sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Vale a pena pensar tanto?

Acho que tem umas horas em que pensar demais atrapalha. Porque nos impede de assumir riscos que podem ser determinantes para evoluir, fazendo desaparecer oportunidades que exigem decisões rápidas, para as quais o tempo não voltará jamais. É claro que pensar bem, muitas vezes, nos livra de belas "furadas". Hoje, por exemplo, achei engraçada a atitude de um repórter do telejornal Fala Brasil da Record, que fez uma matéria sobre o Cazaquistão e foi convidado a degustar uma deliciosa (!?!) carne de cavalo. O cara mandou um pedaço goela abaixo e demonstrou que não era ruim. Disse que é uma carne bem parecida com a bovina, portanto até normal. Mas finalizou a matéria dizendo: "A carne é boa, mas não vou repetir não. Sabe por que? É que não consigo parar de pensar no cavalo!". Bom, normal. O cavalo é tão simpaticão! Acho que é dessa mesma forma que pensam os indianos quando ficam sabendo que a gente come carne de boi, né? Mortificados. Aliás, por mim, prefiro sempre imaginar que o bife é um material sintético e que não saiu de um bicho que precisou morrer pra minha barriga ficar cheia. Sou daquelas pessoas que não comem se a cabeça do bicho em questão estiver à mostra, por exemplo. Leitãozinho à Pururuca? Só cobrindo a cabeça do porquinho. Peixe assado? Aquele olho de peixe morto (literalmente) arrasa comigo. Começo a divagar, como se tivesse a maior intimidade com a criaturinha... Puxa, o porquinho não poderia continuar todo serelepe no chiqueirinho dele? E o peixe, nadando livre e leve nas profundezas do mar sem fim? E bucolicamente vou pensando, pensando... Isso me fez lembrar também de um episódio que quase me bota pra fora de um restaurante a pontapé, junto com minha irmã. Comida por quilo, lá estamos nós na filinha pra pegar as coisas. Ela estava na minha frente e eu, só observando o que ela pegava (oras, preciso olhar, né? Vai que ela pega uma coisa que eu não peguei e me dá vontade depois?). De repente ela cata uma carne com aspecto apetitoso, aí logo pensei: "Ah, vou pegar também!". Mas, ao ler a plaquinha (sim, eu ainda enxergava naquela época), desisti. Fomos pra mesa e ela começou a comer com gosto. - E aí, tá gostosa essa carne? - Tá uma delícia! Você não pegou? - EU NÃO! - Ué, por que? Tá tão boa! - Você viu que carne é essa? Leu a plaquinha antes de pegar? - Não, ué... Por que, hein? É carne de quê? - De cordeiro. - Hum!... Que que tem? Tá boa! (vejo que o mesmo pedaço começa a dançar na boca da madame... mastiga, mastiga, mastiga... e nada de engolir) - Ai, socorro! NUNTOGUENTANDOMAIS!!! (e tira o pedaço de carne da boca, já branco de tanta lavada). - Ué, não tava tãããão gostosa? - Ai, não dá!... Na minha cabeça só fica CORDEIRO, CORDEIRO, CORDEIRO! Bom, a partir daí explodimos de rir e não havia meio de parar. O japa, dono do restaurante, já estava olhando torto pra nós. Por pouco não nos escurraça de lá. Por essas e outras é que vejo o poder imensurável que tem um pensamento. O mais curioso é que a gente permite que ele seja poderoso quase sempre quando se trata de algo negativo, né? Pode ver, através do pensamento fixo e pra baixo, sequer provamos comidas com as quais não estamos acostumados, podemos agravar (e até adquirir) uma doença, ficamos deprimidos, estagnamos para o mundo. Pensamentos de preocupação, raiva, medo e repulsa são forças destrutivas para nós mesmos, até mesmo para os outros, que na minha opinião podem receber essa energia ruim, estejam onde estiverem. Isso acaba com a harmonia, a vitalidade e a habilidade de agir de qualquer um. De tanto pensar morreu um burro! Encucar demais faz com que a gente confunda a realidade com o imaginário. A partir daí passamos a considerar um simples olhar, uma palavra, enfim, alguns poucos segundos de qualquer coisa, como justificativa para o nosso fracasso ou por nossa forma intransigente de ser. Cria-se ao redor desse dado inconsistente uma sequência de pensamentos que nos transformam em vítimas de situações que muitas vezes nem são reais. E remediar isso depois nem sempre é possível, porque enquanto perdemos tempo com pensamentos que distorcem a realidade, podemos estar afastando eternamente das nossas vidas pessoas e possibilidades insubstituíveis. Também tem o lado inverso, quando a partir de pensamentos criamos uma vida paralela, muito mais emocionante e dinâmica que a vida real. Porque a imaginação não tem fronteiras e nos permite viver e ser o que a gente quiser. Criamos historinhas deliciosas e vivemos ansiosos pelo próximo capítulo, chegando a nos aborrecer quando alguém nos interrompe nesses devaneios. É chato ser importunado pelo que é concreto. Mas depois pode ser ainda pior ter que dar conta do que abandonamos em função do prazer fictício, caso a gente perca totalmente o senso da realidade. A vida vem me ensinando que não dá pra ser radical nem mesmo com nossos pensamentos, tudo exige equilíbrio. É claro que refletir sobre as coisas é elementar, não se deve negligenciar consequências, nem deixar de planejar as ações, porque a vida, dessa forma, se torna o caos. Mas acho que em algumas circunstâncias o melhor é viver o momento e pronto, sem muita encanação. Ser feliz ou não, sempre é uma simples questão de escolha.

8 comentários:

  1. Acrescento que nunca comi rã desde que vi, na tv, a bichinha inteira, espalhadoooona na frigideira, parecendo gente. Comer rã, só se o meu 'eu-cabeção' não souber.
    Ok, ok, ok. O tema é pensar demais ou vegetarianismo iminente? . 'Cavalo simpaticão' (Mister Ed,o cavalo falante?); 'olhar de peixe...morto' (Procurando Nemo?); 'cobrir a cabeça do porquinho (seria o Babe?)e, por fim e não menos sagrado, 'cordeiro, cordeiro, cordeiro' (de Deus? que tirai os pecados do mundo, faça-me vegetariana!kkkkkkkk)

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  2. Às vezes um pouco de impulsividade não faz mal a ninguém. Eu sou mais ao contrário penso de menos. Só se eu tivesse que comer carne de cavalo ia pensar melhor. hahahahaha!

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  3. Carne de cavalo? Já te digo: não como,não como e não como.
    Sou uma chata de galochas nesse sentido. Não como nada que seja feio (grilos,bucho,besouro,rã,ou caracóis) e nada que seja muito bonitinho (coelho,renas e outros bichos). E olha que eu sou super boa de garfo hein? Adoooro comer!

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  4. É verdade, a variedade cultural no mundo é incrível, daí os pensamentos ficarem meio treinados… o que é pecado em um lugar, no outro não é; o que se come num lugar, não é comestível no outro…temos que aceitar as diferenças ( mas não comeria carne de rato e cachorro nem que morresse de fome!) hehehe

    bjs

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  5. tania adorei sobre da carne eu ri tantoooo!!!!
    bjs

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  6. Pensar demais, pensar de menos... depende da situação. Na hora de uma briga, por exemplo, pensar demais é o atalho entre a sua cara e o punho do outro. hehehehehe

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  7. Rose, com toda certeza a rã na frigideira parece uma mulherzinha pelada. Deus me livre de comer um treco desses! Ainda pior se considerar que a rã nada mais é do que a mulher do sapo, portanto, uma SAPA também. Ah, não dá pra encarar não!!! kkkkkkk!!!

    Laila, que bom rever sua passagem por aqui. Sossegue, eu também não tenho o menor juízo... Tô sempre pensando demais no que não deveria e quase nada no que teria obrigação. Ah, mulheres!...

    Helena, eu poderia citar centenas de pessoas aqui (homens!) que discordariam tacitamente do seu comentário... Não come nada que for muito bonitinho? Ah, eles comem! E com gosto, claro. E o que é muito feio você não come também? Com certeza até isso eles comem. Estômago de aço o da rapaziada! kkkkkkkkkkkkkkk!!!

    Lilian, concordo plenamente. Eu também sofro dessa influência cultural e não me rendo muito fácil às novidades não. Penso como você: só comeria coisa esquisita se estivesse morrendo de fome. Caso contrário, nada feito!

    Maria Aparecida, que bom que consegui te fazer rir. O pior é que foi tudo verdade verdadeira mesmo. Continue sempre por aqui e vai ver que vivo metida em fria... Enrascada é comigo mesmo. Oh, céus! Oh, azar! kkkkkkkkkk!!!

    Paulo... Que violência, meu caro! kkkkk!!! Mas você tem razão sim, numa hora dessas o jeito é pensar bem rapidinho.

    Milhões de agradecimentos todos, viu?

    Beijocas!

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  8. o o seu blog, muito lindo de se ver e ler.

    beijos e feliciadaes mil

    sergio, beija-flor-poeta

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