Tem gente nesse mundo que sei lá... Fui a um aniversário de criança e fiquei boaquiaberta com a paranóia da mãe do aniversariante. Juro que nunca tinha visto nada parecido.
Festa infantil até que é bem legal, colorida, animada... Cheia de guloseimas, de diversão e de CRIANÇAS (puxa, mas sempre tem alguma coisa pra estragar!) rindo, cantando, dançando, correndo, BERRANDO, enfim, se esbaldando irrestritamente.
As restrições, no entanto, ficavam todas para o pobrezinho do aniversariante. Comecei a reparar que a coisa ali não estava muito normal quando o pimpolho foi brincar SOZINHO na piscina de bolinhas, apesar de já haver muitas outras crianças querendo participar da farra. Qual o motivo do isolamento? Simples: a mãe exigiu que todas as bolinhas fossem esterelizadas e que seu filho fosse o primeiro a brincar ali, liberando o espaço para os demais só depois da saída do menino.
Estranho, mas até aí, vá lá, talvez o moleque estivesse com algum problema de imunidade, vai saber. Aí fui acompanhando o movimento... A cada pessoa que encostava no pirralho, a mãe borrifava um líquido nele - álcool, provavelmente - logo que o autor do carinho virasse as costas. Foi pega no flagra pelo fotógrafo da festa, que depois de dar um beijinho na cabeça do menino, viu a mãe encharcar a cabeça do pequeno infeliz com o líquido. Diante desses gestos amalucados, assuntei daqui e dali pra saber se o limpinho tinha algum problema de saúde e a conclusão foi a que eu imaginava: doente, mesmo, é a mãe do rapazinho, que tem horror a bactérias.
Sei muito bem quem é o culpado por disseminar essa neura no povo: o Doutor Bactéria, aquele maluco que aparece na TV, botando terror. Caramba, se você for seguir à risca todas as recomendações do homem não sai da bolha nunca mais! Segundo ele, por exemplo, soprar a velinha do bolo de aniversário é um péssimo hábito, que contamina o doce com as bactérias da saliva, causadoras de uma intoxicação com 24 horas de vômitos, diarréia e toda sorte de nojeirices que um ser humano pode produzir. Juro que até hoje nunca vi ninguém passar mal por causa disso. E olha que já fui a centenas e centenas de aniversários ao longo da minha (longa também) vida.
Conheço uma pessoa - médico!... que não é o japa - que não come em restaurante por quilo de jeito nenhum, por causa da manipulação direta das pessoas nos alimentos expostos. Como se a comida à la carte não chegasse à mesa com uns bafinhos básicos - quiçá até pentelhinhos - do cozinheiro e dos garçons... Fala sério!
Acho que há um grande exagero hoje em dia em relação a essas coisas, sabe? Sou do tempo em que a gente brincava descalço, tomava água direto da mangueira e muito raramente ficava doente. Tá certo que higiene é fundamental, mas é preciso entender que até mesmo as bactérias nos são úteis. Afinal, é por causa dessas danadas que o nosso sistema imunológico se desenvolve, né?
Enfim, sigo o bom e velho dito popular de que "o que não mata, engorda" (até demais, saco!). Isso tudo, pra mim, não passa de FRESCURA. Prontofalei.