quinta-feira, 26 de março de 2009

Ser inteligente é pouco... Aprenda a ser esperta!





Recentemente um leitor anônimo postou um comentário num tópico antigo, onde falo sobre a diferença que há entre lealdade e fidelidade. Estava indignado com um revertério que sofreu num relacionamento. Como ele, encontro por aí um montão de outras pessoas na mesma situação, aflitas por se considerarem vítimas de determinadas circunstâncias. 


Por isso resolvi fazer essa postagem especial, onde pretendo abordar o assunto da forma mais ampla possível. Aviso logo: não sou psicóloga, nem conselheira sentimental. O que virá a seguir é fruto apenas das minhas observações e consequentes conclusões. Então, ninguém é obrigado a concordar com nada do que eu disser e, menos ainda, gostar do que vai ver.


Outro aviso, não menos importante: nada aqui tem endereço certo, é uma abordagem bem geral mesmo. E, apesar de me dirigir às mulheres, o babado é unissex, tá?


INTELIGENTE E BOBONA

Logo depois que dei uma renovada no "Quem sou eu" do meu perfil no Orkut, parei pra refletir sobre como algumas palavras, embora aparentemente com o mesmo significado, podem dizer coisas tão diferentes. Assim, continuo achando que fidelidade é uma coisa e lealdade é outra. Do mesmo modo, inteligência não é o mesmo que esperteza.

Na nova descrição feita no perfil afirmei que apesar de inteligente, a mulher também pode ser uma burra assumida. Isso parece contraditório, mas provo que não é. Ser talentosa, excelente profissional, conhecer bem isso ou aquilo está muito longe de significar que uma mulher seja esperta. Digo esperta no sentido de malandrinha, escolada nas safadezas alheias. É por isso que ao tomar uma bela invertida, acaba sofrendo horrores. Porque se não bastasse o toco, ainda se descabela pra tentar entender como justamente ela, tão culta, entrou numa fria dessas. Fica com o ego ferido de morte, seu orgulho se transforma num zero à esquerda.

Daí a importância de analisar melhor certos conceitos. Ser inteligente não é a mesma coisa que ser sabidinha e ter o jogo de cintura necessário pra evitar decepções. Uma mulher pode ser PhD em física quântica e, ao mesmo tempo, não ter maturidade emocional suficiente pra suportar as consequências das ciladas geradas por suas péssimas escolhas e deixar de viver iludida.

"É melhor, muito melhor, contentar-se com a realidade; se ela não é tão brilhante como os sonhos, tem pelo menos a vantagem de existir."
(Machado de Assis)

Quer mais um bom exemplo, aliás correlato (puts, que feia ficou essa palavra com a reforma ortográfica!) com o que foi dito até aqui, de como palavras aparentemente semelhantes podem dizer coisas diferentes? Canalha e cafajeste também não significam a mesma coisa...


CANALHA É UMA COISA, CAFAJESTE É OUTRA.
E ambos são dois trastes!

Canalha é o sujeito que chega "chegando". Manda logo um "gata" no contato inicial e evolui pra "gostosa" imediatamente a seguir. Cafajeste chega com elegância, de mansinho. Faz altos elogios e usa palavras mais do que apropriadas, que encantam. Inclusive, diga-se de passagem, essa é a arma mais poderosa do cafajeste: um vocabulário irretocável e impressionante, que atinge com precisão milimétrica todos os pontos fracos da infeliz que fica sob sua mira.

Canalha é atrapalhado e se complica pra administrar com competência o mulheril, sendo frequentemente pego com as calças na mão. Já o cafajeste tem discernimento pra conciliar agendas e programar suas investidas com absoluta maestria, dentro de um cronograma infalível.

Canalha é um mentiroso óbvio, usa as desculpas mais esfarrapadas pra justificar suas safadezas, do tipo "eu estava de fogo!" ou então "não é nada do que você tá pensando!". Na vã tentativa de se esquivar do problema, é patético e tenta rotular a mulher como maluca. Cafajeste, em geral, não mente, omite. Assim, se for flagrado no ato do vacilo (o que é pouco provável, porque sabe camuflar pistas melhor que ninguém), ainda dirá com toda sutileza: "Oras, não disse porque você não perguntou!". E não é que é verdade mesmo? Isso quando não se faz de ofendido e inverte o jogo completamente, ocupando o papel de vítima da incompreensão da inquisidora. Aff!... Esse deixa a mulher maluca pra valer!

Canalha quer pegar todas, sem distinção e avidamente. É adepto do cru e quente, quer tudo pra ontem. Caso não se dê bem numa determinada investida, parte logo pra outra. Cafajeste escolhe a dedo, cozinha em fogo brando e come pelas beiradas. Sem pressa, investe todo o tempo do mundo numa empreitada, porque o que interessa é atingir o objetivo a qualquer custo.

Basicamente, para o canalha o que importa é catar o que estiver na frente, sem muita distinção. Já para o cafajeste, catar é o que menos importa. A graça está na satisfação plena da sua necessidade de conquista, no jogo de manipulação. É por isso que, em geral, cafajestes dão preferência a mulheres aparentemente inacessíveis, como as já comprometidas, por exemplo. Seu maior prazer está em conseguir tirar a mulher do outro, não porque quer ficar com ela, que fique bem claro. O objetivo é simplesmente conquistar para se sentir poderoso e, com isso, melhorar sua baixa auto-estima.

"A maior covardia de um homem é despertar o amor de uma mulher sem ter a intenção de amá-la."
(Bob Marley)


CAIU NA LÁBIA DE ALGUM SAFADO? BEM FEITO!
É hora de aprender a ser ruim

É duro admitir isso, mas boa parte das mentiras que os homens contam são criadas com a ajuda das próprias mulheres. Todo bom cafajeste é um predador que escolhe suas vítimas de acordo com as carências que elas demonstram. Uma frase bem manjada, por exemplo, é "Você não é como as outras, você é especial". É incrível como isso funciona! "Puxa, não sou como as outras... Isso significa que sou a melhor mulher que ele já encontrou!". Hã-hã!...

A grande verdade é que os sinais da safadeza são visíveis e estão todos ali, só não vê quem não quer. Só que mulher apaixonada é sinônimo de mulher cega, então insiste em não perceber. Só depois de levar um belo pé no traseiro é que vai se dar conta de que há muito tempo o caldo já havia entornado. É só prestar atenção em como as coisas eram no princípio e como ficaram algum tempo depois. Por exemplo: na fase da conquista o sujeito vai até Marte se for preciso, só pra ver sua carinha linda... Mas a vaca estará bem pertinho do brejo quando a criatura não arranjar tempo pra mais nada. Viverá ocupadíssimo - pra você, lógico. Tá legal, há exceções. É claro que muita coisa pode mudar, o sujeito pode arranjar um novo trabalho que lhe exija mais, enfim, pode mesmo estar enrolado. Só que, quando quer MESMO, desenrola qualquer parada, pode crer. Não é moleza não!... Como já dizia o outro, feliz é a mulher do saci, pois sabe que se levar um pé na bunda, quem cai é ele.


"Quem quer arranja um jeito. Quem não quer arruma uma desculpa."
(autor desconhecido)


Depois que foi colocada de vez pra escanteio e de chorar longas noites pela ausência do traste, a mulher começa a viver a fase do ódio. Quer vingança a todo custo, como se isso valesse a pena e mudasse alguma coisa. Mas até pra rogar praga é necessário ser mais esperta. 


Geralmente a mulher rejeitada deseja com todas as suas forças que esse homem se apaixone perdidamente por alguém que lhe faça o mesmo que ele fez com ela. Quer que ele sinta na alma o sabor do desprezo. ERRADÍSSIMO! Vai querer saber que seu benzão anda chorando pelos cantos por uma mulher que não seja você? Já que é pra ser ruim, seja ruim de verdade. O negócio é desejar que ele não se apaixone de jeito nenhum, mas que encare uma bela atração fatal. Que se envolva com uma Glenn Close bem doidona e perca completamente o sossego. Daquelas que riscam o carro todo, furam os quatro pneus e o diabo a quatro. Que ele se desespere ao ponto de reconhecer que antes era feliz e não sabia. Que sinta a maior saudade da beleza de mulher que você é e que ele, merecidamente, perdeu por não saber valorizar. 


"Não te irrites, por mais que te fizerem... Estuda, a frio, o coração alheio. Farás, assim, do mal que eles te querem, teu mais amável e sutil recreio."
(Mário Quintana)  


ENFIM, RESPEITE-SE!


Exageros à parte, a grande verdade é uma só: acima de tudo, é preciso aprender a se respeitar. Considere que a partir do momento em que você age sem levar em conta seus próprios valores e sentimentos, torna-se o seu pior inimigo. Não há canalha ou cafajeste que possa lhe ferir mais que você própria, quando se abandona deliberadamente. 


Perceba, finalmente, que nada é garantido nessa vida, que você vai errar, acertar, chorar, sorrir, enfim, viver... E que venha a incerteza pra dar um sabor especial às suas conquistas. Que venha a dor pra que se possa sentir o enorme prazer de ser feliz de novo. Você pode desistir de um caminho que não é bom, mas jamais deve parar de caminhar. Se decepcionou amargamente com alguém? Faça tudo o que estiver ao seu alcance e, quando achar que não dá mais, respire fundo e comece tudo outra vez... Isso sim é ser esperta!


"Não importa onde você parou… Em que momento da vida você cansou… O que importa é que sempre é possível e necessário RECOMEÇAR."
(Carlos Drummond de Andrade) 


Ilustrações de LaPendeja. http://lapendeja.net/ilustraciones/

terça-feira, 24 de março de 2009

Sentir dor pode ser ótimo!

Não, eu não sou masoquista, nem estou fazendo apologia à violência. Mas andei pensando sobre uma citação de Drummond, que considero perfeita: "A dor é inevitável. O sofrimento é opcional". Vou além, acreditando que a dor seja até necessária, em todos os sentidos. Veja o caso dos portadores da Síndrome de Riley-Day, por exemplo. Sofrem de um transtorno hereditário que afeta a função dos nervos em todo o corpo e, portanto, não sentem dor. Com isso, se ferem gravemente ou não conseguem perceber os sintomas de outras doenças, sofrendo horrores, sem contar que é bem comum acabarem morrendo precocemente por isso. Não é gostoso sentir dor, mas ela sempre vem pra alertar sobre algo que não está bem. O dente doeu? Corre pro dentista. Tá com dor de cabeça? Manda bala num analgésico. Enfim, ninguém gosta de ficar sentindo dor sem tomar nenhuma providência. O remédio nem sempre é agradável, mas é necessário.
"Passe a encarar as dores da sua alma do mesmo jeito que trata das dores do seu corpo. Elas também exigem tratamento cuidadoso."
Se a dor é importante para detectar os problemas do corpo, imagine as angústias da alma. O problema é que, ao contrário dos cuidados que se tem com o organismo, em geral as pessoas negligenciam as dores emocionais. Pior que isso, transformam essa dor num sofrimento inesgotável, sem se mexer para resolver de vez uma situação, que só tende a piorar com o passar do tempo. Fico pasma ao ver que há mulheres que conseguem sofrer os dois tipos de dor ao mesmo tempo e não fazem absolutamente nada para mudar o quadro medonho. Muito pelo contrário, escolhem continuar sofrendo. Recentemente soube de dois casos lamentáveis, em que as mulheres envolvidas demonstraram não ter um pingo de amor próprio. Uma delas conseguiu destruir um casamento estável, com boa situação financeira e dois filhos, quando se envolveu com um rapaz 20 anos mais novo (não tenho nada contra isso, que fique claro), que é traficante e lhe desce o sarrafo, sem dó nem piedade. Mesmo tendo que viver em condições extremamente precárias atualmente, sob risco contínuo, já que o sujeito é bandido, tendo um contato muito limitado com os filhos e presenciando, inclusive, o cara transando com outras mulheres na frente dela, essa criatura ainda se diz apaixonada! Mas chora, chora, chora... Num outro caso, a garota namora há anos com um sujeito que não a respeita, também lhe mete a mão e controla sua vida. Desesperada com a última barbaridade que sofreu, recorreu a familiares e amigos, na tentativa de encontrar algum conforto. Foi prontamente auxiliada e todos, sem exceção, deixaram claro que o rapaz não era digno da sua confiança, menos ainda das lágrimas que copiosamente ela derramava por ele. Ela levou isso em conta? Não, imediatamente cedeu às investidas do cafajeste, reatou o namoro e parece estar feliz da vida. Bom, pelo menos até a próxima (e inevitável) porrada, né? Cá entre nós, o sufoco pelo qual essas duas estão passando agora não surgiu do nada. É óbvio que ambas desconsideraram indicações de que as coisas poderiam chegar a esse ponto, acreditando que o "amor" sempre está acima de tudo, até da dignidade delas. Aprendi ao longo da minha vida que nunca devemos negligenciar sinais. Se por um momento que seja o relacionamento nos machuca, traz preocupação e tira nossa paz, então é necessário estar atenta. Porque muitas vezes, a violência não vem na forma física, mas ataca impiedosamente o emocional. Pequenas ofensas, silenciosamente, também corroem uma relação. Palavras infelizes, tipo "Você é gorda", "Você está velha" ou "Não adianta te falar tal assunto, você não vai entender mesmo", ainda que ditas em tom de "brincadeirinha" não devem ser admitidas jamais. Ouviu a piadinha e sentiu pelo menos uma dorzinha por isso? Não deixe passar, resolva rapidinho. Porque não é nada legal permanecer ao lado de quem não nos admira e respeita. Ah, ele implorou seu perdão e jurou pela mãe mortinha que vai mudar? Não se engane, desta vez não será diferente. Pode até demorar um pouquinho, você viverá dias saltitantes no paraíso, mas fatalmente vai sofrer a mesma dor. Porque quem tem que mudar não é o outro, é você! Não há o menor sentido em esperar que as coisas melhorem, alimentando a ilusão de modificar quem não está sob seu controle. Domínio só temos sobre nós mesmos, ainda que seja necessária ajuda profissional para colocar nossa mente em ordem novamente. Passe a encarar as dores da alma do mesmo jeito que trata das dores do seu corpo. Elas também exigem tratamento cuidadoso. O remédio pode ser amargo, o tratamento doloroso, o desconforto poderá aparentar não ter fim. Mas sempre haverá uma certeza: a de que, com dedicação e muita força de vontade, a cura vai chegar. A escolha é só sua. Então, que tal não escolher ser infeliz?

terça-feira, 3 de março de 2009

O que tem que ser, é, pronto e acabou!

Não sei se só eu penso assim, mas, às vezes, me atormento com a sensação de que poderia dar um rumo diferente a diversas coisas que não acontecem do jeitinho que gostaria. Fico imaginando que se tivesse dito isso, feito aquilo, enfim, se tivesse modificado minha postura diante da situação, se tivesse sido outro tipo de pessoa e não eu mesma, talvez tudo fosse diferente. Mas, refletindo bem, é claro que não é por aí. Nunca vale a pena abrir mão do que se é de verdade, porque um dia as máscaras caem. E mesmo que a gente force a barra e diga algo só da boca pra fora, a vida sempre se encarrega de dar o devido rumo pra tudo, seja bom ou ruim.  

Quer ver como as coisas são? Numa determinada manhã, há long long time ago, quando cheguei na clínica onde trabalhava com minha irmã, fui surpreendida por um comentário dela: - Nossa, você precisa ver o estagiário novo... É um japonês boniiiiiiiiiiiiiiiito, alto, forte!... Fiquei atônita e coloquei o comentário em dúvida no ato, afinal, nunca tinha visto um japonês assim tãããão bonito e, menos ainda, alto. "Essa doida ainda não acordou direito", pensei cá com meus botões. De repente ouço uma voz se aproximando, linda, diga-se de passagem. Minha irmã logo avisou: "É ele, presta atenção!". Duvidei de novo, claro. Por acaso japonês tem voz bonita? 

Isso tudo, na verdade, era uma enorme má vontade da minha parte, apenas não queria dar o braço a torcer, afinal sempre afirmei com todas as letras que jamais namoraria um oriental, não fazia meu tipo (cabe destacar que minha opinião sobre isso mudou muito, há um montão de orientais lindos por aí). Cospe pra cima, tonta! De repente vejo o rapaz. Caraca, lindo mesmo! Alto mesmo! E forte meeeeeeeeeesmo! Tum-tum, tum-tum, tum-tum... Coração batendo acelerado, tratei logo de puxar conversa com o novato. 

A partir daí passamos a conversar bastante sobre várias coisas. Percebemos que não tínhamos absolutamente nada em comum: ele curtia esportes, especialmente futebol, que eu odeio; eu adoro artes em geral, coisa que ele sempre abominou; das músicas que ele gostava, eu passava longe e ele fazia o mesmo com as minhas... E mesmo assim, atolados até o cérebro no meio dessa porção de divergências, a gente curtia bastante a companhia um do outro. Um dia tivemos essa conversa:  

- Sabe, Sérgio, eu não quero saber de namorar ninguém não. Acabo de sair de uma separação, tenho um filho bebê ainda, então não dá. Quem entenderia uma situação dessas?  

- É, eu também não quero saber de nada sério. Ainda tô no segundo ano da faculdade, tenho aula o dia inteiro, preciso estudar um monte... Quem entenderia isso?

E assim os dias passavam. Passaram-se semanas, meses, anos, muitos anos... Sem uma palavra sequer sobre compromisso, continuávamos sempre juntos. Até que deu nisso:



Foram 11 anos de um namoro que nunca foi sacramentado e já são 12 de um casamento também sem nenhum pedido formal. 23 anos juntos, sem promessas, nem expectativas. E também sem um minuto sequer de separação e nenhuma briga mais séria. Ele continua doido por futebol e eu, maluca pelas artes. Ele ainda adora comer rabada e eu, morrendo de nojo disso (pô, também vamos combinar que esse tipo de rabo nem é comestível, né?!). Mas sempre juntos. Simplesmente juntos e muito felizes.  

É por isso que tenho convicção de que tudo que é pra ser, acaba sendo, pronto e acabou. Sem dramas, mistérios, confusões e blablablá. Quem gosta de verdade da gente, gosta do jeitinho que a gente é. Pode ser namorado, marido, amigo, qualquer coisa, não importa. Se há uma afeição verdadeira, ela existe por si só e aproxima as pessoas.  

Assim, penso que quando alguém se afasta e não faz nenhuma questão da nossa companhia, é porque não havia um afeto verdadeiro, não foi criado um vínculo capaz de tornar o relacionamento sólido. E nenhuma mudança no nosso modo de ser faria com que as coisas fossem diferentes.  

Quando a gente sabe que é suficientemente atencioso, generoso, carinhoso, sincero, enfim, que estamos dando o nosso melhor e ainda assim temos a infelicidade de ver pessoas que consideramos tanto desaparecendo irremediavelmente e sem motivo justo das nossas vistas, não vale a pena sofrer indefinidamente por isso. É duro entender uma coisa dessas, mas é preciso aceitar. Porque ninguém é obrigado a gostar e permanecer ao lado de quem não quer.  

O negócio é sossegar e continuar fazendo sempre a parte que nos cabe. Relax baby, o que tiver que ser, será. Simples assim.

domingo, 1 de março de 2009

Homem... Bichinho complicado!

Homens, homens... E depois dizem que as mulheres é que são complicadas! Hoje os rapazes da casa resolveram preparar o jantar. Alívio? Até certo ponto. Afinal, meu fogão não vai com a minha cara. Por mim, tudo bem, também não vou com a cara dele. Mas daí a deixar o famigerado nas mãos de dois mestrecucas desajeitados, chega a dar aflição. Pior que a bagunça, só mesmo ter que dar conta de todos os equipamentos que eles consideram rigorosamente indispensáveis. Fritar um simples ovo, por exemplo, exige estratégia bélica. Pode ser numa frigideirinha chinfrim? Claro que não! "Cadê aquela frigideira super-hiper-mega-antiaderente, com cabo em baquelite ultra resistente ao calor e fundo triplo, querida?", questiona o cozinheiro de última hora, com ares de expert. E que fique bem claro: a resposta que ele espera não é outra, senão a frigideira propriamente dita na mãozinha. Aff! Há um tempinho atrás meu marido comprou um treco que considerou o maior achado depois da invenção da roda. É um... Como vou chamar aquilo?... Ah, sei lá, é um negócio que você encaixa na boca do galão de 20 litros de água pra poder carregar o bichão, entendeu? Pois é... O tempo que leva até pegar a engenhoca, encaixar e carregar o galão ao seu destino desidrata até camelo. É incrível como homem adora equipamentos de toda espécie. Precisa de furadeira elétrica, caixa de ferramentas com zilhões de compartimentos e toneladas de parafernálias destinadas a fins meticulosamente específicos. Improvisação? Nem pensar! A pior bobagem que uma mulher pode fazer, por exemplo, é pedir a um homem para pendurar um quadro na parede, desatino que já cometi algumas vezes. Caraca, é difícil entender que quando idealizamos o quadro naquele lugarzinho torna-se urgente urgentíssimo ver como é que vai ficar? Mas não... Lá vem ele com argumentos altamente impeditivos: - Não dá pra pendurar o quadro agora. Precisa usar a furadeira. E tem que colocar buchinha e parafuso do tamanho certo. Depois eu vejo isso. - Caramba, é só um furinho, que custa? Bota um prego! - Prego não dá nessa parede, vai estragar. - Tá, "muito obrigada", meu bem. Obrigada com cerejinha em cima pra você! Deixa pra lá, então. Deixa pra lá??? Não sou mulher de deixar nada pra lá, não senhor! Sou é muito da autosuficiente, meu filho. Decidida e já com o preguinho em mãos, trato de resolver logo a pendenga. Só preciso do martelo... Bem, vamos à caixa de ferramentas do senhor complicadinho. Desgosto total: o martelo está embaixo de milhares de repartições com buchinhas, porquinhas, preguinhos, parafusinhos, chave pra isso, alicate pra aquilo, rebimbocas e o diabo a quatro! Tudo guardadinho numa ordem irritantemente impressionante. Não me intimido com a organização impecável e vou à caça do martelo. Pronto, ferramenta em mãos, vamos à parede. Toc! O prego não entra. Toc, toc! O prego entorta. Toc, toc, toc! O prego cai e, junto com ele, um bom pedaço da parede. E não é que aquele homem de má vontade tinha razão? Mas, tudo bem, finalmente vejo na minha frente o que eu queria: um furo na parede. Basta encaixar um prego qualquer e tá feito. Claro que o quadro vai ficar um tantinho capenga, mas não importa. O importante é que ficou lindo de morrer. Aí vem a parte realmente complexa da questão: guardar o martelo de volta na maldita caixa-toda-arrumadinha. Bota isso, encaixa aquilo e nada dá certo, a caixa não fechará nunca mais! Num esforço idêntico ao de fechar o zíper de uma calça jeans dois números menores que meu tamanho, finalmente fecho a caixa, que fica só um pouco estufadinha. Bobagem, ele nem vai reparar. Ah, tá legal, vai, me rendo. Todo esse rolo significa que desconsiderar a capacidade masculina de complicar tudo nem sempre é um bom negócio. Humildemente, reconheço meu erro. Da próxima vez uso o martelo de carne. -------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Não resisto e preciso complementar esta postagem com a tirinha que encontrei hoje (02/03) na Folha de São Paulo. É a prova irrefutável de que quem não faz, leva! kkkkkk!!!