quinta-feira, 14 de julho de 2011

Coisas de japas e brazucas

Não entendo quase nada de futebol (seria porque odeio?... Ou talvez odeie porque não entendo?...), mas acredito piamente que os japoneses ainda dominarão esse esporte. Japas são disciplinadíssimos, quando resolvem fazer uma coisa, vão à exaustão para que saia tudo perfeito. A seleção feminina de futebol do Japão não me surpreendeu nada ao eliminar a Suécia ontem e se classificar pra final da Copa (disputarão o título com os EUA). E pensar que as brasileiras, com nossa Marta espetacular, ficaram fora dessa!

Quem convive com orientais sabe do que estou falando. Eles fazem tudo tão certinho que dá até raiva, ver um japa errar em alguma coisa é raríssimo. Todas as vezes em que me ofereço pra ajudar em algo, passo vergonha. Na hora de fatiar um bolo de aniversário, por exemplo, daqueles bem melecados, cheios de camadas e coberturas, não hesito em tascar a espátula, pra tudo desmoronar num segundo: é bolo de um lado, recheio do outro, cobertura esparramada... Logo sou acudida por uma boa e habilidosa alminha nipônica, que vai lá e tchuk, tchuk, tchuk... Corta tudo rapidinho, em fatias milimetricamente iguais, sólidas, perfeitinhas. Arre!

O pote de manteiga da minha casa denuncia essa diferença entre as aptidões ocidentais e orientais de forma gritante. É fácil perceber que quem passou a manteiga no pão primeiro foi o japa, porque o pote fica impecável, manteiga lisinha, lisinha, como se tivesse acabado de sair da embalagem. Mas quando chega a minha vez... Hum... A manteiga fica lunar, tamanha a quantidade de crateras. Sou duramente criticada por isso, sabe? O soldadinho de chumbo não perdoa.

E assim é que as coisas sempre acontecem. Do lado oriental, tudo certinho, bonitinho, perfeitinho, retinho, medidinho, exatinho... Do lado tupiniquim, avacalhação geral. Mas também, fafavô, hein?! Gastar momentos tão preciosos da vida, especialmente com coisas comestíveis, que no fim produzem o mesmo resultado (sim, porque até onde eu sei, cocô é tudo igual... Bom, na verdade nunca conferi pra saber se cocô de japonês sai bonitão também, era só o que faltava!) não vale a pena.

Reconheço que há inúmeras vantagens em ser disciplinado e saber manter as coisas sob controle (aprendo muito com minha turma de japinhas), só que, cá entre nós, há momentos em que o bom e velho borogodó brazuca é que dá jeito, não é não? Taí, tudo junto e misturado é muito melhor.

Ilustração: Maurício de Souza



5 comentários:

  1. Não entender de futebol é uma caracteristica feminina, da mesma forma que dirigir, Parece que vem implícito, salvo algumas que mudaram a orientação sexual ou outras que estão na seleção.
    Além do mais, tomar ódio por algo que não se sabe fazer é uma prática normal. =)

    Falando nisso, é... o futebol feminino pareceu não ter garra, e time nenhum [seleção] sairá vitorioso com o sangue de uma ou duas!

    Isso me lembra não só o feminino, mas como o futebol masculino perdeu o brilho e deixou de trazer alegria, dessa forma, já não fede nem cheira...

    AH, e por falar em cagada [1]: o pote de manteiga, tudo bem, "raspar" para retirar a manteiga mesmo que fique com "crateras" é uma coisa, contudo, lembrou meu primo, que enfia a faca como se estivesse matando a manteiga e depois passa no pão -> aí além de toda furada fica um visual horrendo.

    AH, e por falar em cagada [2]:
    A verdade sobre essa ultima parte do cocô, representa que você tem curiosidade e apenas aguarda uns e outros darem apoio a essa sua façanha... pode ir lá olhar o cocozão do seu Japa, aposto que ele não vai ligar.

    Abraço sem lavar as mãos, pós banheiro.

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  2. E o gostoso é isso, bagunçar, levar umas broncas e depois ver tudo arrumadinho para ser bagunçado novamente. E os perfeitinhos gostam dos destrambelhados, pois dão motivo para viverem arrumando alguma coisa.

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  3. Eu trabalho com 2 japoneses, e sempre digo que eles são japoneses-paraguaios, bem tabajaras mesmo rsrs
    Suuuper desorganizados, mas são metódicos, não sei como é possível...
    bjos

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  4. Se existe algo oposto à disciplina e perfeccionismo japonês, essa coisa sou eu hahaha.

    Eu não consigo ver coisas organizadas, me dá nervoso! Como as pessoas conseguem?!

    Beijo Tânia!

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  5. apikorgO que interessa é ser funcional. Ado a-ado cada um no seu quadrado...Tem função prá certinhos e prá tortinhos...Eu usaria e abusaria do preciosismo de um japa prá fazer as coisas que eu não quero. Em contra partida ofereço meu jogo de cintura e espontaneidade...Mas justo você, Menéga, complicada e perfeitinha, tinha que casar com um mais perfeitinho..toma..hahaha

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