terça-feira, 19 de agosto de 2008

Cadê aquela beleza de homem que estava aqui?

O gato não comeu. E não comeu porque o homem nunca existiu, era uma lenda, uma ilusão de ótica, uma miragem simplesmente. Criada, ora por sujeitinhos manipuladores, experts no perfeito uso da palavra, ora por cabecinhas sonhadoras, ávidas pelo encontro do homem ideal, que aliás não existe.

Vou fazer um retrocesso hoje e voltar a abordar um assunto sobre o qual já falei há alguns dias atrás. Isso porque tenho visto queixas recorrentes nesse sentido, pessoas absolutamente desnorteadas com o papelão que alguns fulanos aprontam por aí. É por isso que agora quero ir fundo na ferida, sem aliviar a barra de ninguém. Se não resolver nada, pelo menos desabafo.

"Chega de sofrer pelo que já passou. Dedique todo o amor que ofereceu e não foi valorizado pelo outro a você mesma. Esteja certa de que sua felicidade não depende de ninguém mais, a não ser de você própria."

Uma amiga me contou que o noivo teminou com ela, poucos meses antes do casamento já marcado, mas não deixou o território livre. Diz que agora ele quer "ficar". Conta que esperava muito mais que isso, só que o ama muito e aceita a situação só pra não ficar longe dele. Justifica a atitude canalha do moço, dizendo que ele não se cansa de dizer que também a ama muito e não saberia o que fazer sem ela, mas que ainda não é o momento de assumir um compromisso, acha que precisa aproveitar melhor a vida. Ela considera que isso é apenas medo da parte dele, que precisa de um tempo pra tomar coragem. E vai levando as coisas assim, indo pra cama com ele quando dá na telha do sujeitinho e só. Ela diz que ele garante não ter mais ninguém, apesar de jamais dispensar uma boa baladinha e viagens animadíssimas (sem ela, claro).

Caramba, preciso ser bem direta: o cara não quer saber mais dela! Precisa estar muito iludida para acreditar que um cara que desmancha o noivado, pede um tempo pra se decidir e ainda a rebaixa da posição de noiva para tira-gosto, fast-fuck básico, ainda queira alguma coisa séria. Caspita, acorda, criatura! Me perdoe pela sinceridade cortante, mas ele só quer saber da sua "dita-cuja", o resto está dispensando. E que fique bem claro: isso só quando não arranja uma "dita-cuja" melhor que a sua, viu?

Ninguém deve se deixar iludir por belas palavras. Muitas vezes o que um homem diz não combina nadinha com o que ele realmente sente e faz. Sem contar que por mais lindas que sejam no começo do relacionamento, as palavras passam a ter significado totalmente diferente quando o amor está indo pro saco. E aquele complicadinho, que uma hora diz que te ama e na outra não sabe o que sente, não é indeciso coisa nenhuma. É um espertinho, que te deixa na reserva pra suprir alguma eventual necessidade. Se não tiver nada melhor pra fazer, então ele te ama, muito... Agora, se pintar uma novidade, aí ele já não sabe mais o que quer. E assim será eternamente, enquanto você não tomar uma atitude radical.

Depois do fatídico pé na bunda é normal a pessoa abandonada fritar o cérebro na tentativa de descobrir onde foi que errou. Em geral, considera que deveria ter usado outro tipo de estratégia, se policiado mais. Acha que deveria ter medido bem as palavras, tomado o máximo cuidado com as atitudes, enfim, ter pisado em ovos pra não espantar o rapaz. Toma para si a culpa que na verdade é do outro.

Só que assanhada ou santa, louca ou controlada, a gente tem que mostrar pro outro exatamente quem a gente é. E se ele não gostar, dane-se! Afinal, se você é alegre, faladeira e adora curtir a vida, vai arranjar um tirano que não gosta de nada disso pra quê? Para fingir que é comportadinha? E se for tímida e contida, pra que se fazer de super popular, carismática e espalhada? Mesmo insistindo nessa loucura de ficar fazendo tipo, não deve se iludir. Nada o impedirá de te dar o chute na bunda, principalmente se o cara descobrir que você não passou de uma propaganda enganosa. Não há como fingir pra sempre, uma hora você vai ter que se mostrar. Então, aquela garota que era segura e liberal, se mostrará fraca e ciumenta... A menina calma e compreensiva terá um ataque de nervos e toda a imagem que levou um tempão pra construir irá desmoronar. Pode ter a certeza de que quem gosta de você, gosta do jeitinho que é, sem máscaras e nem disfarces. Se algo em você incomodou o outro ao ponto dele sumir, então é simples: ele não gostava de você e ponto final. Se fosse diferente, teria ficado e tentado te fazer entender que algo em você não o agradava.

Outra coisa muito comum em todos os casos de decepção é que no início do relacionamento tem sempre aquele papo do quanto seria legal poder passar mais tempos juntos, né? O cara pode morar longe, mas sempre dá um jeito de aparecer. Pega ônibus lotado, trem, metrô, fica horas parado no trânsito engarrafado, mas sempre dá um jeito pra passar mais tempo com "o amor da sua vida". Depois, quando o relacionamento já está indo pro vinagre, aparece de quinze em quinze dias e já chega avisando que logo precisa ir embora, porque mora longe. É assim também com relacionamentos virtuais. No início enxurradas de e-mails e mensagens carinhosas. Depois tudo vai rareando pela suposta falta de tempo, até que se acaba de vez. Aí é que eu pergunto: cadê aquele homem atencioso e dedicado, que jamais deixaria de dar um bom dia? Que tanto se preocupava com você e se fazia presente em qualquer situação? Que se divertia e sentia tanto prazer na sua companhia?

Me perdoem pela dureza do meu coração, mas há coisas que não consigo engolir. Que os relacionamentos sofram desgastes e até terminem por isso, entendo numa boa. Mas que fique bem claro: só entendo quando isso é falado com todas as letras. Ninguém é obrigado a adivinhar coisa alguma, nem ficar interpretando gestos camuflados. Quem realmente se importa com o outro fala abertamente, nem que seja apenas "adeus". Ser indiferente e deixar a outra pessoa na dúvida eterna sobre o que de fato aconteceu, não passa de egoísmo e imaturidade. E, cá entre nós, um sujeito assim não merece nem que se perca tempo com uma vingança, que aliás também não serve pra mais nada, a não ser prolongar o martírio. Na prática, com ou sem vingança, com ou sem baldes de lágrimas, tudo fica exatamente do mesmo tamanho. Ou melhor: não fica não... Fica muito maior do que realmente é.

É claro que há alguns casos em que imprevistos e dúvidas realmente podem interferir na relação e nem tudo está irremediavelmente perdido. Com um bom diálogo, sempre se chega a um acordo. Isso, é óbvio, se o fulano não se escafedeu de vez e ainda estiver disponível pra conversar, pelo menos. O importante é não se deixar iludir com facilidade e estar sempre atenta ao mínimo sinal de que algo não vai bem. Porque quem mente pra si mesma, querendo crer que tudo está bem quando há sinais evidentes de problemas, na verdade torna-se vítima das próprias mentiras que criou. E sofre feito um cão sarnento por causa disso.

O jeito, em qualquer situação, é sacudir a poeira e botar a fila pra andar. Chega de sofrer pelo que já passou. Dedique todo o amor que ofereceu e não foi valorizado pelo outro a você mesma. Se aproprie do que é seu por merecimento. Esteja certa de que sua felicidade não depende de ninguém mais, a não ser de você própria. Aliás, atribuir ao outro a responsabilidade por sua insatisfação é injusto, ainda que se considere vítima de uma enganação. Entenda, definitivamente, que esse é um problema só seu, você é quem tem que resolver. Tem uma música do Roupa Nova, que considero muito bonitinha e pra cima, que fala exatamente sobre isso. Vai aqui um trechinho e o vídeo, pra quem estiver com tempo pra ouvir.

"Quando não houver mais amor, Nem mais nada a fazer, Nunca é tarde pra lembrar Que o sol está solto em você... Um pouco de luz nessa vida Um pouco de luz em você!"

6 comentários:

  1. Entendi a mensagem, mas me sinto muito angustiada. Acho que o nosso amor ainda não terminou e que temos uma chance de voltar, mas às vezes desanimo e fico desesperada de pensar em ficar sem ele para sempre. Sinto tanta saudade, choro muito e às vezes chego a sentir uma dor física de tanta tristeza. Ainda não consigo aceitar minha vida sem ele, meu amor não tem fim e sinto que vou morrer se ele não voltar...

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  2. Querida anônima...

    Me perdoe, mas acho que você não entendeu a mensagem coisa nenhuma.

    Ninguém morre de amor, porque amor traz vida, alegria, força e motivação. O que mata é a falta de amor, porque com ela chega a descrença, o desmerecimento e a falta de esperança. E é exatamente isso que você está alimentando por não se esforçar em se colocar acima desse sofrimento. Se você não está sendo capaz nem de gostar de si mesma, como acredita que pode oferecer amor a alguém?

    Me desculpe, mas está na hora de acordar pra vida. Se não consegue fazer isso sozinha, procure uma ajuda profissional, mas não permita que esse sentimento tome conta de você. Quando superar tudo isso vai perceber quanto tempo perdeu com algo que não valia a pena, porque você merece estar ao lado de alguém que corresponda ao que sente e possa acrescentar coisas legais pra sua vida. Se algo está sendo retirado, especialmente a sua paz, então é sinal de que não é possível continuar dessa forma.

    Boa sorte e um grande beijo!

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  3. Tania, vc estava afiada ontem! hahahaha! Adorei o texto e concordo com tudo. Relacionamentos nem sempre são fáceis e exigem muita compreensão e paciência. Mas às vezes a paciência esgota e aí é hora de encontrar novos rumos. É o que tbem aconselho à anônima que deixou seu comentário aqui. Que pare para pensar em quanto está se machucando com a insistência de não se conformar com o fim da sua relação. Bj!

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  4. Existem outros tipos de agressão tão sutis que, ao invés de matar com o tiro certeiro, têm o papel da tortura chinesa. É o que fazem as pessoas que não terminam definitivamente uma relação que já não querem mais.

    Ou seja, minam as forças, o amor próprio e a autoconfiança de quem não queria que chegasse ao fim. E muito mais do que a morte com a parada cardíaca ocorre a morte da crença em si mesmo e amor a si.

    Solução? Qual a solução para não se permitir dormir com o inimigo e deixá-lo velar seu sono?

    Atentar para as mensagens sutis e as diversas formas de agressividade que permeiam as relações neuróticas: o controle excessivo sobre o outro; a necessidade de se sentir poderoso ou poderosa com o propósito de dominar o outro; a indiferença repentina e a falta de consideração pelos sentimentos do outro.

    Dessa forma é comum que progressivamente haja um afastamento de tudo o que é significativo e importante por parte de quem sofre, gerando uma total dependência que é muito mais torpe que uma escolha. Essa dinâmica é muito comum e quase corriqueira.

    Mas há saída para tudo, desde que se queira superar o problema de uma vez. E infelizmente, como foi tão bem colocado nessa postagem, isso só depende da vontade de quem está sofrendo.

    Um grande abraço!

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  5. Mais uma vez, a tia Tânia com as palavras certas! Nem preciso dizer que concordo com tudo, né? Realmente, acontece do jeitinho descrito por você, e foi desse jeito que me senti ao terminar meu último namoro, acho até que me senti uma 'vítima' mesmo, mas nunca me culpei por isso, sei que fiz o que era certo, foi muito dolorido, às vezes as lembranças ainda machucam um pouco, mas nada que impeça de me sentir bem novamente, pois eu sei que continuar só me faria sofrer mais, foi melhor assim! Só nos resta torcer por quem presencie isto, que consiga acordar o quanto antes...

    Beijão ;*

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  6. Tudo se resume a "comodismo covarde"! Ou seja, o sujeito se encheu e não tem coragem de botar um ponto final na história. Acha mais prático deletar a pessoa da sua vida e pronto...Sem papo furado, sem "DR" ou coisas do gênero. Tão fácil assim,né? Bem, isso é uma questão muito pessoal, porque eu prefiro não detonar as pontes que atravesso, porque nunca se sabe o que você vai encontrar lá na frente, não é? Uma situação mal resolvida, mais cedo ou mais tarde, vai voltar a incomodar (fora os possíveis remorsos, arrependimentos,etc). Nada de esqueletos no armário!kkkk Melhor a sinceridade objetiva do que a eterna incógnita. Essa é minha humilde opinião, é claro!

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