nenhum, não vá testar, tá? Fiz isso e me dei mal, minha boca ficou pegando fogo por horas! Achei que como estava sem nenhum ferimento na boca, não teria importância. Só que mesmo sem a gente perceber, a mucosa bucal está comprometida e a pimentinha arde feito o capeta. 


Maquiagem: Fui teimosona no início e achei que não teria importância usar os produtos que eu já tinha em casa. Logo meus olhos ficaram bastante irritados, ainda mais suscetíveis a probleminhas por causa da falta de cílios (que já voltaram a crescer agora). Se for possível, é melhor comprar produtos novos, livres de contaminação. E nunca, jamais, em tempo algum, use maquiagem de outra pessoa, nem empreste as suas. Outra coisa fundamental é limpar muito bem a pele antes de dormir. Qualquer coisinha causa sérias irritações na pele e nos olhos de quem faz quimio. 


Fuja do sol: Quando seu médico lhe disser que sol e quimioterapia são inimigos mortais acredite, não é conversa mole. No início descuidei um pouco disso e ganhei algumas manchinhas marrons no rosto, nos braços, nas mãos e até nos pés. Desde então faz parte da minha rotina diária o uso de bloqueadores solares bem poderosos, mesmo que os cremes faciais já contenham alguma proteção. Não tenho grande preocupação com a marca, mas não abro mão do fator de proteção: 50 para o rosto e 30 para o corpo, isso porque minha pele não é bem branquinha. Uso, inclusive, nas partes do corpo que ficam cobertas (até mesmo no couro cabeludo). Também já vi que não dá pra sair sem óculos de sol de jeito nenhum. De qualquer modo, mesmo tomando todos esses cuidados, tenho evitado o sol a todo custo.  


Unhas: Essa é uma parte é triste. Minhas unhas escureceram um montão, parece que prendi os 10 dedos da mão na porta, dá aflição de olhar. Mas isso não dói e nem trouxe enfraquecimento pras minhas unhas. Com esse segundo ciclo de quimio, essa aparência já está melhorando e as unhas, aos poucos, estão clareando de novo. Um cuidado importante é não retirar a cutícula, lembrando que qualquer ferimento é porta de entrada pra infecções. Então, tenho usado um produto exclente pra afinar as cutículas, que é bem baratinho e funciona mesmo. É este aqui e custa só R$ 18.


Dentes/boca: Antes de começar a quimio é muito importante ir ao dentista e sanar qualquer problema que houver. Uma boa limpeza é fundamental. Escovo os dentes muitas e muitas vezes ao dia, sempre que como algo. Por isso, uso dois tipos de escova e de cremes dentais: de manhã, na hora do almoço e à noite, uso escova macia e creme dental normal; nos horários intermediários, sempre que me alimento, uso escova infantil, que é bem mais macia e creme dental anticorrosivo (os infantis em geral são assim). Isso evita agredir as gengivas, que ficam muito sensíveis. Outra coisa que ajuda muito quando a boca está comprometida (podem surgir aftas na língua e gengivite, mesmo com a higiene em dia) é fazer bochechos regulares com uma colher de sopa de bicarbonato de sódio, dissolvido em meio copo de água. E a parte mais deliciosa: alimentos gelados aliviam tremendamente esse mal-estar, inclusive quando há enjoo também. Por isso, capricho no consumo de sorvetes, pudins, gelatinas e por aí vai.


Bom, acho que consegui transmitir um pouco da experiência que venho adquirindo como paciente de quimio. Se alguém tiver outras dicas, venha dar seu pitaquinho, vai ser bem legal. 

quinta-feira, 26 de julho de 2012

O susto da "guerreira"



Três meses depois do diagnóstico do câncer ductal invasivo de mama tô aqui, firme (hum...) e forte (hum de novo), seguindo com o tratamento. Terminei a fase que imagino ter sido a mais complicada - quimioterapia com a combinação de dois remédios bravos (vermelhinho e branquinho), que trucidam o tumor e, de quebra, detonam o que estava bom também. Agora farei 12 sessões semanais, mais fraquinhas. Depois vem a cirurgia (o povo estranha, mas é assim mesmo: faca só depois da quimio, que é neoadjuvante e tem como objetivo reduzir ao máximo o tumor antes de operar), sessões de radioterapia e, então, c'est fini. Ufa, ufa!

Imaginar o que tudo isso significa na vida de alguém até que não é complicado, antes eu também fazia ideia. Só que agora EU SEI como é. Putz, como sei!

Todo mundo, por diversas vezes na vida, passa por sufocos. Num dia é uma dor de cabeça daquelas, no outro um mal-estar danado, estômago embrulhado, ardendo em brasa... Dor nas pernas, nas costas, nos braços, em tudo que é parte do pobre ser... E as dores na alma, então? Não há quem nunca tenha enfrentado crises existenciais, dúvidas, decepções, raiva, tristeza, angústia... Enfim, basta ser humano pra fatalmente sentir essas coisas, uma hora ou outra. O que torna o portador de câncer diferente é que ele sente tudo isso e mais um pouco ao mesmo tempo. De repente, sem mais nem menos, a vida vira do avesso e você tem que lidar com uma situação absolutamente cascuda. É um choque de realidade, daqueles megaeletrizantes, com zinzilhões de volts.

Acha pouco? Quer mais? Tá, então lá vai, porque o perrengão não para por aí.

Ao contrário do que muita gente (todo mundo?) espera, não tô tirando isso de letra. Sei lá quem inventou que a pessoa com câncer é obrigada a ser "guerreira"! A verdade é que a duras penas tô sobrevivendo e faço isso porque não tenho escolha. Vou em frente apoiada nos médicos, nas enfermeiras, no japa, na minha irmã e em todos os que me seguram, impedindo que eu me arrebente no chão. 

Ontem reparei numa coisa engraçada. Quando ando por aí toda produzida, as pessoas me olham e logo abrem um sorrisinho simpático, por vezes acompanhado até de cabeça inclinada de ladinho. Percebi que é uma manifestação de aprovação diante do meu empenho em insistir na beleza e na atitude positiva, mesmo carregando comigo uma doença grave. Como se fosse muito natural pra mim agir desse modo, moleza me tornar apresentável, tranquilão mostrar os dentes... Sinto informar, mas na atual situação não é. É complicadíssimo me olhar no espelho e ver uma pessoa que desconheço, transformada pelo que demagogicamente se considera "o de menos": falta de cabelos, de cílios, de sobrancelhas, inchaço, pele craquelando... Dá um trabalho do cão melhorar essa condição, especialmente quando estou debilitada pela baixa da imunidade. Trabalho dobrado, então, quando preciso botar freio nas lágrimas ao ver a triste figura em que temporariamente me tornei, o que acontece muitas e muitas vezes. 

É isso aí, a "guerreira", coitada, se assustou com o turbilhão de novidades. Sabe por que? Porque, simplesmente, ela não quer ser guerreira, nem coitada... Quer apenas ser uma pessoa que, como tantas outras, é humana, fica com câncer e se vira pra resolver isso. Que no meio do caminho chora, ri, cai e se levanta pra, devargazinho, chegar lá e ter o direito de ser recompensada não com um troféu, mas com a retomada da vidinha normal que levava antes deste sufoco. Só isso, mais nadica de nada.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Dia feliz + presente sacana




Depois de muitos dias cascudos por causa da quimio - imunidade baixa, inchaço, feridas na boca e no nariz, unhas pretas e uma dor de estômago do cão - hoje foi um dia de alegria e muitas risadas.


Alegria

Última sessão de quimio forte. Último xixi vermelho. Agora só mais 12 semanais, fraquinhas. Excelentes notícias:

1. Nódulo já bem pequenininho e de sólido vai ficando líquido. Até o final da quimio estará dissolvido;

2. O médico já mandou parar com a maquininha pra tirar as poucas penugens... MEU CABELO VOLTARÁ A CRESCER BONITÃO!!!

Quimio vermelha cumpriu sua função direitinho. Agradeço, mas me despeço sem rodeios... Vermelhinha, bye bye! Até nunca mais, se Deus quiser!

Bem feliz!!! :-D


Muitas risadas

Já contei aqui que o japa, por causa da cultura oriental, tem a mania esquisita de receber presentes e não abrir na hora. Eu e minha curiosidade ficamos fulas com isso. Aí ontem minha sogra chegou aqui com um presente tardio, oferecido por uma prima pelo aniversário dele, ocorrido no longínquo mês de junho. Putz, japa no plantão, precisei esperar até hoje pra ver o que era. Ele abriu logo que chegou? Não, é claro. Tsc. Haja unha preta pra roer!

Ligeiramente coagido de morte, acabou abrindo o presente, mas só depois que retornamos da minha sessão de quimio. Aff, que demorildo! Quem não teria o irresistível interesse de ver imediatamente o que há dentro de uma bela sacolinha da Dryzun Joalheiros? Poderia ser um magnífico Rolex. Ou, quem sabe, uma Montblanc com pena de ouro bem da bacanuda?! 

Só que pobre não tem sorte mesmo. E com uma prima sacana bacana, então!...

A sacolinha não passou de mero meio de transporte para o embrulho. E no pacote, mais uma - das centenas que ganha, sempre da mesma pessoa, comprada na mesma loja e com o mesmo papel, durante anos e anos a fio - camisa polo branca. Exagero? Olha isso (amostra dos últimos cinco anos):


Rimos demais com a "surpresa", o closet tá virando estoque de polo branca. Mas valeu, claro! Ganhar presente é bom de qualquer jeito. Ainda melhor seria se eu pudesse usar também, né? Fica aqui uma campanha ferrenha pra que só dêem a ele presentinhos unissexy, tá legal?

terça-feira, 26 de junho de 2012

O poder de uma boa bunda


Que a bunda feminina exerce um fascínio entre homens de qualquer classe social, faixa etária, preferência futebolística, religiosa e política, não é nenhuma novidade. Aliás, nunca consegui entender isso, já que todo ser humano - homens incluídos no pacote, evidentemente - tem bunda. Por mais chapada que seja, bunda é bunda, ora essa! Mas eles adoram... Babam por ela... Desejam... Nem Freud explica. Aff!

Tudo culpa da testosterona, a sacana que faz os "pobrezinhos" só pensarem em colocar suas sementinhas desvairadas nitudoquiéburaco

Nem o japa, forte candidato à canonização, fica fora dessa, acredita?

Estávamos nós, um casalzinho feliz, voltando da minha sessão de quimio hoje, quando um motoqueiro olhando pra trás me chamou a atenção:

- Caramba, o cara vai cair da moto desse jeito. Maior tonto, olhando pra bunda da moça, vê se pode!

- Também, com uma calça agarrada daquela!

- Epa, epa, opa!... Até tu, Brutus?

- Eu não olhei pra bunda de ninguém.

- É? Sei. E como viu que a calça da periguete está agarrada, hein?...

- Ué, quem não veria aquela calça entranhada na mulher?

Eu. EU NÃO VI. Japa cachorrão!!! Grrrrrrr...

Cheguei à conclusão que não adianta querer entender, nem reclamar, afinal nesse quesito todo homem sofre da mesmíssima fissura. Aliás, hoje em dia é moda a mulherada admirar as formações glúteas masculinas também. Não sou chegada nisso, confesso que à primeira vista prefiro bem mais um belo sorriso, um olhar revelador, mas gosto não se discute, né?

A prova inequívoca de que homens só mudam de endereço quando a questão é uma bela de uma bunda está neste vídeo, uma experiência interessante, onde a câmera foi colocada no traseiro da criatura boazuda. Nem Jesus resistiu. Fala sério! 


Câmera instalada na bunda da mulher flagra reações dos homens - Rear View Girls (Los Angeles) por amdal  no Videolog.tv.


segunda-feira, 18 de junho de 2012

Pra que complicar o que é tão simples?


Não sei se o momento que estou vivendo agora me faz ficar mas antenada ou se é apenas uma coincidência, mas acho que nunca tinha visto tanta gente envolvida em sufocos antes. Coisas de todo tipo, desde a clássica falta de grana - probleminha que todo mundo tem - até situações irremediáveis, em menor ou maior grau, o perrengue é generalizado. 

O que tem me surpreendido, no entanto, não é o fato de ver tantas sinucas de bico juntas, mas como o povo as tem encarado. Parece que o mosquitinho da falta de esperança andou picando todo mundo, nunca vi! Tenho observado um desânimo imenso, como se nada mais valesse a pena e não houvesse razão pra se sacudir. 

Sabe o que eu acho? Que não interessa o tamanho da confusão, o importante é sair dela de qualquer maneira. E a saída, em grande parte das vezes, está na simplicidade de encarar as coisas como elas de fato são, sem devaneios masoquistas. Pra quase tudo há jeito. E quando não houver, o jeito é buscar novos caminhos, sem grandes dramas, nem muita complicação. Viver é bem mais simples do que parece. 

Este trecho de uma fala do personagem Mr. Magorium (interpretado por Dustin Hoffman), do fofíssimo filme A Loja Mágica de Brinquedos, diz tudo:
 
"Quando o Rei Lear morre no Ato V, sabe o que Shakespeare escreveu? Ele escreveu 'Ele morre'. Só isso. Nada mais. Sem fanfarras, sem metáforas, sem palavras finais brilhantes. 

O ápice da mais influente obra da literatura dramática é 'Ele morre'. Foi preciso um gênio como Shakespeare para escrever 'Ele morre'. E, sempre que leio essas palavras, sou tomado por uma inquietação… 

Sei que é natural ficar triste, não por causa das palavras 'Ele morre', mas pela vida que vimos antes delas. 

Eu vivi todos os meus cinco atos, Mahoney. E não estou pedindo para que fique feliz com minha partida. Eu só estou pedindo que você vire a página, continue lendo… E deixe a próxima história começar. E, se algum dia alguém perguntar o que houve comigo, conte minha vida com todo seu esplendor e termine com um simples e modesto: 'Ele morreu!'.

SUA VIDA É UM ACONTECIMENTO. ESTEJA À ALTURA DELE." 

Ilustração: Tânia Meneghelli (minha!), em pastel seco.

domingo, 17 de junho de 2012

Sorveteiro do mal


Nem todo mundo sabe, mas um alimento indicado para quem faz quimioterapia é sorvete, além de outras sobremesas geladas. Isso porque a mucosa bucal fica bastante afetada pelos medicamentos e o geladinho dessas gostosuras ajuda a diminuir a dor provocada pelas aftas e outros ferimentos na língua, céu da boca e gengivas.

Por causa disso, outro dia o japa foi à sorveteria e chegou carregado de picolés aqui. Comprou um monte e ainda ganhou outro tantão, o cara da sorveteria deu pra ele caixas de picolés que estavam amassados e não serviriam mais pra vender.

Um tempo depois, animada com a boa vontade do moço e com os picolés esgotados em casa, dei um pulinho na sorveteria pra reabastecer o freezer. Pedi uma caixa do meu sabor preferido, só que entre os 20, havia três bem amassados. Aí falei pra balconista que os aceitaria como brinde, já que no outro dia meu marido trouxe uma porção de picolés danificados, fornecidos pelo chefão do cafofo. Rapidamente o dono da sorveteria interferiu, dizendo que eu deveria pagar pelos amassados também, deixando a mim e à moça atônitas. Obviamente dispensei os amassados e fiquei só com os bons, apesar de, àquela altura, eu já não estar a fim de levar mais nada dali. Voltei pra casa putíssima com a avareza do infeliz, especialmente considerando que se antes ele havia cedido caixas e caixas de picolés pro japa, por que queria cobrar apenas três de mim? O sujeitinho nojento deve ter me achado uma morta de fome. Mas, vá lá, fazer o que, né? É direito dele cobrar por seus produtos.

O tempo passou e acabei esquecendo do episódio desagradável, até que ontem o japa chegou de novo com um montão de picolés, entre eles alguns de novos sabores, que são lançamentos, e pelos quais ele, pra minha surpresa, novamente não precisou pagar. Ganhou do mesmo sujeitinho, que queria que ele provasse as novidades e ainda levasse pra esposa  - no caso eu, só que ele não sabe que sou aquela pra quem ele negou os três picolés no outro dia - experimentar também. Lógico, o japa é bonitão, bonzão, gostosão, medicão, chefão no Samuzão!... 

Fala a verdade, a criatura é ou não é indecente? Merece ou não merece tomar uma bela rasteira neste mundo, que pro azar dele é bem redondinho? Fiquei com nojo. E com vontade de deixar o intestino reto do miserável entupido de sorvete e trincando de congelado. 

SORVETEIROMUQUIRANAFIADAPUTADUSINFERNUPUXASACODEJAPA!!!!! >_<

sábado, 16 de junho de 2012

Virei fada agora. Hum... será?




É engraçado como muita gente espera que a pessoa que tem câncer se transforme, de repente, numa fofurinha. Taí, agora sou assim, uma fada. 

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Reconheço o milagre da vida no vento que sopra suave e lentamente, balançando as folhas das árvores, sussurrando a melodia angelical da natureza aos meus ouvidos... Ah, a brisa que toca com delicadeza meu rosto, lembrando que...

...meu último pote de Lancôme está no fim! SOCOOOOOOORROOOO!!! 


Tô o pó da rabiola por causa da quimio. Amarela, seca, esturricada... E sem Lancôme é o apocalipse final, o fundo do poço, o caos da minha existência! Só resta esperar que alguma alma caridosa vá correndão até New York-New York e me traga uma encomenda basiquinha, a jato.

Putz, se tem gente que ficou barbarizada com o que escrevi na postagem anterior (especialmente quando digo que dispenso os consoladores tapinhas nas costas), agora, então, vai me odiar por causa da futilidade. Tudo bem, aguento. Se o ultrajado trouxer uns potinhos de Lancôme, pode me xingar de palavrão cabeludo, inclusive. E se tiver as manhas de se superar, aparecendo aqui com alguns itens de makeup da M.A.C., aí deixo até me bater. De chicote, com preguinho na ponta e tudo. Na boa mesmo.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Tô com CÂNCER sim. E daí?




Desde que contei que estou com câncer de mama tenho me deparado com as reações mais diversas possíveis. A mais comum, claro, é a de espanto. Caramba, como essa doença ainda aterroriza! Muita gente até gostaria de ser solidária nesse momento, mas se afasta, simplesmente por não saber o que dizer. Reparei no bom número de visualizações aqui no blog, mas também na descrescente participação com comentários, por exemplo. Há, ainda, aqueles que preferem fechar os olhos, como se assim ficassem imunes ao que qualquer pessoa está suscetível. Lamento informar, mas pra ter câncer basta estar vivo e pronto, qualquer um vira a bola da vez. 

Então, quero falar sobre isso agora, nua e cruamente. Gente, estou com câncer SIM e daí? E falo a palavra (que tanta gente evita), sem o menor receio: CÂNCER, CÂNCER, CÂNCER!!! Não tenho câncer porque guardei mágoa nenhuma, nem porque mereci isso (ninguém merece!) ou por qualquer outra razão que não seja o simples fato de que essa coisa apareceu aqui do nada, está sendo tratada e vai se escafeder logo logo. Simples assim.

Sem nenhuma hipocrisia, nem querendo me fazer de mais forte do que sou de verdade, não fosse pelo tratamento, que é mesmo bem chatinho, eu me sinto absolutamente NORMAL. Tenho feito minhas coisas numa boa, estou tranquila e tenho convicção do bom resultado que vou alcançar. Sinto muito por decepcionar os mais trágicos, mas não vou morrer disso. Agradeço, mas dispenso os tapinhas nas costas, acompanhados das ladainhas: Tenha fé! Pra Deus tudo é possível. Seja forte! Tenho fé sim, acredito que Deus olha (e tem olhado demais) por mim e estou mais forte do que jamais estive na vida. E vou chegar lá, com toda certeza.

É gostoso ter câncer? Óbvio que não. Câncer mata? Às vezes, mata sim (e se não tratar logo, então, mata mesmo). Estou feliz da vida sem cabelos? Evidentemente que não também. Ainda choro, às vezes, por causa disso. Lógico que estranho ao me olhar no espelho, não gosto nada do que vejo. E, cá entre nós, não há mesmo como uma mulher ser maravilhosa estando careca, né não? Mas trato de sacudir a poeira rapidinho e sigo em frente. Simplesmente porque a ponte foi dinamitada, não tem volta, não adianta me contrariar. Acho que só dá pra superar isso sendo muito prática, olhando APENAS pra frente. E enxergando, acima de tudo, os pontos positivos desse sufoco, que existem sim, por mais incrível que possa parecer. 

É gostoso se sentir querida e importante. Tenho recebido muita atenção e carinho, inclusive de pessoas que estavam distantes e se reaproximaram. Os laços afetivos se estreitam muito num momento como esse, sabe?

Agora, acima de tudo, mas de TUDO, de verdade - e sem a menor demagogia - o melhor tem sido meu reencontro comigo mesma. Finalmente me olhei e me vi. Descobri em mim uma pessoa muito mais forte e competente do que imaginava ser (meu tumor já diminuiu um centímetro!), tenho me tratado com muito mais carinho e dedicação. Reparei que se tantas vezes na vida a gente pode ser nosso pior inimigo, se autosabotando sem piedade (como fiz tantas vezes), é possível também se amar pra valer, se cuidar, se querer bem. E é assim que tô agora, totalmente em paz comigo mesma, cheia de planos. Já não tenho a menor dúvida de que saio dessa bem melhor do que estava antes (siliconadérrima, inclusive, u-huuuu!) e me admirando muitíssimo mais. 

Pronto, só faltava essa agora... Virei minha fã número um. Abusaaaaaada!!!

Por isso, quem quiser chegar junto, venha sem medo. Diga o que e como quiser, fale, pergunte, desabafe, xingue, se manisfeste como preferir. E se não quiser dizer nada, também, tá tudo certo. Só não me olhe como se eu fosse um ET fora do prazo de validade, tá? Relax total.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Programas matinais na TV aberta... Tédio!



Num papinho informal  - de umas 12 horas seguidas - aqui com minha mana caetana no último fim de semana, a gente riu muito de umas coisas que vê nos programinhas matinais. Por força do tratamento e meio de molho, tenho visto bastante TV nos últimos tempos. Gente, mas o que é aquele "Hoje em Dia"? A coisa não vira!

Cris Flores tenta mesmo ser uma florzinha, no sentido literal. Mas mulé fada não me engana não, sabe? Aquilo tem um jeitinho de ser tinhosa de verdade. Passa mensagens subliminares em todos os seus comentários perfumadinhos. Bota a velhinha, feia e nanica sentada na cadeira pra receber tratamento facial e diz com a maior desfaçatez: - Ah, mas ficou linda!... Muito mais jovial! Na verdade, pensando lá com seus botões: - Nem passando todo o creminho do planeta será como eu, linda, alta, magra, fofa, televisiva! Mocréia!!!

Edu Guedes, preparando as receitinhas, dá nos nervos. Se bem que acho divertidas suas trapalhadas, às vezes. Repete, exaustivamente, a mesma ladainha em todo e qualquer preparado: - Isso é fácil, gostoso e barato. Mexidinha com a colher e lá vem: - Isso é fácil, gostoso e barato. Tira do fogo e não perdoa: - Isso é fácil, gostoso e barato. Só falta completar: - Prato perfeito pra você, telespectadora burra e pobre, muito diferente de mim, que sou riquinho e sei lá que raios tô fazendo aqui. 

Isso sem contar com a mais absoluta falta de conteúdo. Celso Zucatelli virou o gatão de meia idade. Caras, bocas e covinhas pra não dizer coisa com coisa e interagir com o público absolutamente nonsense que liga pra lá querendo ganhar uns trocos. Outro dia a pergunta foi quem o povo achava que participaria dessa edição de "A Fazenda" (outro "programão"). Penso que deve ser difícil conseguir participar, já que milhões de pessoas ligam. Mas a sem-nadinha-de-noção que conseguiu mandou: - Cléo Pires! Não merece continuar pobre o resto da vida? Caramba, a tal da Cléo Pires é contratada da Globo e nojenta até não poder mais. É difícil imaginar que ela jamais participaria de um treco desses? :-p

E a doida que parece uma metralhadora desembestada, falando sobre uma tal máquina fotográfica? Eutenhoumasupernovidadepravocêéatekpixcâmerafotográficafilmadorawebcamcomecealigaragoraeadquirajáasuatekpixsemcomprovaçãoderendafácilfácilbláblábláblá... E o mais incrível: sempre tem um "descontaço" (nossa, odeio quem bota "aço" no final das palavras!... cruzes!) pra quem ligar nos primeiros cinco minutos, sendo que esse apelo infernal aparece na programação o dia todo!!! E em diversos outros canais também. Aliás, é merchandising atrás de merchandising, um saco. Haja!

TV aberta totalmente sem opções pela manhã, nunca vi. Ana Maria Brega e o papagaio que me irrita (muitíssimo!); nem a ótima Regina Volpato salvou o desastre que é aquele programinha que existe só pra mulé do poderoso chefão ter o que fazer e por aí vai. Aff, aff, aff!

Uma tristeza só. Que saudade da Palmirinha Onofre e seus cameraman, minhas amiguinha!