Odeio a maldita expressão "melhor idade", geralmente dita por quem ainda tem muita lenha para queimar. Taqueopariu, mas desde quando é uma delícia ficar velho?
Tá legal, virão correndo os politicamente corretos e exageradamente otimistas com a (também) velha ladainha de que a vida começa aos 50, 60, 70 (!!!), que o que importa verdadeiramente é a idade do seu espírito, que há um montão de gente novinha que parece velha e vice-versa... Uhhh! Cata o violino!
O que eu sei, MESMO, é que envelhecer é uma bosta. Lógico que tem a vantagem de ficar mais experiente - pelo menos ISSO, né?! - e que nos tornamos, finalmente, donos dos próprios narizes (que, por sinal, vão ficando mais largos e maiores com o tempo), aprendendo a não levar desaforo pra casa. Que mais tem de bom? Hum... deixa ver... Ah! Chega o tempo em que dá para pegar senha especial para atendimento em banco, utilíssima, já que se tiver que esperar, morre na fila. Tem também vaga exclusiva nos estacionamentos, sempre pertinho das entradas dos lugares... E se não tiver carro, anda de graça no busão! Tudo muito digno e merecido, sem dúvida.
Aliás, por falar em transporte público, depois de um tempão andei de metrô outro dia. O vagão estava quase vazio e eu, desatenta, sentei no primeiro lugar que encontrei. Era uma vaga para idosos. Imediatamente apareceu uma funcionária do metrô na janela e me pediu para trocar de lugar. Olha isso, ela logo viu que aquele não era lugar para mim! Mocinha do metrô, AILOVIUPAXUXU!!!
Ando meio encanada com a ação do tempo no meu ser. Uma prima apareceu por aqui com um montão de roupas lindíssimas que está vendendo agora. Primeiro mostrou uma blusinha maravilhosa, com um babado rendado na lateral. Tá doida? A essa altura do campeonato preciso de algo que disfarce a tala larga, não que a faça berrar por aí.
- Ah, mas dá uma olhada nesse vestido. É a sua cara! Um tomara-que-caia chiquérrimo!
- Ai, ai, ai!... Não tem tomara-que-suba aí não? A torcida aqui já é outra há séculos, minha filha!
Engraçado que, quanto mais o tempo passa, mais recatadinha a gente vai se obrigando a ficar. Houve uma época - há trocentos anos atrás - em que eu usava até minissaia, embora não gostasse muito. É que sempre tive pernas grossas, o que fatalmente me deixava boazuda além da conta. Aí os anos foram passando e o comprimento da saia, proporcionalmente, aumentando... Tudo bem, o que é um parzinho de pernas para quem tem "saboneteiras", costas e ombros maravilhosos para exibir? A gente mostra o que tá bacana, não é não? Bom... Meu guarda-roupa já começou a ficar entulhado de golas olímpicas. Ah, mas vamos combinar que minha cara ainda até que tá... Baraio! Será que vou precisar me converter ao islamismo? Não demora nadinha e só me resta a burca. Aff!
Tem gente que consegue deixar o tempo passar tranquilamente, porque, na verdade, é atemporal. Pessoas que não inspiram tratamentos cerimoniosos - pelo menos não de quem as conhece - por serem muito desencanadas e maluquetes por natureza. Um bom exemplo é a Rita Lee. Podem até a chamar de "vovó do Rock", mas duvido que alguém consiga dizer "Dona Rita Lee" para ela. Outro que é assim é o Tom Zé. Vê lá se "Seu Tom Zé" combina com ele. Na vida real conheço uma doida assim. É a Rose, minha amiga há zinzilhões de anos, para quem certos tratamentos também não cairiam bem. É insólito imaginar alguém a chamando de "Tia Rose", por exemplo. Até porque, a madame é dona de uma "delicadeza" bastante peculiar, que faz o povinho mais jovem se divertir e se identificar bastante com ela. Já comigo!... É senhora daqui, dona de lá... É o preço de ser ranzinza. Gente fiadaputa!
Enfim, fora a parte ruim (99,99%), é claro que também há uma certa poesia nas marcas que o tempo vai deixando. Segundo Platão, se o ser humano for prudente, a velhice não constitui nenhum peso e traz um sentimento de paz e de libertação. Ainda assim, prefiro a constatação mais realista do escritor irlandês Jonathan Swift: "Todos desejam viver por muito tempo, mas ninguém quer ser velho".
Filosofando ou não, vou contar um negocinho: a idade começando a pesar no cangote é dose. E, a julgar pela longevidade da minha avó, uma autêntica highlander, que atualmente tem 97 anos e já se tornou tataravó até, vou ter que me acostumar com a ideia e encontrar beleza nisso de qualquer maneira. Ô complicação da gota!
Mas que a tal da "melhor idade" me deixa furiosa, deixa. Equivale a dizer que uma pessoa que esticou as canelas foi para um lugar melhor. Se é tão melhor, o hipócrita que segure o rojão, oras bolas! Passo a minha vez, numa boa.
Ah, e antes que alguém me alerte que só gente jurássica diz "é o escambau", aviso logo que não dá pra ser muito moderninha no quesito. Afinal, uma mocinha -MOCINHA, ok?- de fino trato como eu jamais escreveria "é o cacete". Isso é feio pra caral... ops!
Tá legal, virão correndo os politicamente corretos e exageradamente otimistas com a (também) velha ladainha de que a vida começa aos 50, 60, 70 (!!!), que o que importa verdadeiramente é a idade do seu espírito, que há um montão de gente novinha que parece velha e vice-versa... Uhhh! Cata o violino!
O que eu sei, MESMO, é que envelhecer é uma bosta. Lógico que tem a vantagem de ficar mais experiente - pelo menos ISSO, né?! - e que nos tornamos, finalmente, donos dos próprios narizes (que, por sinal, vão ficando mais largos e maiores com o tempo), aprendendo a não levar desaforo pra casa. Que mais tem de bom? Hum... deixa ver... Ah! Chega o tempo em que dá para pegar senha especial para atendimento em banco, utilíssima, já que se tiver que esperar, morre na fila. Tem também vaga exclusiva nos estacionamentos, sempre pertinho das entradas dos lugares... E se não tiver carro, anda de graça no busão! Tudo muito digno e merecido, sem dúvida.
Aliás, por falar em transporte público, depois de um tempão andei de metrô outro dia. O vagão estava quase vazio e eu, desatenta, sentei no primeiro lugar que encontrei. Era uma vaga para idosos. Imediatamente apareceu uma funcionária do metrô na janela e me pediu para trocar de lugar. Olha isso, ela logo viu que aquele não era lugar para mim! Mocinha do metrô, AILOVIUPAXUXU!!!
Ando meio encanada com a ação do tempo no meu ser. Uma prima apareceu por aqui com um montão de roupas lindíssimas que está vendendo agora. Primeiro mostrou uma blusinha maravilhosa, com um babado rendado na lateral. Tá doida? A essa altura do campeonato preciso de algo que disfarce a tala larga, não que a faça berrar por aí.
- Ah, mas dá uma olhada nesse vestido. É a sua cara! Um tomara-que-caia chiquérrimo!
- Ai, ai, ai!... Não tem tomara-que-suba aí não? A torcida aqui já é outra há séculos, minha filha!
Engraçado que, quanto mais o tempo passa, mais recatadinha a gente vai se obrigando a ficar. Houve uma época - há trocentos anos atrás - em que eu usava até minissaia, embora não gostasse muito. É que sempre tive pernas grossas, o que fatalmente me deixava boazuda além da conta. Aí os anos foram passando e o comprimento da saia, proporcionalmente, aumentando... Tudo bem, o que é um parzinho de pernas para quem tem "saboneteiras", costas e ombros maravilhosos para exibir? A gente mostra o que tá bacana, não é não? Bom... Meu guarda-roupa já começou a ficar entulhado de golas olímpicas. Ah, mas vamos combinar que minha cara ainda até que tá... Baraio! Será que vou precisar me converter ao islamismo? Não demora nadinha e só me resta a burca. Aff!
Tem gente que consegue deixar o tempo passar tranquilamente, porque, na verdade, é atemporal. Pessoas que não inspiram tratamentos cerimoniosos - pelo menos não de quem as conhece - por serem muito desencanadas e maluquetes por natureza. Um bom exemplo é a Rita Lee. Podem até a chamar de "vovó do Rock", mas duvido que alguém consiga dizer "Dona Rita Lee" para ela. Outro que é assim é o Tom Zé. Vê lá se "Seu Tom Zé" combina com ele. Na vida real conheço uma doida assim. É a Rose, minha amiga há zinzilhões de anos, para quem certos tratamentos também não cairiam bem. É insólito imaginar alguém a chamando de "Tia Rose", por exemplo. Até porque, a madame é dona de uma "delicadeza" bastante peculiar, que faz o povinho mais jovem se divertir e se identificar bastante com ela. Já comigo!... É senhora daqui, dona de lá... É o preço de ser ranzinza. Gente fiadaputa!
Enfim, fora a parte ruim (99,99%), é claro que também há uma certa poesia nas marcas que o tempo vai deixando. Segundo Platão, se o ser humano for prudente, a velhice não constitui nenhum peso e traz um sentimento de paz e de libertação. Ainda assim, prefiro a constatação mais realista do escritor irlandês Jonathan Swift: "Todos desejam viver por muito tempo, mas ninguém quer ser velho".
Filosofando ou não, vou contar um negocinho: a idade começando a pesar no cangote é dose. E, a julgar pela longevidade da minha avó, uma autêntica highlander, que atualmente tem 97 anos e já se tornou tataravó até, vou ter que me acostumar com a ideia e encontrar beleza nisso de qualquer maneira. Ô complicação da gota!
Mas que a tal da "melhor idade" me deixa furiosa, deixa. Equivale a dizer que uma pessoa que esticou as canelas foi para um lugar melhor. Se é tão melhor, o hipócrita que segure o rojão, oras bolas! Passo a minha vez, numa boa.
Ah, e antes que alguém me alerte que só gente jurássica diz "é o escambau", aviso logo que não dá pra ser muito moderninha no quesito. Afinal, uma mocinha -MOCINHA, ok?- de fino trato como eu jamais escreveria "é o cacete". Isso é feio pra caral... ops!