domingo, 19 de junho de 2011

Infidelidade virtual


Às vezes me pego pensando em como seria se o japa, de repente, passasse a curtir umas circuladas pelos sites de relacionamento. Confesso que fico aliviada ao ver sua total falta de habilidade até para enviar um simples e-mail, muito embora o rapaz não vá para um plantão sem que esteja com o respectivo notebook embaixo do subaco (diz que é pra assistir futebol on-line). Ops... Um ligeiro cheirinho de chifre torrado passou por aqui...

Mas e aí, será que puladinha de cerca virtual indica infidelidade? Pensemos com calma sobre o assunto.

Suponhamos (supositoriamente, mesmo, ok?) que eu esteja desinteressadamente usando o computador do japa e, sem querer, escorrego para "Meus -dele!- documentos". Não que eu seja curiosa (longe disso), mas resolvo dar uma passadinha de olho pelas imediações e encontro uma pasta de contatos com alguns telefones. Do irmão (certo). Da mãe (beleza). Da Bebel (a vizinha pivetona, deixa pra lá, vai...). Da Marina (uma gostosa que já esteve a fim dele... tá complicando...). E de uma tal Bia (que jamais ouvi falar na vida!...), junto com o endereço de uma sala de bate-papo. Japadunsifernu!!! (>_<)

Cientistas de Sverdlovsk comprovaram que diante desse dilema, apenas duas possíveis explicações passam pela cabeça de uma tonta xereta: uma absurdamente ingênua e outra terrivelmente perturbadora. 

A ingênua: ele é educadérrimo e não teve coragem de ignorar a mulherzinha, que praticamente implorou por sua atenção. Claro que jamais pensou em encontrá-la de verdade. Ô!... Olha a mulher que ele tem em casa!...

A perturbadora: ele fica galinhando na Internet, conheceu a piranha, pegou o telefone dela, encontrou com a bruaca de verdade e chegou em casa acabadaço, dizendo que estava no plantão. E eu acreditei porque, além de ser burra, ainda acho que ele fica se matando de trabalhar.

O que fazer para resolver o babado?

Hipóteses à parte, se desconfiar do parceiro e perguntar a ele o que se passa, é claro que vai ouvir a explicação absurdamente ingênua. E corre o sério risco de ser avacalhada, já que conseguiu a informação sobre a galinácea de forma praticamente ilícita por estar xeretando nos documentos dele (por documentos, nesse caso, entenda-se computador mesmo, ok?). Se não perguntar, será irremediavelmente assombrada pela possibilidade terrivelmente perturbadora. 

A grande verdade, porém, é que de concreto mesmo, só há o telefone da mulher anotado por ele. E tecnicamente pegar um telefone não configura infidelidade (infidelidade é pegar outras coisas). É compreensível que pensar sobre a intenção que ele teve ao fazer isso é o que incomoda, porque produz uma possibilidade de traição, que pode ou não se concretizar. Mas, de qualquer maneira, a princípio nada aconteceu de fato.

Tá certo que navegando por aí a gente vai ficando expert em detectar galinhagem, especialmente masculina e, mais especialmente ainda, de homem comprometido. Isso é até divertido de observar quando a dona encrenca dá o ar da graça, pega o traste cascarça na mão e obriga o delinquente a se desfazer de todas amiguinhas que conseguiu no universo virtual, coisa que ele faz rapidinho, sem titubear (porque sabe que é só encher a patroa de chamego, dar um tempinho básico, que logo poderá voltar à safadeza). 

Existe também o outro lado da moeda, que precisa ser levado em conta. Às vezes essa mesma mulher desconfiadíssima também tem amiguinho virtual dando mole pra ela, que não alimenta, mas ao mesmo tempo não corta o barato de vez. E como nada aconteceu realmente entre eles, é possível afirmar que trata-se apenas de uma inofensiva galinhagem virtual também, né não? Ela sabe disso muito bem, mas como será que seu parceiro interpretaria a situação?

Por isso, acho que o negócio é não esquentar a cabeça (já falei, chifre torrado fede). Se o relacionamento é construído com um grau de confiança bacana, onde há segurança e as regras do jogo estejam bem claras, se preocupar com hipóteses é uma tremenda bobagem.


Ilustração de Ceó Pontual



8 comentários:

  1. Olá Tânia
    Por isso não procuro nada, porque vamos que eu ache, o que fazer? Cara de paisagem e fingir que não vi nada, ou armar um barraco. Melhor deixar como está,. pára como como fica.
    Bjux

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  2. Homens são meninos até atingirem a idade de mais ou menos...120 anos.E as mulheres são pocinhos de vaidade até...até...o mundo acabar. Vc matou a pau no último parágrafo. Nada mais a declarar. Grata

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  3. Eu não procuro nada e faço questão disto. Se procuramos sempre vamos achar ... #FATO. Mas tb não sou ingênuo e nem faço de conta q não exite nada. Fico na minha e nem quero saber. Agora, se a coisas tomam vulto eu vou saber isto é fato e aí minha filha, sai de baixo. Confiança, respeito, transparência é tudo em uma relação. O dia em q isto cair por terra o pau quebra mesmo e de forma definitiva. Pequenas escaramuças e peguetes levianos não me incomodam, mas ter outro envolvimento never. É mais ou menos por aí... No fundo vc está certíssima em sua perspectiva.

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  4. Mmmm...
    Quando eu começo o comentário com "Mmmm..." [Incitação de pensamento seguido de pontinhos que gosto], é porque me esforçarei para sair algo inteligente escrito. [O que provavelmente não ocorrerá].


    Faço uma enorme diferença entre "Achar - Desejar/Interesse - Fazer".
    Acredito que no universo feminino tudo seja igual e motivo para DR.

    1 - Acho aquela mulher, bonita, gorda, gostossa, simpática... [É só uma opinião] Não significa absolutamente nada.

    2 - Desejo aquela mulher lá, que pode ser velha, baixa, careca... ou gostosona. [Pode oferecer um risco, mas desejar faz parte do ser humano, tudo promove desejo por aí, não só por mulher [não é um comentário gay], mas pelo consumo. Desejar está em alta. Ter interesse, é normalíssimo, significa que pessoas caminham pelo mundo e tem objetivos, gosto ou seja lá o que for da mesma forma que você, ou eu. [Ter o mesmo objetivo e gosto que eu é raro], o que envolve um interesse ainda maior por conhecer a pessoa.

    Até aí, nada de especial, por mais maldoso, malévolo, inescrupuloso[não sei escrever isso], sem caráter que pareça.

    Homens então, sofrem com um pouco de falta de bom senso quando estão à vontade. Daí sai um comentário ou outro, registrado pelas redes sociais amplamente vigiadas por mulheres neuróticas e inseguras onde elas confundem tudo isso com o FAZER.

    No dia que eu fizer tudo que escrevo na internet... não haverá mais mundo. [Ou talvez eu seja um "picudo feliz".]

    [Grato pela atenção, leitura do comentário, SEM PULAR LINHAS]

    Até depois, Tia !

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  5. Acho que o limite da infidelidade varia com cada pessoa. Ai é tudo questão de conhecer o limite alheio. Tem gente que eu conheço que olhar pra outro já é trair. Pra outro pode pegar onde quiser, mas não vale beijar na boca...

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  6. Assim como penso que traição pode ser real ou virtual, no seco mesmo, e tem a mesma importância, penso que da mesma forma, radicalmente, deve ser a confiança. Desconfiar e não confiar mais pra mim é a mesma coisa. Se eu procuro, é porque não confio. A partir daí, todas as consequências disso.

    Bjs!

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  7. Oi Tânia
    Adorei o texto, e seu bom humor é impagável. Prefiro não comentar o conteúdo...kkk..

    Vi seu comentário no blog do Eraldo, vim conhecer a autora e como gosto, amo e adoro crônicas, vou ficar.

    bjs
    Rossna

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  8. WANDERLEY: acho a mesma coisa, ou melhor, não acho, porque também não procuro. Acredita que em 25 anos jamais olhei sequer a carteira do japa? Penso que o malfeito, se tiver que acontecer, acontece de qualquer jeito, até mesmo sob vigilância. Não perco meu tempo com isso não.

    ROSE: satisfação em recebê-la. Cordialmente agradeço. kkkkkkk!

    PAULO: pois e não é? Concordo total. Se tiver que fazer, faça com perfeição, porque traição considero absolutamente imperdoável. Sem confiança a coisa desanda pra sempre. Sem segunda chance.

    RODRIGO: kkkkk! Quando tem "mmmm" seguido de pontinhos... Lá vem! Puxa, mas até que foi bem coerente no ponto de vista. E sem paulada na minha infeliz pessoa, aleluia! Mas faço uma pequena ressalva aí: acho que a melhor maneira de se evitar problemas é se comportar exatamente como espera que o outro se comporte com você. Faz gracinhas pela Internet? Ok, então não reclame ao ver as gracinhas feitas (ou recebidas) por sua "cara metade". Isso, basicamente, é um pacto entre as partes. Sendo só para o momento, atenciosamente... Ah, peraí... Inescrupuloso é assim mesmo que se escreve, tonto. kkkkk!

    LOBINHO: verdade, acho que é assim mesmo, tudo depende do que fica estabelecido entre as partes. Infidelidade é algo bem relativo e depende do ponto de vista de quem está envolvido, né?

    ERALDO: absolutamente PERFEITO. Arrematou meu post com muita clareza. Não confiar e desconfiar, pra mim também é a mesmíssima coisa. Se ficar procurando, é porque não confia 100%. E se não confia, pra que fica junto?

    ROSSANA: muito legal te ver aqui, me deixa honrada. Seus poemas são lindos! Eraldo ficou todo todo e não foi pra menos. Linda homenagem, parabéns! Nem preciso dizer que também visitei seu blog e já me instalei de mala e cuia, né? Recomendo!

    BEIJOCAS PRA TODOS!

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