sexta-feira, 25 de abril de 2008

Confiança

"A confiança é um ato de fé e esta dispensa raciocínio." (Carlos Drummond de Andrade)

Às vezes me sinto muito mal por confiar demais nas pessoas, acreditar que por trás de atitudes duvidosas sempre há uma boa justificativa. Quando surge a decepção, tento procurar a lógica da situação, entender o porquê de me deixar levar "no bico" com tanta freqüência. Mas a citação de Drummond é perfeita, afinal, confiar é mesmo um ato de fé, de não se contaminar pelas más intenções alheias. Não há como ser racional em relação a isso, porque essa é uma questão de sentimentos.

Sou o tipo de pessoa que costuma falar o que sente e pensa. Nem sempre agir assim é fácil. Há horas em que eu preferiria ficar calada, apenas para ter a certeza de quanto o outro é confiável ou não. Infelizmente por sempre abrir o jogo nas relações que eu prezo, em muitos momentos me decepcionei e deixei de confiar. Há pessoas que são estratégicas e esperam o tempo certo para que o outro se enforque com a própria corda, demonstrando absoluta incoerência entre palavras e ações. Eu não tenho esta paciência, pois valorizo o tempo que disponibilizo para uma pessoa. Prefiro sempre optar pelo caminho de ser confiável com aqueles que me relaciono e que não gostaria de perder por qualquer deslize da minha parte.

Jogo duplo, para mim, é imperdoável. Por isso não consigo entender o fato de alguém, por exemplo, não gostar de uma pessoa e conseguir comparecer ao aniversário da mesma. Aniversário não é obrigação, é celebração, homenagem a alguém querido. Nunca utilizaria como desculpa um fator externo para esconder, apagar, mascarar um desejo pessoal. Os outros não têm nada a ver com meus instintos pessoais. Como o tal de senso de preservação das pessoas já foi por água abaixo, que pelo menos sejam honestas com quem lhes confiou a palavra. Isso eu serei sempre. É a síntese do que eu considero honestidade. Desejos pessoais às vezes esbarram na liberdade alheia. É quando a honestidade fala mais alto. E o pior tipo de desonestidade é o jogo duplo, a falsidade em estado bruto.

Portanto, vergonha não é confiar, é ser falso. É bater nas costas de uma pessoa que você não gosta. Aliás, sempre desconfie de recados que chegam mais entusiasmados do que o normal, do tipo “AMIGOOOOOOOOO” ou “SAUDADEEEEEE”. Saudade se mata, desde que se esteja perto. Sempre se dá um jeito de matar a saudade, seja se encontrando, seja escrevendo, se interessando pelo outro de verdade. Amigos não se tratam o tempo todo por “AMIGOOOOOOOOO”. Amigos se tratam com naturalidade, numa confiança mútua conquistada ao longo do tempo e com provas de risco que pudessem ter comprometido esta amizade, mas foram atravessadas apesar de qualquer fator externo que possa ter surgido.

Eu não agüento mais o muro. É por isso que ando adotando essa prática de falar tudo o que eu penso a respeito de todo mundo. Só me chateia a sensação de decepção. É violenta. Porém, é um incentivo para seguir em frente e me fortalecer de novo. E não adianta, quem pisou na bola, só me provando o contrário vai ter de volta o meu abraço. Um pedido de desculpas não me basta mais. É necessária a ação. Enquanto isso, eu contrario quem diz: “Eu é que não digo mais nada”. É o que eu tinha vontade de fazer, mas se alguém se cala, como que a gente fica? Eu não me calo, eu falo e não tolero.

4 comentários:

  1. A tal da confiança é mesmo um tema polêmico tia. Eu concordo com tudo que tu disse, já deixei de confiar em muita gente pelos mesmos motivos, acho a falsidade um ato de extremo desrespeito à quem confia. O pior de tudo, é quando você confia, e outras pessoas, querem pertubar, confundir o teu ponto de vista, fica atormentando até que você acabe parando um pouco pra pensar se vale apena confiar, mas eu sou forte, não me deixo influenciar, até porque, se eu não fosse, não teria acreditado e confiado em nada desde que me conheço por gente, já que, sempre tem um ser inútil disposto à fazer um inferninho, complicado é pra quem se deixa levar, o importante é seguir os teus princípios, sejam eles parecidos ou não com os dos outros, fazendo a sua parte no que acha que é certo.

    Beijão tia :*

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  2. Excelente tema, que também renderia uma longa abordagem. No caso da quebra de confiança, a primeira questão a se admitir é que, embora haja muitos tipos e circunstâncias que envolvem a situação, esta parece impor grande sofrimento aos envolvidos, em especial, à pessoa traída. Muitos são os pensamentos raivosos que ocorrem nessa hora, porém precisamos pensar um pouco a respeito de como queremos e achamos que devemos lidar com isso.

    Antes de tomar qualquer decisão, a pessoa que está vivendo essa tão sofrida situação deve refletir e tentar superar o que o padrão necessariamente espera dela. É importante avaliar bem e tentar, com calma, ter coragem e discernimento para decidir o que fazer. Em alguns casos, ponderar e superar. Em outros, ter a coragem de abandonar aquilo que traz sempre dor, mesmo que implique em sofrimento grande e enfrentamento de seu maior medo.

    Um grande abraço!

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  3. É muito triste quando confiamos cegamente em alguém que depois nos trai. É difícil voltar a confiar de novo nas pessoas, acho que passamos a ficar mais inflexíveis quando isso acontece. Bj!

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  4. Confiar desconfiando! Esse é o meu lema!Assim não sofro grandes decepções. Talvez deixe de viver grandes emoções também,mas minha natureza é assim. Sempre na defensiva!kkkk

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